Pesquisa revela que tipo de faca e velocidade do corte influenciam na liberação de substâncias que causam ardência
Um estudo multidisciplinar realizado por físicos, biólogos e engenheiros da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, desvendou os mecanismos por trás da irritação ocular ao cortar cebolas. A pesquisa, publicada no repositório arXiv, demonstra que a nitidez da lâmina e a velocidade do corte são determinantes para reduzir o desconforto.
Ao analisar o processo com câmeras de alta precisão e microscopia eletrônica, os pesquisadores descobriram que facas afiadas e movimentos lentos diminuem significativamente a liberação de gotículas irritantes. Lâminas cegas exercem pressão sobre as camadas da cebola, fazendo com que elas se dobrem para dentro e, ao retornarem à posição original, ejetem o líquido responsável pelo ardor nos olhos.
A equipe utilizou um dispositivo semelhante a um guilhotina, adaptado com diferentes tipos de lâminas, para realizar cortes controlados em pedaços de cebola revestidos com tinta – técnica que permitiu visualizar detalhes imperceptíveis a olho nu. Os testes variaram tamanho, afiação e velocidade das facas, revelando ainda que gotículas menores permanecem suspensas no ar por mais tempo, agravando o problema.
Além da qualidade da faca, a pesquisa destacou que cortes rápidos aumentam a quantidade de suco liberado, formando uma névoa que potencializa a irritação. Os resultados reforçam a importância de escolher instrumentos bem afiados e adotar um ritmo deliberado durante o preparo do alimento.
O estudo, liderado por Zixuan Wu e colaboradores, oferece uma solução prática para um incômodo cotidiano, unindo princípios da física à gastronomia. Detalhes metodológicos e conclusões estão disponíveis no artigo Droplet Outbursts from Onion Cutting, publicado em maio de 2025.