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Estudo coordenado por pesquisadores da UFRGS revela que o bioma Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro, contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida do país

Por UFRGS | Estudo publicado dia 16 de fevereiro na revista internacional Frontiers of Biogeography aponta a presença de mais de 12.500 espécies atualmente conhecidas no bioma Pampa, entre plantas, animais, fungos e outros microorganismos. Isso significa que o Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro, contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida do país. O artigo “12,500+ and counting: biodiversity of the Brazilian Pampa” (“12.500 e contando: biodiversidade do Pampa brasileiro”) é resultado de um esforço coletivo de mais de 120 pesquisadores de 70 instituições de pesquisa e foi liderado pelo professor Gerhard Overbeck e os pesquisadores de pós-doutorado Bianca Ott Andrade e William Dröse, do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre. “A pergunta inicial do artigo é bastante simples: qual é a biodiversidade do bioma Pampa?”, relata Gerhard Overbeck. “O Pampa é a região do extremo sul do Brasil, conhecida pelas planícies de campos a se perder de vista, mas que também inclui diversos outros ambientes, como florestas, banhados ou butiazais. O conhecimento sobre a sua biodiversidade vem crescendo ano a ano, mas esses dados não são facilmente disponíveis, de maneira que aquela pergunta simples inicial não pode ser respondida. Assim, surgiu a ideia para esse estudo”, continua.

Os três pesquisadores reuniram uma rede de especialistas nos mais diferentes grupos de organismos. Em um esforço que durou mais de dois anos, construíram uma base de dados de biodiversidade do Pampa e obtiveram resultados surpreendentes. Para praticamente todos os grupos de organismos, o estudo resultou em números mais altos do que o conhecido ou estimado anteriormente. E para alguns grupos em especial, como é o caso das algas e fungos, esse número foi muito maior do que se conhecia para a região e proporcionalmente para o Brasil. Os dados também evidenciam uma contribuição especialmente alta do Pampa para alguns grupos de organismos, como aves, mamíferos e abelhas. “Os dados demonstram que o Pampa possui biodiversidade alta não só no grupo de plantas campestres, onde já havia um bom conhecimento antes, mas também em muitos outros grupos”, detalha William Dröse. “E temos de considerar que em muitos grupos, por exemplo nas formigas, há muitas espécies que nem foram descritas ainda.”

O Pampa emerge, com esse trabalho de síntese, como um bioma com biodiversidade alta. No entanto, segundo dados atuais da iniciativa MapBiomas, é uma região que sofre perdas muito rápidas de ecossistemas nativos e, com isso, da biodiversidade nativa. “A perda de biodiversidade nativa implica na perda de serviços ecossistêmicos importantes para as populações humanas”, pondera Bianca Andrade. “Dessa maneira, esperamos que os dados contribuam para uma consideração maior da conservação dos ecossistemas nativos em políticas públicas nas quais o Pampa ainda recebe relativamente pouca atenção”, acrescenta.

Os autores do artigo chamam atenção para o fato de que, em um mundo sob efeito de mudanças globais, a biodiversidade é um tema de fundamental importância em políticas públicas. Consequentemente, é preciso – além de conservá-lo – investir em programas de pesquisa sobre biodiversidade, bem como na promoção do tema biodiversidade em currículos escolares. Os dados compilados pelos pesquisadores estão disponíveis online, na página da revista. Os autores pretendem realizar atualizações periódicas da base de dados.


Este texto foi originalmente publicado pela UFRGS de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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