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Embora a ciência seja imprescindível para a sociedade, sua pegada de carbono tem efeitos nocivos
A pegada de carbono da ciência refere-se à quantidade de carbono equivalente emitido pelas atividades científicas. Em outras palavras, ela é a unidade de medida que reflete o cálculo da emissão de gases do efeito estufa (GEE) provenientes das atividades científicas. Mas por que isso é necessário?
Embora a ciência seja imprescindível para a sociedade, muitas de suas práticas podem ocasionar em problemas ambientais. A razão principal disso é devido à enorme quantidade de energia elétrica utilizada pela infraestrutura científica. Essa energia, na maioria das vezes, é originada de combustíveis fósseis, conhecidos como um dos principais agravantes das mudanças climáticas.
Qual é a importância da ciência?
A ciência fornece a base da vida moderna. Isso porque a aplicação do conhecimento científico ajuda a satisfazer as necessidades humanas e melhorar a qualidade de vida. Portanto, ela é usada em todas as áreas da sociedade, tais como saúde, alimentação, entretenimento e energia.
Da mesma forma, ela é essencial para entendermos o mundo à nossa volta a partir de pesquisas científicas e inovações tecnológicas. No entanto, a prática da ciência também carrega um custo ambiental. Os recursos utilizados para sustentar os diversos dados científicos, eventos e pesquisas podem contribuir para emissões de gases do efeito estufa. Consequentemente, a pegada de carbono da ciência aumenta.
O que é a pegada de carbono?
Para entender o conceito de pegada de carbono, é necessário entender sobre carbono equivalente. Tal termo refere-se a uma unidade para representar todos os gases do efeito estufa em forma de dióxido de carbono (CO2). Assim, a pegada de carbono foi criada para medir a emissão de GEE, convertidas em carbono equivalente. Isso significa que ela reflete o cálculo de toda emissão de carbono equivalente de um indivíduo, empresa, atividade, evento ou organização.
Com essa medida, é possível analisar o impacto que as emissões de gases poluentes estão causando na atmosfera. Consequentemente, podemos entender as mudanças climáticas causadas por essas emissões a partir de qualquer atividade.
Pegada de carbono da ciência
Computação
Computadores de alto desempenho vêm sendo cada vez mais utilizados para pesquisas científicas. Entretanto, o armazenamento de dados em nuvens e o uso constante de computadores podem ser muito prejudiciais ao meio ambiente. Isso se deve à quantidade de energia elétrica usada, proveniente, principalmente, de combustíveis fósseis.
Para enormes pesquisas e cálculos, é necessário o uso de muitos computadores ligados entre si e uma grande capacidade de armazenamento de memória. Segundo um estudo feito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um único centro de dados pode usar a mesma quantidade de eletricidade que 50 mil casas. Na mesma perspectiva, foi concluído que a nuvem inteira (rede global de servidores) possui uma pegada de carbono maior do que toda a indústria aeronáutica.
Astronomia
A astronomia é uma ciência que requer tecnologias muito avançadas, que consomem porções relevantes de eletricidade. Por isso, grandes observatórios astronômicos e telescópios se tornam grandes emissores de carbono. Um estudo publicado pela Nature Astronomy estimou que os principais observatórios do mundo têm o potencial de produzir cerca de 20 milhões de toneladas de CO2e (carbono equivalente).
As viagens espaciais por meio de foguetes também impactam a atmosfera terrestre. Estima-se que um lançamento de foguete produz em torno de 300 toneladas de dióxido de carbono. Outros gases poluentes e material particulado também podem ser liberados, como fuligem (carbono negro) e óxido de alumínio.
Resíduos
A quantidade de resíduos gerados pela comunidade científica também é relevante. Laboratórios experimentais podem descartar muitos resíduos plásticos e químicos de forma incorreta no meio ambiente. Isso pode contribuir para a poluição da água e prejuízos em todo um ecossistema.
De forma paralela, laboratórios de informática também geram impactos significativos. Isso porque os equipamentos eletrônicos precisam ser constantemente substituídos e atualizados, resultando em mais resíduos.
Conferências científicas
Para participarem de conferências científicas, muitos pesquisadores precisam viajar de avião por estados e até países. Um estudo calculou a pegada de carbono emitida por uma das conferências climáticas mais importantes, a União Geofísica dos Estados Unidos (AGU). Como resultado, as viagens da reunião, em 2019, somaram um total de 80 mil toneladas de dióxido de carbono, isto é, cerca de 3 toneladas para cada participante.
Como reduzir a pegada de carbono da ciência?
Ao mesmo tempo em que uma parte da comunidade científica usa a ciência para resolver a crise climática, é possível que ela também esteja piorando o próprio problema. Dessa forma, destacam-se algumas sugestões para reduzir a pegada de carbono da ciência, tais como:
- Encorajar a realização e participação virtual de conferências científicas;
- Diminuir a frequência de conferências presenciais de grande porte;
- Mudar as práticas de trabalho para diminuir a intensidade de emissões;
- Financiar a descarbonização das infraestruturas científicas;
- Aumentar a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono;
- Reduzir a velocidade de implantação de novas tecnologias e infraestruturas de pesquisa.
