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Microclimas ocorrem em pequenas áreas, se diferenciam do clima regional e são importantes para a regulação da biodiversidade

Microclima é o clima existente dentro de uma pequena área, como um bosque ou até mesmo um jardim. Nos microclimas, a temperatura, o índice de chuva, o vento e a umidade do ar são, geralmente, diferentes do clima da região em que essas áreas menores estão inseridas. 

O Parque Ibirapuera, por exemplo, localizado na cidade de São Paulo, tem um microclima com temperaturas mais amenas e maior umidade do ar em relação ao restante da capital paulista. Isso acontece justamente por causa da vegetação dominante do parque. Com cerca de 16 mil árvores, o Parque Ibirapuera ajuda a regular o microclima e contribui para outros serviços ecossistêmicos importantes na região.

Áreas verdes costumam representar verdadeiros refúgios em meio às regiões metropolitanas, uma vez que o microclima presente ajuda a regular a temperatura e a umidade do ar nessas regiões. Além disso, parques, praças e outras zonas arborizadas ajudam na redução das ilhas de calor, formadas em centros urbanos e fortalecem a biodiversidade urbana.

Como a urbanização afeta o clima?

As mudanças no uso do solo modificam diversos fatores naturais, como a temperatura e a umidade relativa do ar, que são imprescindíveis para a formação dos microclimas. Numa área urbana, por exemplo, a maneira como as construções são feitas e os materiais utilizados, são capazes de interferir diretamente no clima urbano, como mostra uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

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Por que é importante conhecer a dinâmica do microclima de um grande centro urbano?

De acordo com o estudo, projetos de desenvolvimento urbano que levam em consideração variáveis bioclimáticas (recursos naturais, como ventos, luz do Sol e água da chuva), são capazes de diminuir efeitos negativos do clima. Isso porque a temperatura, a umidade relativa e a umidade específica do ar são variáveis determinantes para o microclima, tanto em zonas residenciais quanto industriais. 

Além disso, o estudo também mostrou que, em horários de maior índice da radiação solar, a temperatura do ar, em zonas industriais, pode atingir picos mais altos do que em áreas residenciais. Por outro lado, durante a noite, devido a uma maior quantidade de construções existentes em áreas residenciais, a temperatura do ar se mantém mais alta. O que significa que a densidade das construções contribui diretamente para a formação de ilhas de calor. 

Isso pode ser explicado graças às propriedades dos materiais de construção. Durante o dia, lugares com maior número de construções conseguem equilibrar melhor a temperatura, por conta das sombras formadas pelas próprias residências. Entretanto, quando o Sol se põe, os materiais de construção passam a liberar o calor que absorveram ao longo do dia.

Em regiões com predominância de casas, em vez de grandes construções, o vento também é um elemento importante. Áreas abertas funcionam como corredores de ventilação, o que colabora para microclimas mais frescos. A direção dos ventos também são importantes, podendo diminuir em até 0.18°C a temperatura do ar, em média, em zonas altamente povoadas. Segundo os pesquisadores, corredores de vento junto a locais arborizados podem contribuir para um melhor arrefecimento de áreas urbanas.

As árvores desempenham um papel fundamental nos microclimas de diferentes regiões, urbanas ou não. Manter as árvores de pé também pode contribuir, ainda mais, para diminuir os efeitos do aquecimento global.

Qual é a importância do microclima florestal?

Um estudo, publicado pela Nature, analisou os microclimas florestais e sua capacidade de amortecer os impactos do aquecimento global na biodiversidade dessas regiões.

As mudanças “macroclimáticas” (escala “macro”, ou seja, em grandes proporções), apesar de causarem impacto em diversos ecossistemas pelo mundo, podem ser atenuadas pelos microclimas gerados pelas sombras das árvores. Isso porque, de acordo com os pesquisadores, grande parte das espécies terrestres vive em locais de bioma florestal. Os solos, debaixo da sombra de árvores com copas densas, podem ajudar a diminuir os efeitos do aquecimento na superfície terrestre.

Nesse caso, a densidade da copa das árvores é o diferencial, no que o estudo chama de densidade de cobertura florestal. Quanto maior a densidade da cobertura florestal, mais fechado é o dossel que se forma sobre o solo e, por consequência, maior é a sombra formada.

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Dossel formado pela copa das árvores / Foto de Ed van duijn no Unsplash

Reconhecidas como “engenheiras do ecossistema”, o estudo aponta a estrutura complexa das árvores e sua capacidade de reduzir as variações de temperatura no microclima que se forma logo abaixo de suas copas. Esse é um fator fundamental para proteger a biodiversidade das espécies que habitam essas regiões, regulando a temperatura a fim de evitar valores extremos. 

Além disso, os microclimas equilibrados ajudam a garantir os serviços ecossistêmicos essenciais nos processos florestais. Dessa forma, a distribuição das espécies, a disposição de sementes no solo, a regeneração de árvores e outras vegetações e os ciclos biogeoquímicos estariam seguros. 

Por outro lado, mesmo num bioma florestal os microclimas não são homogêneos. No caso de florestas com árvores de estruturas mais simples, com copas mais espaçadas e regiões de borda, os microclimas ficam mais expostos às variações climáticas.

Desmatamento, microclima e proliferação de doenças

As árvores são essenciais na manutenção da vida na Terra e o desmatamento é um fator que traz sérias implicações nos microclimas, como a proliferação de doenças. É o que mostra um estudo, liderado pelo Centre for Translational Immunology, da Holanda.

Segundo os pesquisadores, o desmatamento, provocado pelas mudanças no uso da terra, pode causar impacto no ciclo de vida de vetores de doenças infecciosas, como a dengue. A pesquisa teve como foco a transição de floresta nativa para o cultivo de palma (para a extração do óleo), na ilha asiática de Bornéu. Foi observado o número de ciclos de vida completos do Aedes albopictus, conhecido como mosquito-tigre-asiático, por meio de sua incidência nos microclimas locais.

De acordo com o estudo, a derrubada das florestas tropicais aumentou, em quase 11%, a capacidade de desenvolvimento do mosquito. Além disso, os ciclos do cultivo da palma, que envolvem o desmatamento de regiões, o plantio, a maturação, a colheita e o replantio, transformam o ambiente em zonas de alto potencial para o crescimento do Aedes albopictus.

Apesar da origem asiática, o mosquito está presente na Europa, África e Américas, principalmente em regiões tropicais de clima temperado.

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A proliferação do Aedes albopictus no Brasil

O Aedes albopictus tem um ciclo de vida parecido com o Aedes aegypti. Apesar de preferir ambientes de mata, o mosquito-tigre-asiático também se adaptou ao meio urbano, principalmente em regiões próximas a áreas silvestres. Os dois mosquitos costumam coexistir em áreas de perímetro urbano.

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Mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus) / Foto de Christophe Quintin, sob CC BY-NC 2.0 DEED no Flickr

No Brasil, de acordo com pesquisadores, sua incidência foi notada, pela primeira vez, em 1986. Em 2003, a distribuição do A. albopictus já havia atingido 20 estados brasileiro. Vinte anos depois, o mosquito já havia se dispersado por todo o País.

Além da dengue, este mosquito também pode transmitir febre amarela, como foi reportado, em 2019, pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Uma pesquisa, que considerou como área de estudo a cidade de Chapecó, em Santa Catarina, reforça que a proliferação do mosquito-tigre-asiático aumenta em decorrência dos altos níveis de chuva e aumento da temperatura do ar, o que é uma característica do verão brasileiro. Sendo assim, o fator climático é o principal responsável pelo aumento da infestação do mosquito. 

Além disso, a presença do mosquito foi notada, em maior número, em áreas rurais e nos limites urbanos. De acordo com os pesquisadores, o aumento da área urbanizada da cidade, somado às mudanças nas condições climáticas (em macro e micro escalas), além da concentração de resíduos sólidos nas zonas periféricas, podem ter contribuído para a mudança na distribuição do mosquito, que se concentrou nas bordas da cidade.

Apesar de ser uma espécie que utiliza recursos biológicos para criadouros, como bromélias por exemplo, o A. albopictus se mostrou adaptativo aos microclimas urbanos, utilizando criadouros artificiais com água parada para sua reprodução.


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