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Plasticultura é um termo que faz referência ao amplo uso dos materiais plásticos na agricultura intensiva mundial

Plasticultura é um termo que faz referência ao amplo uso dos materiais plásticos na agricultura intensiva mundial, não incluindo aplicações que não sejam atividades agrícolas concretas, como o uso do plástico em embalagens de alimentos.

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História

Na década de 1980, a plasticultura envolvia o consumo de plástico de mais de 2 milhões de toneladas por ano no mundo, mas o uso desse material na agricultura já começou a ser testado em 1960, pelo professor Dr. Emery Emmert.

O interesse por essa tecnologia levou à formação da National Agricultural Plastics Association (Napa), que mais tarde foi alterada para a American Society for Plasticulture (ASP) – que encerrou suas atividades em 2010 – para incluir todas as facetas do uso do plástico na agricultura.

A primeira reunião do Napa foi realizada em 1960 em Lexington, Kentucky, EUA, para discutir as necessidades e desafios do uso de plásticos na agricultura.

Vários educadores universitários notáveis ​​foram líderes na promoção da plasticultura para a produção de hortaliças no final dos anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos.

Norman J. Smith, Educador da Rutgers University, viajou extensivamente para estudar, aplicar e promover o uso de cobertura morta de plástico e irrigação por gotejamento nos Estados Unidos e em muitos outros países do mundo.

Vantagens para o agronegócio

Os produtores que usam o sistema de plasticultura chegam a dobrar e triplicar os rendimentos e colher suas safras duas a três semanas antes do que é possível com as práticas tradicionais de cultivo.

Esse mercado consome aproximadamente 2-4% de todos os plásticos fabricados, que podem ser divididos em 6 tipos principais de uso:

  • Filmes e recipientes 
  • Canos de água e esgoto
  • Máquinas
  • Cisternas e tanques
  • Cordas
  • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Como funciona e resultados

A plasticultura combina canteiros elevados, cobertura morta de plástico, irrigação por gotejamento e fumigação, que é a utilização compostos químicos em estado gasoso para exterminar insetos, ervas e fungos.

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Canteiros elevados

Canteiros elevados ajudam a manter a umidade do solo mais uniforme, além fornecer condições de cultivo mais quentes na primavera. A plasticultura também protege frutas e folhas de doenças, evitando o contato direto com o solo e o desenvolvimento de ervas não desejadas.

Irrigação por gotejamento

A irrigação por gotejamento fornece um abastecimento uniforme de água, o que mantém o solo úmido sob o plástico. O sistema também evita perdas de fertilizantes pela lixiviação. Isso significa que a cobertura de plástico evita que a chuva se infiltre no solo e mova os fertilizantes para além do alcance das raízes das plantas.

Fumigação

A fumigação com herbicidas e inseticidas controla ervas não desejadas, insetos e doenças. Entretanto, a necessidade desse controle é intrínseca à plasticultura, pois as altas temperaturas induzidas pela cobertura de plástico estimulam a atividade das pragas.

Desvantagens

Todos os benefícios atribuídos à plasticultura têm um custo socioambiental não contabilizado.

O plástico eventualmente quebra, e pequenos pedaços podem permanecer no solo e na água por vários anos, tornando-se microplásticos que contaminam o meio ambiente e invadem a cadeia alimentar.

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Além disso, a plasticultura pressupõe a existência de monocultura, um sistema de agricultura que, por si só, é o principal motivador de esterilização dos solos e da geração de pragas e doenças nos cultivos, sendo também uma das principais atividades geradoras de gases do efeito estufa.

Em outras palavras, a plasticultura, além de ser mais cara que cultivos tradicionais, pode ser entendida como uma tecnologia que gera soluções para problemas que ela própria cria.

Ao aumentar o calor no solo e inviabilizar a variedade de plantas, a monocultura envolta em plástico estimula o aparecimento de doenças e pragas. Afinal de contas, animais e vegetais só se tornam pragas quando encontram uma elevada concentração de alimento disponível em um só local.

Em sistemas agroecológicos e tradicionais, por outro lado, a diversidade de plantas e insetos gera um equilíbrio ecossistêmico que mantém a saúde das culturas.

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Algumas ervas, consideradas “daninhas” pela agricultura intensiva atuam como repelentes de inseto, enquanto outras formam barreiras físicas ou servem de alimento para herbívoros, protegendo os cultivos de interesse econômico da predação insetívora.

Métodos de agricultura tradicionais ainda possuem a vantagem de demandar menos uso de maquinário pesado no solo, o que evita sua compactação. Adicionalmente, há maior demanda por trabalho, o que pode aumentar a oferta de empregos verdes e, como consequência, reduzir a desigualdade social.

As ervas consideradas daninhas pela agricultura intensiva, ao final de sua vida, ainda atuam como serrapilheira, fornecendo uma camada de proteção natural ao solo que impede a lixiviação e fornece nutrientes, conservando a fertilidade do solo de forma natural.

De maneira geral, é preciso avaliar macroeconomicamente as vantagens e desvantagens da plasticultura considerando a valoração de suas externalidades negativas. Ela gera lucro a curto prazo para alguns, mas deixa um rastro de impactos para nações inteiras.

Apesar de permitir a colheita antecipadamente, a plasticultura, em conjunto com a monocultura, empobrece o solo, gera poluição por microplásticos, fertilizantes e praguicidas e ainda reduz a biodiversidade total do ecossistema.


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