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Seguir uma dieta carnívora pode ser prejudicial ao meio ambiente, entenda

A dieta carnívora é um plano alimentar que consiste na ingestão exclusiva de carne e outros produtos de origem animal, como ovos e leite. Ela é comumente promovida como um tipo de dieta benéfica para a perda de peso, regulação do açúcar e outros benefícios à saúde. 

No entanto, excluir o consumo de alimentos vegetais, como frutas, legumes e verduras, pode ser um problema. Além de ser incrivelmente restrita, a dieta carnívora pode ser insalubre a longo prazo e, adicionalmente, nenhuma pesquisa apoia seus supostos benefícios.

A sua popularidade aumentou em 2019, com a publicação do livro The Carnivore Diet, escrito por Shawn Baker, um cirurgião ortopédico. No texto, Baker fala dos benefícios de uma alimentação inteiramente carnívora, defendendo-a no contexto do consumo de alimentos ricos em proteínas. 

Porém, em 2017, a licença médica de Baker foi revogada pelo Conselho Médico do Novo México devido a preocupações sobre sua competência. Em 2019, ela foi reintegrada, porém com a exigência de supervisão direta no exercício da medicina. 

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Como fazer a dieta carnívora?

Seguir a dieta carnívora envolve a eliminação de todos os alimentos de origem vegetal da alimentação, consumindo apenas carne, frutos do mar, peixes, ovos e pequenas quantidades de laticínios com baixo teor de lactose.

Alguns alimentos que podem ser consumidos durante a dieta são: carne bovina, frango, porco, cordeiro, peru, salmão, sardinha, peixe branco e pequenas quantidades de creme de leite e queijo duro. As bebidas permitidas pelo plano incluem apenas água e caldo de ossos, desencorajando o consumo de chás, café, sucos e outras bebidas feitas através de alimentos vegetais.. 

Não existe um plano concreto do consumo de calorias dentro da dieta carnívora. Desse modo, seus seguidores são encorajados a se alimentar apenas quando sentirem fome. 

pedaços de carne vermelha crua, alimentos comuns na dieta carnívora
Foto de Kyle Mackie na Unsplash

Possíveis benefícios da dieta carnívora

A promoção da dieta carnívora como uma dieta que ajuda no emagrecimento deriva de alegações que o consumo de altos níveis de proteína ajudam na saciedade e também exclui o consumo de carboidratos. 

Entretanto, de acordo com nutricionistas, como Sandy Younan Brikho, nutricionista dietética registrada em San Diego, a perda de peso pode derivar da restrição da dieta carnívora, que limita o consumo de diversos alimentos, reduzindo a probabilidade de as pessoas comerem demais.

Seguindo quase a mesma premissa da dieta cetogênica ou de outras dietas low carb, esse estilo alimentar exclui a ingestão de carboidratos. Em situações normais, o corpo produz energia a partir da queima de glicose dos carboidratos dietéticos, incluindo açúcares e alimentos ricos em amido. Diante da falta de glicose, o corpo procura outros meios para executar essa função, queimando reservas de gordura e usando a glicose dos triglicerídeos.

Além disso, o consumo de proteínas ajuda no aumento da sensação de saciedade, o que pode levar à redução da ingestão de calorias e subsequente perda de peso.

Um estudo realizado em 132 adultos com excesso de peso ou obesidade comparou os efeitos de perda de peso de 4 dietas com restrição calórica. De acordo com os resultados, os adultos que comeram dietas ricas em proteínas com 0,9–1,3 gramas por quilogramas de peso corporal por dia perderam mais peso e massa gorda do que aqueles que comeram 0,5 –0,9 gramas por dia. (1)

O corte de carboidratos, por outro lado, também pode causar a redução dos níveis de açúcar do sangue através da restrição do consumo de alimentos industrializados. 

Porém, é importante ressaltar que nenhuma pesquisa comprovou os benefícios específicos associados à dieta carnívora.

Riscos associados à dieta

De acordo com um estudo publicado em 2020, o consumo excessivo de carne e produtos de origem animal pode ser prejudicial à saúde humana, com evidências relacionadas ao câncer, doenças do coração, doenças metabólicas, obesidade, diabetes e a episódios de acidente vascular cerebral. 

A dietista Katie Patton e outros profissionais da área da saúde não recomendam a dieta carnívora. Quando questionada sobre o que é melhor para saúde, Patton afirmou: “É realmente sobre encontrar um equilíbrio no que é certo para você.”

Além disso, existem diversos outros riscos atribuídos à essa dieta, como: 

Doenças cardiovasculares

Embora muitos seguidores da dieta acreditem que a dieta carnívora pode reduzir os níveis de inflamação, alimentos como a carne vermelha são comumente categorizados como inflamatórios. De fato, alimentos de origem animal são ricos em gorduras saturadas, que aumentam o colesterol ruim (LDL), o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas.

Deficiências nutricionais 

A dieta carnívora exclui o consumo de diversos alimentos nutritivos e benéficos, como frutas, vegetais, legumes e grãos. Especificamente, a dieta pode restringir o consumo de vitaminas como a vitamina A, C e B. 

Além disso, dietas ricas em alimentos vegetais já foram comumente associadas com menor risco de certas condições, como doenças cardíacas, certos tipos de câncer, Alzheimer e diabetes tipo 2. Isso é um resultado do conteúdo de fibras, nutrientes, vitaminas, minerais e antioxidantes de alimentos vegetais, que não são encontrados na dieta carnívora

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Câncer

Durante um período de quatro anos, o dado de mais de 400 mil britânicos foi analisado para investigar a associação entre o desenvolvimento do câncer com o consumo de carne. A pesquisa publicada no BMC Medicine indica que pessoas que comem menos carne, ou não comem carne em geral, têm menos risco de desenvolver a condição. 

Dentre os participantes, 52% comia carne e apenas 2% eram considerados veganos ou vegetarianos. Até a conclusão do estudo, mais de 50 mil dos entrevistados, o que equivale a 12%, desenvolveram algum tipo de câncer. 

De acordo com o resultado da pesquisa, veganos e vegetarianos tinham 14% menos chances de desenvolver a condição em comparação com os participantes que comiam carne mais de cinco vezes por semana. Pescetarianos apresentaram 10% menos riscos.

Em casos de câncer de próstata, participantes que não comem carne apresentaram 30% menos riscos. 

Problemas digestivos

A fibra é um carboidrato não digerível encontrado apenas em alimentos vegetais. Esse composto promove a saúde do trato digestivo, promovendo movimentos regulares e o equilíbrio de bactérias benéficas do intestino. 

Por ser encontrada apenas em alimentos vegetais, seguir uma dieta carnívora resulta na falta de consumo da fibra. Isso, além de potencialmente causar problemas inflamatórios, também contribui para a constipação intestinal. 

Não é adequada para todas as pessoas

Uma dieta exclusiva de carne é extremamente restrita e não é adequada para algumas pessoas. De fato, pessoas que limitam o consumo de proteínas, como pessoas com doença renal crônica, não devem seguir a dieta.

Pessoas sensíveis ao colesterol nos alimentos também devem ser cautelosos ao consumir alimentos com alto teor de colesterol.

Em geral, especialistas recomendam uma alimentação balanceada, com a ingestão de proteínas, gorduras vitaminas e minerais, que são tudo que você precisa para continuar saudável. Por isso, e por conta dos outros problemas associados à dieta carnívora de baixo carboidrato, ela não é recomendada.

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Problemas ambientais 

Acredita-se que cerca de 40% das emissões de gases do efeito estufa são causadas pelo impacto da agricultura e agropecuária.  A produção de carne, por exemplo, afeta o meio ambiente por diversos fatores, alguns deles sendo: 

  • A emissão do gás metano, que é produzido em grandes quantidades pelos animais da agropecuária – como porcos e vacas. 
  • O desmatamento que ocorre para abrir campos de pasto para esses animais libera níveis elevados de CO2 para atmosfera por conta das queimadas.
  • A falta de árvores custa para a absorção de CO2. 
  • Muitos litros de água são usados por dia pela agropecuária e para a produção de carnes e derivados.
  • Os fertilizantes com base de nitrogênio liberam óxido nitroso na atmosfera.

Portanto, consumir uma dieta inteiramente carnívora, além de potencialmente ser prejudicial à saúde, também pode resultar em uma maior pegada ambiental. 


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