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A má distribuição dos médicos oftalmologistas pelo País é uma das principais barreiras ao uso dos óculos, além da falta de uma integração do sistema de saúde para ajudar na solução do problema, apontam especialistas

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Por Ana Beatriz Fogaça em Jornal da USP | Ao andar na rua é comum ver pessoas usando óculos. Todo mundo conhece alguém que sofre com problemas de visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, mas o acesso ao tratamento e ao diagnóstico dessas doenças não é tão simples e acessível para todos. O censo de 2019 do IBGE indicou que, no Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas apresentam algum tipo de problema na visão, mas a desigualdade socioeconômica do País impede que o tratamento chegue a toda a população.

João Marcello Fortes Furtado – Foto: Currículo Lattes

O médico oftalmologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP João Marcello Fortes Furtado conta que, atualmente, no Brasil, apenas o médico oftalmologista é habilitado para prescrever o uso de óculos. “Somente o médico pode determinar esse tipo de tratamento, mas, como a prescrição de óculos não é ensinada na graduação de medicina, na prática, somente o oftalmologista faz isso”, pontua o médico. 

Em razão dessa especificidade para indicar o tratamento adequado, em lugares mais remotos, onde não há uma estrutura completa na área da saúde e onde a existência de especialistas é uma exceção, a população fica desamparada. Muitas vezes medidas ineficazes são utilizadas para solucionar o problema, como a compra de óculos vendidos em farmácias, cujo grau não é adequado para cada indivíduo.

Falta de acesso 

O médico conta que essa dificuldade para encontrar um profissional é uma das principais barreiras ao uso dos óculos no País. “Várias cidades no Brasil não contam com um especialista na área e, quando existe a presença do profissional, nem sempre ele está disponível. Por exemplo, se ele não trabalha na rede pública, o custo para sua consulta torna-se uma barreira para a parte da população mais vulnerável.” Além disso, é preciso considerar o custo que o indivíduo vai ter para comprar os óculos, que é outra limitação, em especial em lugares mais pobres. 

Apesar das realizações de mutirões para tentar atender à essa população e solucionar o problema, a medida não é suficiente. “Imagine uma situação de uma vez por ano ocorrer um mutirão e, ao fazer os óculos ali, por algum motivo, depois de pouco tempo ele se quebra.” Para aquela pessoa que não conseguiu comparecer naquele dia, ela terá que esperar até o próximo mutirão para o seu problema ser resolvido também, alerta o professor.

Alternativas 

Ricardo Paletta Guedes – Foto: Arquivo Pessoal

Apesar da falta de acesso ao oftalmologista ser uma das dificuldades para o tratamento adequado, o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Ricardo Paletta Guedes, acredita que o problema é mais complexo que isso. “O Brasil possui um número acima do indicado pela OMS para médicos oftalmologistas por habitante. O problema é que existe uma má distribuição, há locais com excesso de médicos e outros com falta.” Para Guedes, é preciso medidas públicas direcionadas para levar à correção dos defeitos refrativos – miopia, hipermetropia e astigmatismo – a toda a população brasileira. 

Furtado também acredita que uma melhor integração dos serviços de atendimento de saúde primária poderia ajudar a solucionar esse desafio nas áreas carentes. “Poderia, por exemplo, ser feita uma capacitação dos médicos, que são clínicos gerais, do programa de saúde da família.” Após a capacitação, o médico pode realizar o exame oftalmológico de casos não complicados, com supervisão de um oftalmologista, que pode ser feita de maneira remota, solucionando a grande maioria dos problemas de refração.

Para o professor da USP, a inserção de programas que forneçam óculos a custo zero também seria uma medida eficaz para as pessoas que não podem pagar por ele. “Da mesma forma que existem programas de fornecimento de medicação para hipertensão arterial, diabete, etc. na rede pública.” Apesar de reconhecer a importância dos mutirões, o médico diz que a população precisa de algo perene para as queixas do dia a dia.

Este texto foi originalmente publicado pela Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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