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A ayahuasca é uma bebida feita a partir da mistura de diferentes espécies de plantas, utilizada para cura espiritual em cerimônias e rituais. No Brasil, seu uso em rituais passou a ser legal em 1987. Em 2020, o projeto de Lei 179/20 disciplinou o uso da bebida, reconhecendo as identidades religiosas que utilizam o chá de maneira legal e proibindo que práticas sejam feitas com o intuito de obter lucro.

A ayahuasca é usada comumente por grupos indígenas e xamânicos para ampliar a consciência e obter uma percepção diferente da realidade. Seus efeitos têm sido avaliados em estudos para compreender suas propriedades de cura. Saiba mais a seguir!

O que é ayahuasca?

A ayahuasca é uma bebida usada há pelo menos 4 mil anos na Amazônia. Entre os povos que a utilizam, pode-se citar Ashaninka, Kashinawa, Ayanawa, Katuquina, Arara e Siona. No Brasil, seu uso se expandiu pelos centros urbanos a partir da consolidação de práticas religiosas como o Santo Daime e a Barquinha.

A palavra “ayahuasca” é um termo quíchua, que é uma família de línguas indígenas da América do Sul. “Aya” quer dizer persona, alma, espírito morto e “waska” se refere a cipó, corda, trepadeira ou videira. Esses vocábulos se referem às plantas e ao cipó utilizados como base da preparação da bebida. A ayahuasca é feita a partir da mistura de diferentes espécies do cipó Banisteriopsis (conhecido como cipó-mariri, jagube, yagé ou caapi) com outras plantas, como Psychotria viridis (chacrona) e Diplopterys cabrerana (chaliponga).

Para a produção do chá de ayahuasca, essas plantas passam por um processo de decocção, em que as folhas geralmente são fracionadas e postas na água para ferver. É nesse processo que elas liberam seus princípios ativos.

Uma das plantas, a chacrona, possui o alcaloide dimetiltriptamina (DMT), uma substância que é naturalmente encontrada em raízes, caules e folhas de diversas plantas, em tecidos de mamíferos, animais marinhos e anfíbios e no sangue, urina e fluido do cérebro humano. Essa substância é um psicoativo potente, mas seus efeitos não são percebidos, porque o DMT é metabolizado pela enzima monoamino oxidase (MAO).

No entanto, se o DMT for misturado às beta-carbolinas do cipó-de-mariri, a enzima MAO é inibida. Com isso, o DMT pode chegar ao cérebro, elevando os níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina, agindo com intensidade e provocando os efeitos conhecidos da ayahuasca.

Efeitos da ayahuasca

Os efeitos da ayahuasca incluem:

  • Ampliação da consciência;
  • Percepção diferente da realidade;
  • Visões de ancestrais;
  • Miragens;
  • Processos de limpeza, como vômitos e diarreia.

Esses efeitos são almejados para abrir a mente dos povos que realizam o ritual da ayahuasca. Eles consideram a bebida uma maneira de curar traumas passados, experimentar uma jornada de autoconhecimento ou uma forma de largar vícios, como drogas, cigarros e álcool, entre outras finalidades. Além disso, os estudos científicos sobre a ayahuasca trazem à tona suas propriedades terapêuticas e medicinais.

Pode beneficiar o cérebro

Em estudo, o alcaloide DMT, que está presente na chacrona utilizado na ayahuasca, demonstrou ter qualidades neuroprotetoras, isto é, protege os neurônios contra danos que afetam o sistema nervoso. O DMT ativa o receptor sigma-1 que é uma proteína que bloqueia a neurodegeneração e regula a produção de antioxidantes que protegem as células cerebrais. Além disso, no estudo, o DMT protegeu as células cerebrais humanas de danos causados pela falta de oxigênio.

Outra substância presente na ayahuasca, a harmina, possui efeitos anti-inflamatórios, neuroprotetores e pode aumentar a memória (confira estudos a respeito: 1, 2).

Pode aumentar o bem-estar e auxiliar casos de depressão

Estudos sobre a ayahuasca mostraram que a bebida pode melhorar a atenção plena, o humor e a regulação emocional. Outras pesquisas relataram melhoras significativas na gravidade da depressão quando os participantes utilizaram ayahuasca. (confira estudos a respeito: 3, 4, 5, 6).

Um estudo patrocinado pelo Imperial College London também revelou que a ayahuasca pode ter efeitos contra a depressão logo após 24 horas do seu uso. Na pesquisa, depois do tratamento com a bebida, o nível do cortisol dos pacientes (hormônio envolvido na resposta ao estresse) baixou e voltou a ter um valor semelhante ao de voluntários saudáveis. Além disso, os resultados mostram que os efeitos do chá podem ter importante papel na redução do risco de suicídio.

Efeitos adversos e precauções

A ayahuasca pode gerar vômitos, diarreia, paranoia e pânico, mas esses são efeitos temporários. Em alguns casos, o chá pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Além disso, as substâncias da bebida podem interagir perigosamente com muitos medicamentos. Mas muitas vezes esses efeitos são advindos de uma má preparação ou de dosagem incorreta.

Por isso, é preciso se precaver anteriormente e entender se você tem as condições necessárias para obter uma experiência positiva com a ayahuasca. O Livretos informativo sobre Drogas Psicotrópicas orienta para que o consumo da bebida seja feito acompanhado por um guia ou sacerdote que possui as habilidades para preparar e conduzir a prática.

Ayahuasca é um alucinógeno?

A colonização em diversos locais do mundo deixou muitos estigmas sociais aos povos nativos. No Brasil, por exemplo, os colonizadores subjugaram os indígenas e os estereotiparam como portadores de uma cultura inferior. Com isso, algumas práticas permaneceram dotadas de preconceito e estigma.

Sob esse ponto de vista, descrever a ayahuasca como alucinógeno ou psicodélico pode ser uma maneira pejorativa de apontá-la – ainda que áreas como a farmacologia definem a bebida dessa maneira.

O professor Luis Fernando Tófoli do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp aponta que as pessoas que fazem uso ritualístico da ayahuasca preferem usar a palavra “enteógeno”. Esse termo se refere a substâncias que alteram a consciência e induzem ao estado de êxtase ou ainda significa “o que gera deus dentro de si”, trazendo à tona a tradicional experiência mística da ayahuasca.


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