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Poluentes da indústria farmacêutica podem provocar alteração das funções reprodutivas em animais e humanos

O impacto ambiental de medicamentos é um problema gerado pelo consumo e pós-consumo deste tipo de produto. Os impactos socioambientais gerados pelos fármacos ocorrem durante seu uso e descarte. As principais formas de poluição causada por medicamentos no meio ambiente são originárias das excretas humanas e de animais da atividade agropecuária. Entretanto, o descarte incorreto de medicamentos também tem sua contribuição.

Por que os fármacos representam um grande problema ambiental?

Cerca de 20% de todos os medicamentos utilizados no mundo são descartados de forma irregular. Entretanto, de acordo com o estudo A Review on Antibiotic Resistance, a atividade agropecuária é a principal responsável pela contaminação do solo e dos recursos por medicamentos. 

Na atividade agropecuária, são utilizados antibióticos para tratar doenças clínicas em animais, prevenir e controlar eventos de doenças comuns e aumentar o crescimento animal. Esse uso dos medicamentos gera impactos no meio ambiente, pois cerca de 70% a 90% de antibióticos são eliminados por meio da urina e das fezes dos animais. Como consequência, o solo e a água são contaminados e acabam gerando superbactérias.

Um estudo realizado na Tanzânia observou a existência de micróbios por toda parte no país. Nos animais domésticos, 50% das bactérias eram superbactérias. Ainda que eles não tenham tido contato com antibióticos, estão expostos às superbactérias no ambiente. Mas, além da contaminação ambiental, os antibióticos usados na agropecuária acabam contaminando o organismo humano por meio da ingestão de produtos de origem animal, como a carne.

Diante desse contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019, divulgou um relatório exigindo ações para evitar uma crise de resistência a medicamentos. Segundo o grupo responsável pela divulgação do relatório, se nenhuma ação for tomada, doenças resistentes a medicamentos podem causar 10 milhões de mortes a cada ano até 2050, sendo a principal causa de mortes no mundo. Dados do relatório Fronteiras 2017 também alertaram sobre as superbactérias, estimando que o uso de antibióticos irá aumentar 23% neste século, sendo que só a medicação usada em rebanhos deve crescer 67% até 2030. Somado a isso, há o problema das excretas humanas – que contaminam os corpos hídricos prejudicando a reprodução de espécies – e do descarte incorreto de medicamentos.

Quais os impactos ambientais e sociais de descartar medicamentos em lixo comum, pia ou privada?

O descarte incorreto de medicamentos pode trazer riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Os consumidores têm um papel-chave nesse processo. O descarte de medicamentos deve ser feito em pontos de coleta específicos, para serem posteriormente encaminhados à destinação final ambientalmente correta.

O descarte inadequado pode contribuir para a contaminação do solo por medicamentos, da água, dos animais e gerar efeitos nocivos para a saúde pública. Assim, ao descartar remédios no meio ambiente, de forma direta ou indireta, os consumidores contribuem com uma quantidade pequena, mas que quando acumulada, pode causar consequências negativas para todos.  Os medicamentos descartados incorretamente podem contaminar o lençol freático. Dessa forma, uma vez  diluídos em água, eles podem interferir no metabolismo e no comportamento de organismos aquáticos. Há fármacos, por exemplo, que são persistentes e se acumulam no meio ambiente, no organismo humano e nos animais.

Os antibióticos, em particular, são preocupantes, pois quando chegam ao meio ambiente, tornam as bactérias resistentes. Apesar da sua importância, os fármacos têm substâncias químicas prejudiciais para o meio ambiente e para os próprios animais. Além disso, eles são poluentes persistentes, portanto não são completamente eliminados da água durante o tratamento de esgoto e efluentes.

Contaminação por medicamentos

Os medicamentos, quando liberados no meio ambiente por meio da urina, por exemplo, contaminam o solo e a água, entram na cadeia alimentar e afetam os ecossistemas e a saúde humana. A presença de medicamentos no ambiente aquático pode alterar as funções dos animais, prejudicando a reprodução e o tempo de vida da espécie.

De acordo com um estudo, os fármacos são encontrados tanto em ambientes aquáticos naturais, como rios e lagos, quanto em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Essa contaminação acontece por conta do descarte incorreto de medicamentos no ambiente e por substâncias dos medicamentos que são liberadas pelo organismo após o tratamento, por meio da urina e das fezes. Dessa forma, essas substâncias são liberadas na água do esgoto, contaminando-o.

Os medicamentos são de difícil degradação, por isso, quando contaminam o ambiente tendem a permanecer nele por longos períodos. Assim, o ambiente se mantém contaminado, sendo necessário um tratamento específico na água para a retirada dessas substâncias. Entretanto, o tratamento requer uma tecnologia de alto custo e de difícil acesso. Entenda mais no vídeo:

Os fármacos são considerados poluentes emergentes. Poluente emergente é qualquer substância química presente no dia a dia das pessoas, encontrada em ambientes naturais. Esses poluentes não são eliminados pelo sistema de tratamento de água. Confira alguns tipos de medicamentos e seus impactos ao meio ambiente:

Antibióticos

No caso de antibióticos, além da contaminação hídrica, pode ocorrer a resistência de micro-organismos, dando origem a organismos resistentes ao medicamento, como as superbactérias. O antibiótico é amplamente usado para o tratamento de doenças humanas e de animais na agropecuária e em animais domésticos. 

Na medicina veterinária, os antibióticos são utilizados principalmente na criação de gado. Dessa forma, o antibiótico é também um poluente da atividade agropecuária. Os antibióticos são utilizados na criação de aves, porcos e na aquicultura. Esta última atividade contribui para o contato direto do fármaco com a água.

O efeito dos antibióticos no ambiente terrestre é pouco estudado. Entretanto, uma pesquisa indicou que os antibióticos podem estar relacionados com alteração no desenvolvimento de espécies vegetais, além de serem bioacumulados no organismo de animais. No solo, esses medicamentos provocam uma mudança na atividade microbiana, bem como a resistência de bactérias.

Uma forma de reduzir a contaminação de antibióticos no meio ambiente é a redução do consumo de carne. Uma dieta baseada em alimentos veganos é livre de antibióticos, sendo uma opção mais saudável para o corpo humano e para o meio ambiente.

Anticoncepcionais

Os anticoncepcionais são medicamentos que contêm estrogênio, um hormônio sexual feminino. Dessa forma, o medicamento tem a capacidade de alterar a função reprodutiva de animais, como peixes e crustáceos. O estrogênio promove a feminilização desses animais, fazendo com que a espécie tenha um número maior de fêmeas do que de machos, afetando a reprodução da espécie.

Entretanto, os humanos também são prejudicados pela contaminação de medicamentos. Apesar do tratamento de água, os hormônios desses fármacos se mantêm na água tratada. Assim, os estrogênios são consumidos pelas pessoas, quando bebem água ou cozinham alimentos. 

Os efeitos disso na saúde podem ser o desenvolvimento de ovário policístico e de doenças carcinogênicas, como câncer de mama. Em homens, o consumo desses hormônios pode provocar câncer de próstata e testicular, além da diminuição da fertilidade.

É importante não descartar nenhum tipo de medicamento na privada nem no lixo comum. Ainda assim, esses produtos vão parar no esgoto por meio da urina. 

Medicamentos quimioterápicos

Fármacos utilizados no tratamento quimioterápico, como imunossupressores e antineoplásticos, são mutagênicos, o que pode levar à formação de tumores secundários nas pessoas. Além disso, os medicamentos podem afetar células humanas do paciente que ingeriu o medicamento e de futuras gerações. Outros efeitos são irritações na pele, maior chance de aborto, náusea, cefaléia e tontura.

De acordo com um estudo, os medicamentos antineoplásicos são encontrados em efluentes hospitalares, corpos hídricos, esgoto e em águas tratadas. Esses quimioterápicos são de difícil degradação, permanecendo por anos no ambiente.

Anti-inflamatórios

Os anti-inflamatórios são os medicamentos mais prescritos e consumidos pelas pessoas, e, portanto, são encontrados em grandes concentrações nas águas residuais. Anti-inflamatórios, como o ibuprofeno e o diclofenaco, podem provocar problemas renais e hematológicos em espécies aquáticas.

Embalagens de medicamentos

As cartelas e frascos que entram em contato com os medicamentos são potenciais poluidoras do meio ambiente. Isso porque essas embalagens são contaminadas com o medicamento e, quando descartadas no lugar errado, vão para o meio ambiente e contaminam corpos hídricos.

As embalagens que entram em contato com o medicamento e, portanto, estão contaminadas, são denominadas de embalagens primárias. Elas devem receber um cuidado redobrado para evitar a contaminação.

Outro problema do descarte incorreto dessas embalagens é a poluição que elas mesmas provocam, ainda que não estivessem em contato com os fármacos. As embalagens são feitas de plástico, alumínio e vidro, por isso seu descarte incorreto contribui para a poluição ambiental.

As embalagens que não estão em contato direto com o fármaco, também chamadas de embalagens secundárias, não apresentam risco de contaminação por fármacos,  e por isso podem ser destinadas para a reciclagem comum da coleta seletiva.  

Por que sou obrigado a evitar o descarte incorreto de medicamentos?

 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece como obrigatoriedade o correto descarte de medicamentos. O decreto federal n.º 10.388, que institui o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares de uso humano – vencidos ou em desuso –, bem como da embalagem de remédio  após o descarte, entrou em vigor em dezembro de 2020. 

O decreto foi publicado pelo Diário Oficial da União em 5 de junho do mesmo ano, depois de anos de debates entre especialistas da área ambiental, autoridades públicas e indústria farmacêutica. Ele regulamenta o inciso I do artigo 33 da Política Nacional de Recursos Sólidos (PNRS), Lei n.º 12.301, criada em 2010, que normatiza o gerenciamento de recursos sólidos no Brasil por setores públicos e privados, com o objetivo de organizar melhor a maneira como o país lida com o crescente problema do lixo.

Como evitar o impacto ambiental de medicamentos

Mantenha-se saudável

O descarte inadequado, embora cause impactos em menor escala em comparação a outras atividade que utilizam fármacos, como a atividade agropecuária, também pode contaminar o meio ambiente e não deve ser ignorado. 

Ainda assim, não basta fazer o descarte correto de medicamentos, é preciso reduzir o uso de medicamentos, pois, bem como acontece com os animais, os antibióticos também são liberados na urina e fezes dos humanos. Por isso, uma saída consciente é cuidar da saúde, prevenindo a necessidade do uso desses produtos, consequentemente reduzindo os efeitos adversos dos medicamentos, e reduzir o consumo de produtos de origem animal, como carne e leite, que demandam o uso de antibióticos em sua produção.

Nesse sentido, já existem estudos preliminares. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP que analisou a composição genética da flora intestinal de pessoas com diferentes tipos de alimentação concluiu que há uma maior quantidade de bactérias com genes de resistência a antibióticos nos consumidores de carnes procedentes da agropecuária industrial e intensiva

Vacine-se

As vacinas são uma das estratégias mais eficientes, seguras e econômicas para prevenir as doenças infecciosas. Elas impactam diretamente a resistência aos antibióticos, evitando a infecção. Se você previne uma infecção, não precisa tratá-la – o que ajuda a reduzir o uso geral de antibióticos.

Faça uso racional de medicamentos

Sempre procure orientação profissional para receber o medicamento apropriado, na dose correta por adequado período de tempo. Use remédios de forma racional, sem exageros, sem automedicação e não interrompa o tratamento por conta própria. Também exija do seu médico uma prescrição completa e coerente, sem desperdícios.

Evite desperdícios

Ao comprar medicamentos sem critérios ou em grandes quantidades para deixar armazenado em casa, é mais provável que parte passe da validade sem uso e tenha que ser descartada. Para além da ação individual, é preciso haver uma colaboração da regulamentação para permitir que o consumidor compre apenas o necessário para seu tratamento, evitando desperdícios.

Dissemine informações

Muitas pessoas descartam medicamentos no lixo ou nas redes de esgoto por falta de informação, não por falta de opção. Conte para amigos e familiares que existem pontos de coleta como farmácias e drogarias espalhadas pela cidade que fazem o descarte ambientalmente correto dos medicamentos vencidos.

Descarte corretamente

Se seu medicamento venceu e você só percebeu agora, não jogue no vaso sanitário, pia ou lixo comum. Evite o descarte de remédios no meio ambiente. Agora que você sabe dos riscos que isso pode causar, leve-os até um ponto de coleta para o descarte ambientalmente correto. Ache o ponto de entrega mais perto de você na nossa seção de postos de reciclagem e veja como é fácil fazer o descarte de medicamentos vencidos em drogarias e farmácias.


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