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Principais petroleiras não estão fazendo o suficiente para evitar os piores efeitos da mudança climática

Por WWF-Brasil | Nos últimos anos, o setor de óleo e gás tornou-se o centro das discussões sobre mudanças climáticas, uma vez que parte das emissões de gases de efeito estufa é gerada por algumas formas de produção e consumo de energia. Nesse cenário, as empresas de combustível fóssil passaram a ser tão responsáveis quanto os governos pelo aquecimento global. E foi assim que, no universo corporativo, o conceito de ESG (Environment, Social and Corporate Governance – ambiental, social e governança, ASG, em português), entendido como os critérios ambientais, sociais e de governança de uma empresa, passou a ganhar relevância na sociedade e nos negócios. 

A sigla surgiu em 2004, durante um encontro promovido pela ONU que reuniu os principais fundos de investimento do mundo a fim de entender como os riscos sociais e ambientais de uma empresa impactam os investimentos. Na questão ambiental, entram temas como emissão de gases poluentes, como o carbono e metano; poluição do ar e da água; desmatamento; gestão de resíduos; eficiência energética; biodiversidade; entre outros. 

“Algumas empresas já têm claro que o ESG é uma pauta urgente e incluíram em seus objetivos estratégicos metas para redução do impacto ambiental e maior protagonismo social, porque de fato desejam ser melhores para o mundo”, explica Gisele Ramos, CEO da ESG Venture Builder. “Outras, no entanto, estão vindo por conveniência, para acessar fundos de investimento específicos ou ter valorização da marca.” Por fim, destaca a CEO, que virão por constrangimento aquelas que ainda estão discutindo a importância da sustentabilidade no ambiente de negócios. Isso porque, apesar da relevância do tema, o ESG ainda não é tão presente nas estratégias e nos investimentos das organizações. 

Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em parceria com o Chapter Zero Brazil – o capítulo brasileiro da Climate Governance Initiative (CGI), apenas 35,6% dos 104 membros de conselhos de administração de empresas entrevistados no país disseram que as mudanças climáticas estão na pauta de reuniões pelo menos quatro vezes ao ano. Além disso, somente 28,9% disseram que os comitês de assessoramento levam em conta as mudanças climáticas e suas discussões. 

Embora os benefícios do ESG sejam claros, tanto para os negócios, quanto para investidores e para a sociedade, muitas empresas não possuem metas claras e ações práticas. No setor de óleo e gás, as principais petroleiras não estão fazendo o suficiente para evitar os piores efeitos da mudança climática, apesar das promessas públicas de combater o problema. Esse alerta foi feito em um painel do Congresso dos EUA realizado neste mês, com base em documentos divulgados a partir de uma investigação. 

Enquanto isso, o interesse e cobrança dos investidores está crescendo, com grandes fundos ao redor do mundo reavaliando seus investimentos e cortando empresas que não fazem a gestão de seus riscos sociais e ambientais. Só no Brasil, os patrimônios dos fundos com essa temática passaram de R$ 1,03 bilhão em 2008 para R$ 2,01 bilhões em março de 2022, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). “Não há mais espaço para negócios de velha economia, que buscam lucro acima de tudo. O mundo precisa de negócios regenerativos e conscientes, e os consumidores já percebem o valor desses negócios”, enfatiza a CEO Gisele Ramos. 

Grandes petroleiras como a Petrobras, por exemplo, apesar de avançarem na agenda ESG na governança e nos negócios, ainda engatinham na transição energética – ou estão indo na direção contrária. O plano estratégico da companhia para o período entre 2023 e 2027 prevê um aumento de 40% dos investimentos da estatal, cerca de US$ 6 bilhões, para exploração de petróleo na Margem Equatorial, composta por áreas ambientalmente sensíveis e estratégicas em relação à biodiversidade, como a Foz do Amazonas. 

Ao jornal Valor Econômico, Daniela Jerez, analista de políticas públicas do WWF-Brasil, e Suely Araújo, especialista sênior de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, ressaltam que a exploração de petróleo é a segunda atividade que mais emite gases de efeito estufa no planeta. “Do ponto de vista climático, não há mais tempo para adiar o corte das emissões oriundas das fontes fósseis. Do ponto de vista financeiro, trata-se de uma agenda anti-ESG, que trará prejuízos a todos envolvidos nesse tipo de produção.”

Isadora Coutinho e Maria Clara Arouca, pesquisadoras do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), reforçaram, em artigo ao Poder 360, a necessidade de reposicionar empresas petroleiras para a transição energética. “Movimentos de diversificação de portfólio mostram como essas empresas estão atentas ao grande potencial para desenvolvimento de renováveis no Brasil, buscando assegurar espaço no processo da transição energética. Já a Petrobras, enquanto não retomar uma atuação de empresa de energia, não parece que estará fazendo parte do futuro da energia no país.”


Este texto foi originalmente publicado por WWF Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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