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O lixo eletrônico tem se mostrado um problema grave e crescente para o meio ambiente e para a saúde humana

Lixo eletrônico, Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) ou e-lixo são termos utilizados para se referir a todos os equipamentos eletroeletrônicos. Mas também as suas partes e acessórios que foram descartados por seus proprietários, sem a intenção de reutilizá-los. As tecnologias do mundo moderno possibilitam que novos aparelhos sejam lançados e novas tendências surjam rapidamente no mercado. Esse é um processo planejado que leva o consumidor a substituir seus equipamentos eletrônicos sem necessidade, gerando um volume maior de lixo eletrônico.

Esse fenômeno, chamado de obsolescência programada, contribui significativamente para o aumento do lixo eletrônico. Ele pode causar diversos impactos ambientais e para a saúde humana se descartado de maneira incorreta. De acordo com o relatório The Global E-Waste Monitor, produzido pela ONU em 2017, o Brasil descarta e produz em média 1,5 milhão de toneladas de lixo eletrônico por ano.

No mundo, foram gerados o equivalente a 4,5 mil Torres Eiffel de lixo eletrônico (44,7 milhões de toneladas) nesse mesmo ano. Até 2021, a previsão é que esse número suba para 52,2 milhões de toneladas por ano.

Lixo eletrônico e obsolescência programada

A obsolescência programada, também chamada de obsolescência planejada, é uma técnica utilizada por fabricantes para forçar a compra de novos produtos. Mesmo que os que você já tem estejam em perfeitas condições de funcionamento. Ela consiste em fabricar itens que já possuem a duração de sua vida útil previamente estabelecida.

Esse conceito surgiu entre 1929 e 1930, tendo como pano de fundo a Grande Depressão. O objetivo era incentivar um modelo de mercado baseado na produção em série e no consumo, a fim de recuperar a economia dos países naquele período. Algo parecido ocorre nos dias de hoje, em que o crédito é facilitado e os governantes incentivam o consumo.

Um caso emblemático dessa prática foi a formação do Cartel Phoebus, que, sediado em Genebra, teve a participação das principais fabricantes de lâmpadas da Europa e dos Estados Unidos e propôs a redução de custos e da expectativa de vida das lâmpadas de 2,5 mil horas para mil horas. A obsolescência programada está diretamente relacionada ao aumento na quantidade de lixo eletrônico gerado e descartado de forma incorreta. Isso prejudica tanto o meio ambiente quanto a saúde humana.

Qual é o problema do lixo eletrônico?

Os equipamentos elétricos e eletrônicos possuem diversos componentes tóxicos em suas estruturas. Se descartados de maneira incorreta, esses resíduos tóxicos podem contaminar o solo e os lençóis freáticos, colocando em risco a saúde pública. Segundo o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), cerca de 70% dos metais pesados encontrados em lixões e aterros sanitários controlados são provenientes de equipamentos eletrônicos descartados incorretamente.

Um estudo do Centro de Ecologia Ann Arbor pesquisou 36 celulares de diferentes marcas e modelos. Foi analisada a quantidade de componentes tóxicos presente nos aparelhos eletrônicos, como chumbo, bromo e cádmio. São elementos que desde sua extração até o fim da vida útil do produto causam danos ao meio ambiente e à saúde humana.

A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) possui uma classificação para as substâncias químicas, sendo:

  • 1 – Carcinogênico para humanos;
  • 2A – Provável carcinogênico;
  • 2B – Possível carcinogênico;
  • 3 – Não classificável como carcinogênico;
  • 4 – Provável não carcinogênico.

Substâncias tóxicas

Abaixo, encontram-se 22 substâncias que constituem os equipamentos eletrônicos e que podem causar algum risco para o ser humano:

ContaminantesRiscos
Alumínio
  • Intoxicação aguda: Obnubilação, coma, convulsões.
  • Crônica: Perturbação intermitentes da fala (gagueira), disfunções neurológicas que impedem movimentos coordenados, espasmos mioclônicos, convulsões, alterações de personalidade, demência global.
  • Cancerígeno na bexiga, pulmão (Grupo 1)
Antimônio
  • Intoxicação aguda: febre alta, irritação na mucosa gástrica, vômitos violentos, cólica abdominal, diarreia, inchaço dos membros, hálito pestilento e erupções cutâneas.
  • Crônica: Inflamação no pulmão, bronquite e enfisema crônico.
  • Cancerígeno para pulmões. (Grupo 2B)
Arsênio
  • Intoxicação aguda: dor abdominal, vômito, diarreia, vermelhidão da pele, dor muscular, fraqueza, dormência e formigamento das extremidades, câimbras e pápula eritematosa.
  • Crônica: lesões dérmicas, como hiper e hipopigmentação, neuropatia periférica, câncer de pele, bexiga e pulmão, e doença vascular periférica.
  • Cancerígeno para pele, pulmão, bexiga e rins. (Grupo 1)
Berílio
  • Intoxicação aguda: calafrios, febre, tosse dolorosa e acúmulo de fluidos nos pulmões, podendo levar à morte.
  • Crônica: Beriliose ou granulomatose pulmonar crônica, lesões pulmonares.
  • Cancerígeno no pulmão. (Grupo 1)
Bismuto
  • Intoxicação aguda: náusea, vômito, icterícia, febre, diarreia, cianose e dispneia.
  • Crônica: distúrbios gastrintestinais, gengivoestomatite ulcerativa, fraqueza geral, perda do apetite, dermatites e danos renais.
Cádmio
  • Intoxicação aguda: dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreias.
  • Crônica: perda de olfato, tosse, falta de ar, perda de peso, irritabilidade, debilitação dos ossos, danos aos sistemas nervoso, respiratório, digestivo, sanguíneo e aos ossos. Cancerígeno para pulmões e rins. (Grupo 1)
Chumbo
  • Intoxicação aguda: fraqueza, irritabilidade, astenia, náusea, dor abdominal com constipação e anemia.
  • Crônica: perda de apetite, perda de peso, apatia, irritabilidade, anemia, danos nos sistemas nervoso, respiratório, digestivo, sanguíneo e aos ossos.
  • Cancerígeno para rins e sistema nervoso. (Grupo 2A)
Cobalto
  • Intoxicação aguda: diminuição da função ventilatória, congestão, edema e hemorragia dos pulmões, náusea, vômito, diarreia, dano ao fígado e dermatite alérgica
  • Crônica: asma brônquica, eczema de contato, miocardiopatia e problemas hematológicos, pneumoconiose e fibrose intersticial pulmonar.
  • Cancerígeno para pulmões. (Grupo 2B)
Cobre
  • Intoxicação aguda: náuseas, vômitos, diarreias, anemia hemolítica, insuficiência renal, insuficiência hepática e coma, dor abdominal, tontura, taquicardia, hemorragia digestiva. Intoxicação crônica: insuficiência hepática, Doença de Wilson.
  • Cancerígeno: tem fator predominante na Doença de Menkes e de Wilson.
Cromo (Hexavalente)
  • Intoxicação aguda: vertigem, sede intensa, dor abdominal, vômito, constipação.
  • Crônica: dermatite, edema de pele, ulceração nasal, conjuntivite, náuseas, vômito, perda de apetite, rápido crescimento do fígado.
  • Cancerígeno para pele, pulmões e fígado. (Grupo 1)
Estanho
  • Intoxicação aguda: Náusea, vômito e diarreia, dor abdominal, dor de cabeça, irritação nos olhos e pele.
  • Crônica: neurotoxicidade, Alzheimer, hemorragia cerebral, glioblastoma.
Ferro
  • Intoxicação aguda: lesão direta na mucosa intestinal, afeta a função mitocondrial, acidose, distúrbios na coagulação do sangue, hiper ou hipoglicemia, necrose tubular aguda, falha hepática aguda.
  • Crônica: desconforto abdominal, letargia e fadiga. Cancerígeno para pulmões, sistema digestivo. (Grupo 1)
Ftalato (oriundo do PVC)
  • Intoxicação aguda: sintomas alérgicos e problemas pulmonares.
  • Crônica: danos ao sistema reprodutivo, problemas no fígado e rins, efeito negativo em processos metabólicos
  • Cancerígeno para próstata, pâncreas e múltiplo mieloma (Grupo 2B)
Lítio
  • Intoxicação aguda: vômitos, diarreia, ataxia, arritmias cardíacas, hipotensão e albuminúria.
  • Crônica: afeta sistema nervoso.
Mercúrio
  • Intoxicação aguda: Aspecto cinza escuro na boca e faringe, dor intensa, vômitos, sangramento nas gengivas, sabor amargo na boca, ardência no aparelho digestivo, diarreia grave ou sanguinolenta, inflamação na boca queda ou afrouxamento dos dentes, glossite, tumefação da mucosa grave, necrose nos rins, problemas hepáticos graves, pode causar morte rápida (1 ou 2 dias).
  • Crônica: Transtornos digestivos e nervosos, caquexia, estomatite, salivação, mau hálito, anemia, hipertensão, afrouxamento dos dentes, problemas no sistemas nervoso central, transtornos renais leves, possibilidades de alteração cromossômica.
  • Cancerígeno no sistema: os compostos de metil mercúrio são classificados como possível carcinogênico (Grupo 2B), mas o mercúrio metálico e os compostos inorgânicos de mercúrio não são classificados como carcinogênicos (Grupo 3)
Níquel
  • Intoxicação aguda: sensação de queimadura e coceira nas mãos, vermelhidão e erupção nos dedos e antebraços, edema pulmonar e pneumonia.
  • Crônica: dermatite alérgica, conjuntivite, pneumonia easinofílica (síndrome de Leoffler), asma, rinite crônica, sinusite nasal e irritação pulmonar crônica.
  • Cancerígeno para pulmão e seios paranasais. (Grupo 1)
Prata
  • Intoxicação aguda: coma, edema pleural, hemólise e insuficiência na medula óssea
  • Crônica: argiria, pigmentação da pele, unhas, gengiva.
Retardantes de chama bromados
  • Intoxicação aguda: problemas no fígado, afeta sistema imunológico.
  • Crônica: bioacumulação no leite materno e sangue, interfere no desenvolvimento ósseo e cerebral, afeta o sistema neurológico, comportamental e hormônios da tireoide.
Selênio
  • Intoxicação aguda: anorexia, dispneia intensa, corrimento nasal espumoso, cianose, tremor, hipertermia, cegueira, taquicardia, arritmias cardíacas, ataxia e exaustão, edema pulmonar, cardíaco e hidrotórax(líquido no pulmão) pálido.
  • Crônica: Cegueira ou descoordenação, alcalose metabólica.
  • Não cancerígeno (Grupo 3)
Vanádio
  • Intoxicação aguda: dor de cabeça, palpitações, sudorese e fraqueza generalizada, danos renais, bronquite e broncopneumonia.
  • Crônica: rinite, faringite, bronquite, tosse crônica, respiração ofegante, falta de ar e fadiga.
  • Cancerígeno para pulmões, alteração genética (Grupo 2B)
Zinco
  • Intoxicação aguda (casos raros): náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreia, mal-estar, cansaço, ulcerações gástricas, lesão renal e efeitos adversos no sistema imunitário.
  • Intoxicação crônica: anemia, aumento do LDL, diminuição do HDL e alteração dos linfócitos T.

Além de contaminar o meio ambiente e prejudicar a saúde humana, o lixo eletrônico também se configura como problema para países pobres. Eles o recebem como se fossem produtos de segunda mão. Uma lei internacional proíbe que lixo eletrônico seja levado de um país para outro, mas alguns países não a respeitam.

Vale ressaltar que dentro de equipamentos eletroeletrônicos jogados no lixo são encontradas matérias-primas preciosas, como ouro, prata, paládio, cobre e alumínio. Isso significa que a extração desses metais pode ser evitada ao reciclar ou reaproveitar esses produtos.

Descarte: Logística reversa como alternativa para o lixo eletrônico

Desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) procura organizar a forma como o setor público e privado devem tratar os resíduos. A lei trata de todos os materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados, sejam eles domésticos ou industriais. 

A PNRS indica que a responsabilidade pela logística reversa de alguns produtos, deve ser dos fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores. Porém, só é possível começar esse processo com a participação efetiva dos consumidores. Eles precisam se comprometer a descartar seus produtos fora de uso em locais adequados, que permitam sua coleta e reciclagem adequadas.

A logística reversa é um importante instrumento para gestão de resíduos. É definida na Política Nacional dos Resíduos Sólidos como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

A promulgação da PNRS fez com que as empresas se tornassem responsáveis pela logística reversa. Logo, neutralizando impactos ambientais e para a saúde humana decorrentes do descarte incorreto de resíduos.

Pode ser transformado e lucrativo

O lixo eletrônico tem potencial de transformação e pode até ser lucrativo para as empresas fabricantes. Quando manejados corretamente, esses resíduos podem ganhar vida nova, gerando faturamento para as geradoras. Além disso, a relação entre lixo eletrônico e logística reversa é fundamental para poupar o meio ambiente. Assim, evitando a contaminação de solos, mananciais e o surgimento de doenças.

Ainda segundo a lei brasileira, a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos é compartilhada. Logo, todos somos parte deste processo. Cabe ao consumidor entregar os eletrônicos que deseja descartar em locais adequados, que não o lixo comum. Tais locais deverão ser criados e disponibilizados pelo setor produtivo.

Os comerciantes e distribuidores são responsáveis por receber estes equipamentos e entregar aos fabricantes e importadores. Eles, por fim, são responsáveis por assegurar a destinação final ambientalmente adequada a estes equipamentos, como a reciclagem, por exemplo.

Você também pode procurar postos de descarte no mecanismo de busca gratuito do Portal eCycle. A presença de componentes tóxicos nos equipamentos eletrônicos é o que faz com que o descarte correto do lixo eletrônico seja importante. Se você tem resíduos eletrônicos em casa, consulte os postos de descarte. Faça sua parte para que o seu lixo eletrônico não se transforme em lixo tóxico.

Vídeo do canal Governo do Estado de São Paulo

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