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Por Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP

Por Paulo Feldmann em Jornal da USPA guerra na Ucrânia, além dos milhares de mortos, feridos e desabrigados, traz consequências econômicas enormes para vários países —inclusive o Brasil, que será um dos mais afetados. Seremos impactados porque a guerra de imediato causa uma queda na atividade econômica mundial, com diminuição brusca da atividade comercial entre os países. Além disso, há aumento nos preços de diversas mercadorias estratégicas —muitas delas são por nós importadas, como fertilizantes e petróleo.

O petróleo é, para nós, o aspecto mais delicado e controverso entre as inúmeras e nefastas consequências econômicas. Isto porque somos também um dos maiores produtores mundiais graças ao trabalho consagrado da Petrobras, que, além de tudo, é a empresa que mais e melhor consegue extrair petróleo em águas marítimas profundas (o que nos possibilitou o pré-sal).

A Petrobras, além de ser a maior empresa brasileira, tem acionistas privados espalhados por quase todos os países do mundo. Suas ações são muito negociadas em todas as Bolsas de Valores importantes do planeta. Por isso, seria inconsequente impor qualquer medida que causasse prejuízo à estatal. E, por ser uma das maiores empresas de petróleo do mundo, sua gestão é acompanhada com lupa pelos acionistas e pelo mercado —ela não pode se sair pior que as outras grandes congêneres internacionais.

Várias alternativas vêm sendo cogitadas para fazer frente ao aumento dos preços internacionais do petróleo, cujo barril chegou a mais de US$ 130. As medidas que estão sendo discutidas e formatadas, como a criação de subsídios para diminuir o preço da gasolina, fariam com que os governos estaduais e federal abrissem mão do recebimento de alguns impostos para promover essa desoneração.

Esse tipo de medida não apenas não resolveria o problema como deterioraria a já muito frágil situação fiscal do País — e certamente provocaria, a curtíssimo prazo, um aumento inflacionário com a desvalorização do real. O mais incrível é que o Brasil não precisa de nada disso, pois já tem a solução: trata se do etanol. Também chamado de álcool, é um biocombustível de origem vegetal que, no Brasil, é produzido a partir da cana-de-açúcar e, nos Estados Unidos, a partir do milho. Diferentemente do petróleo, que é fóssil, o etanol é um combustível muito mais limpo.

Ou seja, precisamos urgentemente aumentar o uso do etanol como combustível; e isso não é difícil. A grande maioria dos veículos em nosso país já é híbrido e aceita o etanol como combustível em seus motores; os postos de abastecimento sempre possuem bombas para abastecer com etanol.

Na verdade, o Proálcool (Programa Nacional do Álcool) foi criado há quase 50 anos e permitiu que o Brasil se saísse melhor que outros países nas crises mundiais anteriores. Mas o programa entrava em crise nos períodos em que o petróleo caía muito de preço. Desta vez, estamos diante de uma crise muito mais séria e que não se resolve a curto prazo.

Precisamos retomar o Proálcool, obviamente com novo formato, para que o mesmo não tenha que oscilar conforme as crises mundiais. Ele poderá ser não apenas uma grande saída para o Brasil: poderíamos, inclusive, dar um exemplo para o mundo ao utilizar uma alternativa mais barata e muito menos agressiva ao meio ambiente.

(Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em 15/3/2022)


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