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Todas as ações aplicadas ao meio ambiente deixam impactos conhecidos como pegada ecológica. Entenda

A pegada ecológica está ligada à crescente demanda mundial por bens de consumo, que coloca em risco os principais recursos naturais do planeta. Muitas vezes, a indústria e os consumidores não estão plenamente conscientes do nível do impacto que essa exigência pode causar no equilíbrio ambiental.

Em outras palavras, quando um empresário decide abrir uma fábrica de sapatos, por exemplo, ele vai gastar certa quantidade de recursos naturais para que o produto final possa ser vendido. E o consumidor, que precisa de um novo par de sapatos, vai adquirir o produto.

No entanto, nenhuma das partes sabe ao certo qual foi a pegada ecológica que o objeto causou na natureza, nem a capacidade do planeta de absorver os resíduos gerados na cadeia de produção e no pós-consumo dos sapatos. Essa falta de informação complica a elaboração de políticas públicas e contribui para a sobrecarga ecológica do planeta.

O romeno Nicholas Georgescu-Roegen, no livro The Entropy Law and the Economic Process (A Lei da Entropia e o Processo Econômico, em tradução livre), de 1971, foi um dos primeiros a abordar o tema, ao falar sobre bioeconomia e a preocupação com a continuidade da vida de diversas espécies na Terra.

No livro, com base na 2ª Lei da Termodinâmica, a Lei da Entropia, Georgescu-Roegen aponta para a inevitável degradação dos recursos naturais, em decorrência das atividades humanas, em diferentes estilos de vida. Ele critica os economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites e desenvolve uma teoria oposta e bastante ousada para a época: o decrescimento econômico.

Primeiras discussões sobre pegada ecológica

A questão-chave para a formulação da tal pegada ecológica é: qual a quantidade de recursos naturais utilizada para mantermos a população mundial vestida, alimentada, hidratada e atualizada com os mais inovadores bens de consumo? Outra questão complementar importante é: como saber se o consumo humano está dentro da biocapacidade do planeta?

Uma grande contribuição para a análise desses problemas foi dada por William Rees e Mathis Wackernagel, ambos da Global Footprint Network (GFN), em 1993, ao definirem o conceito de “pegada ambiental”, ferramenta utilizada para medir os impactos do consumo humano sobre os recursos naturais. Com esta ferramenta, podemos medir os rastros ambientais de uma pessoa – sua cidade, região, país – e de toda a humanidade.

Segundo o professor Geoffrey P. Hammond, o termo pegada ambiental tem o mesmo significado que pegada ecológica e muitas vezes é referido também como ecopegada.

O que é pegada ecológica?

A pegada ecológica é um indicador de sustentabilidade que acompanha a concorrência das demandas humanas com a capacidade regenerativa do planeta, ou seja, compara a biocapacidade do planeta com a demanda por recursos naturais necessária para a elaboração de bens de consumo e serviços.

Ao mesmo tempo, integra a pegada de carbono, que representa o número de florestas indispensáveis para a absorção das emissões de CO2 que os oceanos não conseguem capturar, esse é o único produto residual contabilizado. Tanto a pegada ecológica quanto a biocapacidade são expressas em hectares globais (gha), o que representa a capacidade de produção de um hectare de terra, considerando a produtividade média mundial. Portanto, a pegada ecológica analisa os impactos que produzimos em nossa biosfera.

Como é feito o cálculo da pegada ecológica?

Para calcular a pegada ecológica são consideradas diversas formas de uso de recursos naturais, que podem ser medidas em unidades de área, importantes para manter a produtividade biológica. Recursos que não podem ser aferidos através desses termos são excluídos do cálculo.

É por isso que resíduos sólidos e água não são contabilizados na pegada ecológica, por exemplo. Os componentes da pegada são divididos em subpegadas que, quando somadas, revelam sua dimensão total. As subpegadas são calculadas por meio de tabelas especificas, de acordo com cada tipo de consumo e convertidas em hectares.

Como subpegadas, temos:

  • Retenção de carbono: quantidade de floresta necessária para absorver o dióxido de carbono que os oceanos não suportaram absorver;
  • Pastagem: área necessária para a criação de gado para o abate, leiteiro, produção de couro e de lã;
  • Florestal: baseada no consumo anual de madeira para diversos produtos;
  • Pesqueiros: baseia-se em uma estimativa de produção para sustentar peixes e mariscos capturados em água doce e ambientes marinhos;
  • Áreas de cultivo: representada pelas áreas necessárias para o cultivo de alimentos humanos e rações para animais, bem como para as oleaginosas e também a borracha;
  • Áreas construídas: são representadas por todas as áreas com infraestrutura humana, assim como transportes, indústrias, reservatórios para a geração de energia elétrica e habitações.

A Família das Pegadas

Atualmente, além da pegada ecológica, temos outros indicadores de sustentabilidade que nos ajudam a entender os impactos que geramos no planeta. Dois exemplos são a pegada hídrica e a pegada de carbono.

Para se ter uma ideia, a abordagem da pegada hídrica, medida em litros, pode ser subdividida em água azul, água verde e água cinza, de modo a englobar melhor a sua demanda.

Água azul se refere à água subterrânea, à água doce, às águas de lagos e rios. Já a água verde se refere à água da chuva, e a água cinza se refere à quantidade de água necessária para diluir quaisquer poluentes que sejam produzidos.

A finalidade da pegada hídrica é mensurar os impactos realizados em nossa hidrosfera.

Por sua vez, a pegada de carbono mede a quantidade de dióxido de carbono (CO2) que foi emitido na atmosfera, direta ou indiretamente, por atividades humanas ou que foram acumuladas ao longo da vida útil de um produto. Portanto, ela mede os impactos causados em nossa atmosfera.

Mas é bom reforçar que a pegada ecológica mede apenas a soma das subpegadas que foram citadas no começo deste texto. Isso significa que a pegada de carbono e a pegada hídrica não entram na conta – são apenas modelos complementares para medir outros tipos de impacto ambiental. As três juntas formam a Família de Pegadas.

Qual a relação entre o desenvolvimento econômico e a pegada ecológica?

Enquanto modelos padrões de economia examinam os custos financeiros dos produtos, o conceito das pegadas (ecológica, hídrica e de carbono) nos permite avaliar os custos dos recursos naturais envolvidos na produção de determinado bem a partir das quantidades de solo, materiais e água utilizadas e das emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global.

Todos os produtos, desde uma xícara de chá até um casaco de algodão, possuem impactos sobre os recursos naturais em toda sua cadeia produtiva. Um casaco de algodão, por exemplo, utiliza recursos no cultivo e na colheita do algodão, nas operações para transformar o algodão em tecido, na produção final do vestuário, no transporte etc.

Todas essas etapas requerem diferentes quantidades de recursos, como solo, água, materiais e energia, que são medidas pelos diferentes tipos de pegadas. A pegada ecológica desse item, por exemplo, mediria a soma das subpegadas (retenção de carbono, florestal, área de cultivo, pastagem, entre outros) para determinar, em hectares globais, qual foi o rastro ambiental do produto.

Para a indústria, é importante ter noção das pegadas em cada etapa do processo de fabricação, pois esse tipo de estudo revela a eficiência de seus processos em relação ao uso dos recursos naturais, além de tornar possível a identificação dos pontos de vulnerabilidade, presentes em cada processo da cadeia de abastecimento. Para o poder público, a importância se dá para a elaboração de políticas de uso dos recursos naturais, de modo a evitar um déficit ecológico.

O impacto das pegadas depende da localização. O impacto da pegada ecológica vai depender da natureza da terra, como ela é usada e se existem usos competitivos.

Fatores que promovem impactos socioambientais

A pegada ecológica não revela diretamente impactos ambientais ou sociais, mas revela os fatores que promovem os impactos. O vídeo a seguir elucida a questão da pegada ambiental:

De forma resumida, a pegada ecológica pode ser definida como o conjunto de rastros deixados por ações antrópicas no meio ambiente (em termos de hectares globais) e quanto maior a sua pegada, maior será o impacto causado.

De modo geral, a forma como as pegadas são distribuídas apresenta um caráter desigual: os países desenvolvidos, sociedades que são fortemente industrializadas, possuem pegadas maiores do que os países mais pobres. Ao mesmo tempo, cada vez mais essas sociedades estão buscando recursos em diferentes localidades, deixando suas pegadas por diversas partes do planeta.

A análise da pegada ecológica dispara um sinal de advertência para refletirmos sobre o nosso modo de vida, sugerindo a necessidade de seguir diretrizes de sustentabilidade e apoiar um largo programa de mudanças, que nos faça refletir em qual direção seguir.

Considerando que esta abordagem reflete na realidade material, melhor que os modelos econômicos tradicionais (que só levam em consideração a economia ou o consumo), a presente análise é uma boa referência, para que a humanidade siga em busca de um desenvolvimento sustentável.


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