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Novo sumário do IPCC, voltado a formuladores de políticas, ressalta importância do manejo sustentável do solo e da mudança no modelo alimentar para adaptação às mudanças climáticas

Imagem editada e redimensionada de Alexandr Podvalny, está disponível no Unsplash

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – órgão criado em 1988 pela WMO e pelo Unep que analisa informações científicas, técnicas e socioeconômicas mundiais para compreender e combater as mudanças climáticas – divulgou um novo sumário na quarta-feira (7).

Com nome original em inglês “Summary for Policymakers“, o novo sumário – com 53% dos autores originários de países em desenvolvimento – é voltado para os formuladores de políticas e traz como temas principais: Interação Solo-clima; Desertificação; Degradação dos Solos e Segurança Alimentar.

Manejo sustentável do solo é imprescindível, mas não é a única solução

O relatório conclui que o manejo sustentável dos solos é peça-chave no combate às mudanças climáticas – entretanto, essa não é a única solução. De acordo com o relatório do IPCC, é necessário haver uma redução das emissões dos gases do efeito estufa em todos os setores econômicos para manter a temperatura média global abaixo dos 2ºC – meta estabelecida no Acordo de Paris.

O manejo sustentável do solo evita deslizamentos de terra em períodos de chuva intensa e viabiliza a segurança alimentar, principalmente com o aumento da demanda por alimentos de uma população planetária cada vez maior. Esse manejo deve incluir a diversificação dos sistemas de cultivo, incluindo o agroflorestamento e a agricultura urbana e periurbana; a produção de biomassa para produção de energia com captura e sequestro de carbono e mudanças no modelo alimentar.
A bioenergia precisa ser gerida de modo que evite riscos à segurança alimentar, à biodiversidade e à saúde dos solos.

O manejo sustentável do solo, além de ser imprescindível para proteger comunidades vulnerabilizadas pelos deslizamentos de terra – que tendem a aumentar com as chuvas mais intensas em contexto de mudanças climáticas -,  também evita a escassez de água em decorrência da desertificação, reduz os danos causados por incêndios e a degradação do permafrost.

Segundo o relatório, aproximadamente 500 milhões de pessoas vivem em áreas que sofrem desertificação. Regiões áridas e zonas que sofrem desertificação também estão mais vulneráveis às mudanças climáticas e a eventos extremos, incluindo secas, ondas de calor e tempestades de poeira, com uma população global crescente trazendo mais pressão para esses contextos.

Os mais ricos precisam diminuir o consumo de produtos pecuários

De acordo com as informações do novo sumário do relatório do IPCC, a população humana precisa aderir um novo modelo alimentar. Esse novo modelo sugere a redução no consumo de produtos pecuários, como a carne de vaca, de porco e o leite de origem animal pelas populações com excesso de consumo; e aumento do consumo das populações subnutridas.

Essa mudança no modelo alimentar é saudável econômica, social e ambientalmente e poderia resultar em um declínio da desnutrição, assim como na redução do risco de morbidade e mortalidade devido ao excesso de consumo.

Uma dieta vegetariana reduz as emissões de gases de efeito estufa, os custos das mitigações, a insegurança alimentar, as necessidades de terras agrícolas e pastagens e ainda aumenta a proteção da biodiversidade. Ao diminuir a pressão sobre a terra, a redução da demanda por meio de mudanças na dieta também pode reduzir a intensidade da produção, o que diminui a erosão do solo e fornece benefícios a outros indicadores ambientais, como desmatamento e diminuição do uso de fertilizantes (N e P), pesticidas, água e energia, levando a benefícios potenciais para adaptação, desertificação e degradação da terra.

De acordo com pesquisador do Painel Intergovernamental, o solo já em uso poderia alimentar o mundo no contexto mudanças de climáticas e ainda fornecer biomassa para a energia renovável, mas é necessária uma ação antecipada e extensa em várias áreas.

É preciso melhorar a gestão na distribuição dos alimentos

De acordo com o relatório do IPCC, aproximadamente um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado em operações de pós-produção. A maioria dessas perdas se deve à gestão ineficiente, principalmente porque, com a distância entre produção e consumidor final, aumentam os estragos decorrentes da necessidade de armazenamento.

Reduzir o desperdício de alimentos após a colheita pode melhorar a segurança alimentar nos países em desenvolvimento, enquanto nos países desenvolvidos as ações contra o desperdício deve se dar principalmente no varejo e no consumo final.

O relatório mostra que é necessário não somente mitigar os danos já existentes, mas prevenir impactos futuros, aprimorando a resiliência das comunidades a eventos extremos, que têm impacto nos sistemas alimentares.

Indiretamente, o relatório aponta para um problema já mencionado pelo Portal eCycle: a gentrificação climática. Claramente, a desigualdade social faz com que uma parte da população esteja mais vulnerável às mudanças do clima. Por isso, é preciso uma gestão sustentável do solo, que além de ser capaz de manter o carbono armazenado, garanta o fornecimento de alimento para populações marginalizadas, evite os desastrosos deslizamentos de terra que atingem marjoritariamente essa mesma população e incentive a redução do consumo de produtos pecuários pelos mais ricos.

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