Existe cura para o tédio? Entenda

Pesquisadores indicam que a criatividade pode ser a cura para o tédio

O tédio é definido como um estado emocional de infelicidade ou insatisfação decorrente de algo desinteressante ou pela falta de alguma coisa. Definido por Tolstoy como “um desejo por desejos”, é um sentimento comumente vivenciado durante a vida humana, mas que pode ser evitado. 

Ao longo do tempo, inúmeros psicólogos e psiquiatras dedicaram suas pesquisas ao tédio, identificando-o como um estado cognitivo com um desejo por mudanças. No entanto, existe uma diferenciação entre o sentimento e a característica “entediada”. 

O estatal refere-se a sentir-se entediado em uma situação específica, enquanto o característico se refere ao quão suscetível alguém é ao tédio. Essa característica, por sua vez, é associada à saúde mental e questões como autocontrole, ansiedade e depressão. 

Heidegger, um dos mais proeminentes teóricos do tédio, classificou-o em três tipos: 

• O tédio mundano, como o de esperar por um trem;
• Um profundo mal-estar associado à própria condição humana; 
• Um déficit inefável de algo inominável que parece totalmente familiar aos seres humanos.

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Sintomas

Embora o tédio não seja considerado uma condição de saúde, existem alguns sinais que podem indicar esse estado. Quando se está entediado, é comum se sentir “vazio” ou frustrado, o que muitas vezes também reflete uma imagem apática, cansada ou nervosa. 

Em alguns casos, esses sentimentos podem afetar a atenção, resultando no estresse ou no desinteresse. 

O que pode causar tédio? 

O tédio pode ser um resultado de inúmeros fatores, como: 

• Descanso ou nutrição inadequada;
• Baixos níveis de estimulação mental;
• Falta de escolha ou controle sobre suas atividades diárias;
• Falta de interesses recreativos;
• Má percepção do tempo;
• Energia focalizada em atividades sem significado, vazias. 

Porém, muitos especialistas acreditam que esse estado de espírito é uma consequência do mundo moderno. Com o avanço da tecnologia e do capitalismo, as comodidades e diversões do dia a dia tornaram-se rápidas, superficiais e um tanto imediatas. 

Consequentemente, as expectativas da população também aumentaram, e com isso, existe uma decepção eminente quando algo não atinge o que era desejado. 

As redes sociais também impulsionaram esse fenômeno, exemplificando o tempo todo a vida de pessoas que parecem estar mais felizes, empolgadas e energéticas que o povo “comum”. 

O que fazer para passar o tédio? 

O melhor método para evitar essas sensações é identificar por que você se sente entediado em primeiro lugar. Na maioria das vezes, ele é uma resposta de não ter nada para fazer e, nesses momentos, o mais fácil é encontrar algo significativo que pode causar a distração. 

Começar um livro, uma série de televisão ou algum filme interessante pode ser a cura mais fácil do tédio. Pedaços de mídia, embora muitas vezes supérfluos, podem auxiliar pessoas entediadas a encontrar algo para fazer. 

Por outro lado, se o tédio é decorrente da falta de sentido em uma determinada atividade, tente limitar a sua exposição a ela e encontre atividades mais satisfatórias. 

Veja alguns exemplos para saber o que fazer da próxima vez que se sentir entediado: 

• Procure artistas novos, explore novos estilos musicais; 
• Comece o livro que está empoeirado na sua estante; 
• Monte um quebra-cabeça; 
• Planeje uma reforma na sua casa, mude móveis de lugar; 
• Volte a um hobbie abandonado; 
• Exercite-se;
• Medite;
• Fale com algum amigo; 
• Tire uma soneca; 
• Brinque com o seu animal de estimação — os bichinhos também podem ficar entediados de vez ou outra!

A cura do tédio

Uma pesquisa da Universidade de Arizona, dos Estados Unidos, identificou a criatividade como a maior aliada contra momentos entediantes. De acordo com as descobertas, pessoas criativas são mais propensas a engajar com seus pensamentos em momentos de tédio, podendo se desprender das limitações distrativas da internet. 

Isso indica que a limitação da internet é capaz de estimular a criatividade, evitando momentos entediantes. 

“À medida que ficamos mais sobrecarregados e viciados em nossos dispositivos digitais, acho que precisamos fazer um trabalho melhor em nossas casas, locais de trabalho e escolas para cultivar tempo para simplesmente relaxar com nossos pensamentos”, disse Jessica Andrews-Hanna, professora associada do Departamento de Psicologia e autora sênior do artigo.

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Por que o tédio é bom? 

Enquanto muitos definem o tédio como uma sensação de vazio, alguns especialistas acreditam que existem benefícios a esses momentos. De fato, acredita-se que, em crianças, essas sensações podem estimular novas rotas de jogo e auto entretenimento que, por sua vez, podem impulsionar outros fatores, como a criatividade, autossuficiência e habilidades de relacionamento.

Quando entediadas, as crianças abrem oportunidades para o aprendizado. Brincar, estimular a imaginação e engajar em momentos solitários resulta na exploração de hobbies e outras atividades benéficas para o desenvolvimento. 

Porém, é importante notar que as crianças precisam de estímulos mentais frequentes para o seu desenvolvimento saudável. Por isso, fique de olho no seu pequeno e tente notar possíveis mudanças de humor que podem indicar transtornos de saúde mental. 

Quando estar entediado pode ser um problema

Longos períodos de desinteresse, falta de vontade ou energia podem indicar alguns problemas associados à saúde mental. A depressão, por exemplo, é caracterizada pela falta de interesse e tristeza e pode requisitar um tratamento psicológico. 

Diferentemente do tédio mundano, a depressão é uma resposta à falta de liberação dos hormônios popularmente conhecidos como “hormônios da felicidade”, como a dopamina e a serotonina. Portanto, se reconhecer outros sintomas desse distúrbio, incluindo a falta de energia, perda de peso não intencional ou distúrbios do sono, considere falar com um profissional de saúde para determinar a causa e o melhor tratamento para você.