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Segundo Vivian Marques Miguel Suen, há um momento em que a fome biológica é saciada, mas algumas pessoas continuam comendo pelo prazer de comer, o que é chamado de alimentação hedônica

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Por Alessandra Ueno em Jornal da USP | O cérebro controla todo o corpo e, inclusive, possui ligações com o sistema digestório. Um dos meios de comunicação é pelo nervo vago e suas ramificações. Esse transmissor de informações faz parte do sistema nervoso autônomo e controla funções involuntárias, além de servir como mensageiro, sobretudo, do cérebro para o coração e aparelho digestivo.

“Uma outra forma é por meio das bactérias que habitam o nosso intestino. Elas também participam dessa comunicação. Como elas fazem isso? Elas digerem os alimentos que nós comemos e produzem substâncias que também estimulam o nervo vago. Além disso, nós também sabemos que o estômago e o intestino produzem hormônios, chamados de peptídeos, que chegam ao cérebro e são muito importantes para regular a nossa fome e a nossa saciedade“, explica a professora Vivian Marques Miguel Suen da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e também coordenadora da Equipe de Terapia Nutricional do Hospital das Clínicas da FMRP-USP.

Mecanismos

Vivian Marques Miguel Suen – Foto: FMRP

A nossa fome pode ser controlada, principalmente, por dois sistemas: o fisiológico e o do prazer. Quando se aborda esse processo do ponto de vista da necessidade do organismo, envolve-se a necessidade de obter energia. Entretanto, os processos não são excludentes: ”Sentimos a necessidade de nos alimentarmos para manter o adequado funcionamento do corpo, a energia que a gente precisa para viver e todos os nutrientes, mas também pela sensação de prazer. Os dois mecanismos contribuem para a escolha que a gente faz dos alimentos”, diz Vivian.

Mas, ao comer, a fome biológica é saciada enquanto o prazer ainda deseja mais alimentos: “A partir de determinado ponto, nós estamos com fome, nós ingerimos o alimento e a nossa fome fisiológica, digamos assim, ela passa. Nesse momento, a gente não tem mais necessidade biológica, porém, algumas pessoas ainda continuam comendo pelo prazer de comer, que é o que nós chamamos de alimentação hedônica“, completa a professora.

Açúcar

Vários alimentos estão presentes na alimentação: desde os mais saudáveis até os industrializados, com muitos conservantes. Porém, dentre eles, os doces são os mais lembrados quando o assunto é comer por prazer. Eles contêm um alto teor de açúcar e Vivian explica o porquê deles serem tão visados pela fome hedônica: “Isso é muito interessante. É um assunto que precisa de muito estudo, muita investigação, mas o que a gente conhece até o momento é que o açúcar, quando é ingerido, de uma maneira bem geral, estimula o pâncreas. Então, a gente ingere o açúcar, ele chega lá no intestino, ele vai estimular o pâncreas e produzir a insulina. O que a insulina vai fazer? Ela vai fazer com que o açúcar entre para dentro da célula para que ele seja utilizado para produzir energia. No entanto, esse açúcar e a insulina vão chegar lá no cérebro, numa região que chama sistema mesolímbico e, nessa região, eles vão modificar a concentração de um neurotransmissor, a dopamina. Ela é responsável pela nossa sensação de prazer, então o açúcar tem essa função, tem essa capacidade”.

A ligação entre a fome, o prazer e o cérebro ainda tem muito a ser estudada e, por mais que alguns mecanismos interligando esses sistemas possam ser analisados, a variação de alimentos, abordagem nutricional e estilo de vida alteram toda a análise. É preciso também estar atento para apenas a questão do prazer na alimentação: “Está satisfazendo, provavelmente, uma necessidade psicológica e não uma necessidade fisiológica”, coloca a especialista.

Para saber mais sobre alimentos e suas relações com o cérebro, acesse: https://jornal.usp.br/ciencias/circuitos-neurais-envolvidos-na-identificacao-de-sabor-e-nutricao/ e https://jornal.usp.br/ciencias/consumo-excessivo-de-alimentos-ultraprocessados-aumenta-o-risco-de-declinio-cognitivo/ .


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

Este texto foi originalmente publicado pela Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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