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Microplásticos de pneus são um dos maiores problemas do oceano

Os microplásticos de pneus derivam do atrito entre a superfície das estradas e os pneus, resultando no desgaste e abrasão de ambos os materiais. Esse desgaste faz com que partículas de polímeros sintéticos, chamadas de partículas de desgaste de pneus e estradas (Tyre and Road Wear Particles ou TRWP), sejam liberadas. 

E, embora os pneus sejam feitos de borracha e não de plástico, ambos esses materiais são polímeros. De fato, as partículas de pneus são uma das maiores fontes de micro-polímeros que acabam no oceano.

Os microplásticos são categorizados como partículas de plástico cujo diâmetro é inferior a 5 milímetros. Porém, os microplásticos de pneus são ainda menores e contribuem para à poluição PM2.5 – partículas tão pequenas que podem ser inaladas e causar problemas de saúde respiratória.

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Ambientes marinhos e de água doce no Brasil sofrem com poluição por microplásticos, de acordo com estudos

Onde vão parar 

Ao categorizar as fontes de poluição de microplástico presentes no oceano, especialistas dividem-nas em duas categorias: fontes primárias e secundárias. Enquanto as fontes primárias liberam partículas microplásticas diretamente nos oceanos, as fontes secundárias as liberam como resultado da desintegração de pedaços maiores de plástico — como garrafas d’água e outros materiais que são inapropriadamente descartados e vão parar nos oceanos. 

Um relatório da União Europeia concluiu que a primeira maior fonte primária de microplásticos no oceano deriva da indústria têxtil. Porém, o microplástico de pneu é considerado o segundo maior poluente das águas. Juntas, essas fontes primárias formam de 15 a 31% dos microplásticos nos oceanos.

Estimativas apontam que, todos os anos, cerca de 6,1 milhões de toneladas métricas de microplásticos de pneus são liberados no meio ambiente e em corpos d’água. Adicionalmente, um estudo realizado nas proximidades do rio Sena comprovou que 18% das partículas acabam em corpos d’água e outros 2% são levados para estuários.

Por muito tempo, os microplásticos de pneus foram esquecidos como uma das fontes de poluição dos oceanos. Isso se dá não só a diferença de material, como também a sua cor. Por serem mais escuras que outros tipos de microplásticos, essas partículas são difíceis de identificar. 

No entanto, através de uma pesquisa extensa para poder reconhecê-las, cientistas comprovaram que produtos químicos para desgaste de pneus foram encontrados em 97% das amostras de rios e estuários testadas na Europa, Estados Unidos e Japão.

Desse modo, cada vez mais, especialistas se preocupam com a propagação dessas partículas.

Efeitos dos microplásticos de pneus na saúde humana e animal

Como já mencionado, os microplásticos de pneus são pequenos o suficiente para adentrar a via respiratória de seres humanos. E, embora os efeitos dessas pequenas partículas não possuam tantas pesquisas, especialistas acreditam que a exposição a esses materiais pode possuir um efeito prejudicial na saúde humana e animal. 

Evidências científicas comprovam, por exemplo, que esses microplásticos podem contribuir para uma série de impactos negativos à saúde, incluindo problemas cardíacos, pulmonares, de desenvolvimento, reprodutivos e de câncer.

“Estamos cada vez mais preocupados com o impacto do desgaste dos pneus na saúde humana. Como algumas dessas partículas são tão pequenas que podem ser transportadas pelo ar, é possível que simplesmente caminhar na calçada nos exponha a esse tipo de poluição. É essencial entendermos melhor o efeito dessas partículas em nossa saúde”, disse a professora Terry Tetley do Imperial’s National Heart and Lung Institute

Um estudo de 2022 também evidenciou o efeito dos microplásticos de pneus em animais marinhos. A pesquisa focou em duas espécies presentes em estuários do Atlântico Nordeste — a Scrobicularia plana e a Hediste diversicolor

Além de observar que esses animais podem consumir concentrações desse material, os especialistas notaram que o seu consumo na espécie Scrobicularia plana pode causar diminuição do teor de proteínas e aumento do estresse oxidativo.

Estudantes desenvolvem dispositivo que captura microplásticos liberados por pneus

Como prevenir a liberação de microplásticos de pneus 

Em geral, acredita-se que a redução da liberação de microplásticos de pneus pode ser feita através de um simples ajuste em automóveis. Com o tempo, os pneus perdem naturalmente a pressão, resultando em pneus mais planos. Essa mudança aumenta o atrito entre o pneu e as estradas e, consequentemente, aumenta a liberação dessas micropartículas. 

Estimativas indicam que cada pessoa do mundo é responsável por cerca de 1kg de poluição microplástica do desgaste dos pneus, em média, a cada ano — um número que pode aumentar em países desenvolvidos. Por isso, manter a pressão ideal dos pneus de seus carros pode diminuir essas emissões.

Por outro lado, especialistas da The Tyre Collective buscaram combater esta poluição na sua origem. Em 2020, quatro estudantes em parceria com a Imperial College London e a Royal College of Art, foram responsáveis pela criação de uma tecnologia capaz de captar os microplásticos de pneus durante seu percurso. 

O time, composto por Siobhan Anderson, Hanson Cheng, M Deepak Mallya e Hugo Richardson, ganhou um Prêmio James Dyson em 2020.

O dispositivo usa uma placa de cobre para criar um campo elétrico que atrai a poeira do pneu enquanto é alimentado pelo alternador do carro. 

“Então, podemos limpar as placas e colocá-las em uma vasilha de armazenamento”, disse Siobhan Anderson, diretora científica e co-fundadora do The Tyre Collective.

Confira o vídeo, em inglês, que demonstra o funcionamento da tecnologia: 


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