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Tecnologia desenvolvida na Unicamp apresenta baixo impacto ambiental e é adequada a aplicação comercial

Por Leonardo Scramin e Agnes Sofia Guimarães em Inova Unicamp | De vegetais, frutas e legumes, é possível extrair inovações da naturezacorantes orgânicos, que podem substituir versões sintéticas (artificiais) e que já contam com alta aplicabilidade, em diversas indústrias: da têxtil até mesmo a alimentícia. Mas um corante natural pode ser instável de acordo com as condições de luz e temperatura do meio em que é aplicado, sendo um desafio estabilizar suas características – processos que, muitas vezes, exigem um gasto maior de energia e de uso de recursos orgânicos, o que provoca impactos pouco sustentáveis ao meio ambiente.  

Para resolver esse problema, pesquisadores da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA-Unicamp) e da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA-Unicamp) desenvolveram uma alternativa mais rápida e natural para a criação de corantes a partir da casca de uva, que contém o componente antocianina, responsável pela cor da fruta. 

Maurício Ariel Rostagno, professor da FCA-Unicamp e um dos inventores da tecnologia, destaca que a proposta da tecnologia é 100% ecológica, já que a resina aplicada na purificação pode ser reutilizada por oito ciclos diferentes sem que haja a perda de sua eficiência. 

“Temos uma proposta que é muito mais sustentável para o meio ambiente e mais saudável para as pessoas. Afinal, corantes sintéticos provocam grande preocupação pelos riscos de alergia e impactos na saúde. E as empresas começam a ser cobradas sobre isso, o que nos leva a ter uma grande demanda de mercado. Procuramos formas mais eficientes e mais verdes para purificar esses compostos, com menor impacto ambiental e custo mais baixo”, comenta.

A nova tecnologia, que teve pedido de patente depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com estratégia da Agência de Inovação Inova Unicamp, é um processo rápido que não utiliza solventes orgânicos de alta volatilidade e apresenta resultados muito mais estáveis do que os pigmentos obtidos com a extração de etanol ou água. 

Além disso, o processo não demanda equipamentos sofisticados, sem exigência de mão de obra especializada. 

“Um ponto importante desse processo é a estabilidade. Conseguimos ter um alto rendimento e uma alta pureza, ao mesmo tempo em que aumentamos a estabilidade dos compostos, maior do que os processos convencionais. Temos uma recuperação acima de 90% dos solventes”. 

Desafios da indústria

O uso de corantes naturais é uma prática antiga da Humanidade. No entanto, o uso foi perdendo força para corantes sintéticos, que ofereciam cores mais estáveis em comparação aos produtos naturais. 

Mas a pigmentação de alimentos e tecidos com corantes artificiais exige elevado gasto energético e a aplicação de solventes orgânicos e estabilizantes químicos com alta toxicidade e contaminação de água. Os solventes utilizados também não promovem um alto rendimento de extração ou seletividade no processo, o que demanda a aplicação de novas etapas subsequentes de purificação. 

Só na indústria têxtil, cerca 90% do consumo de água do setor ocorre no processo de tinturaria e acabamento, encarecendo o processo e produzindo resíduos ambientais em excesso. Além disso, são produtos que surgem a partir da extração de petróleo, uma fonte de energia não renovável.

Cores vivas e ecológicas

Professor Maurício Ariel Rostagno da FCA-Unicamp (Foto: Arquivo pessoal)

Com o novo processo, os corantes naturais atingem uma pureza de 90%, garantindo uma cor viva e mais estável. Os solventes também permitem o uso dos corantes em altas temperaturas, o que amplia as possibilidades do seu uso pela indústria. 

Maurício também destaca como benefício da nova tecnologia o aproveitamento de resíduos da fruta que muitas vezes são descartados no setor agro, e que, com o uso para os solventes eutéticos, podem ser aproveitados como matéria-prima para novos produtos, o que também contribui para um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

“Recuperar esses compostos, que seriam descartados como adubo, gera muito mais valor agregado à produção da uva. Além de toda a reciclagem dos absorventes que permanece durante o processo desenvolvido na Unicamp”, explica. 

Além de Rostagno, participaram do desenvolvimento da tecnologia Leonardo Mendes de Souza Mesquita, Juliane Viganó, Letícia Sanches Contieri e Vitor Lacerda Sanches.

Conexão pesquisa-mercado

Para que o novo corante a base de casca de uva chegue ao mercado e possa ser produzido em escala comercial, o licenciamento da tecnologia é necessário. A Inova Unicamp é a responsável na Universidade por receber os contatos e realizar as negociações. 

Empresas interessadas em ter acesso à tecnologia da Unicamp, para desenvolvimento de produtos com aplicação de processos inovadores podem entrar em contato com a Inova pelo formulário de Conexão Pesquisa e Mercado


Este texto foi originalmente publicado pelo INOVA Unicamp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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