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Rios voadores ganham corpo na Amazônia e influenciam o clima de vários estados brasileiros

Rios voadores são volumes de vapor de água que se originam no oceano Atlântico, próximo à linha do Equador. Esses volumes se transformam em chuva quando chegam à região da Amazônia e posteriormente avançam em direção à cordilheira dos Andes.

Ao alcançarem os Andes, são desviados e flutuam sobre países como Bolívia e Paraguai, além de atravessarem o centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A maior parte das massas de ar que compõem os rios voadores é proveniente do oceano. Essa umidade é transportada para a América do Sul pelos ventos alísios, que sopram de leste para oeste. Posteriormente, ao atingir a região dos Andes, ela é direcionada para o sul.

Os rios voadores possuem cerca de três quilômetros de altura, algumas centenas de largura e milhares de extensão. Isso significa que, em alguns dias do ano, um rio com a quantidade de litros de água equivalente à vazão do rio Amazonas atravessa os céus do Brasil.

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Como os rios voadores se formam?

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Rios voadores. Por Amazônia Real, sob a licença CC BY 4.0

Rios voadores formam-se a partir da elevação de água para a atmosfera, proveniente da umidade oceânica transportada por ventos alísios em direção à América do Sul, sendo posteriormente direcionada para o interior do continente pelos Andes. 

A expressão “rios voadores” é apenas metafórica, sendo estes tecnicamente chamados de “jatos de baixos níveis”.

Os especialistas em meteorologia e hidrologia têm conhecimento dos rios voadores desde o início dos anos 1960, mas a origem dos vapores e a forma como eles interagem com a superfície do planeta ou como ajudam na formação de nuvens gigantes — que sobem a 15 quilômetros acima do solo — foram descobertas apenas mais tarde.

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Descobriu-se que os rios voadores sofrem transformações ao passarem pelo Brasil. Enquanto cruzam a floresta amazônica, eles absorvem a água evaporada do solo e das plantas, permitindo que outra parte adicional da umidade amazônica alcance o sul do país e possivelmente contribua para a formação de chuvas.

Como os rios voadores foram estudados

Para serem analisados, os rios voadores exigiram uma equipe multidisciplinar de cientistas. Foram feitos 12 voos sobre diferentes regiões do país para coletar amostras de vapor d’água que se condensavam em um tubo resfriado por gelo-seco.

Em um desses voos, sob condições atmosféricas favoráveis, foi analisado o rio voador que percorre a Amazônia até São Paulo. Calculou-se que, em determinado trecho, a quantidade de água que flui é de 3.200 metros cúbicos por segundo, sendo maior do que a vazão do Rio São Francisco – um dos principais cursos d’água do Brasil.

Toda a água carregada por essa corrente de ar em 24 horas equivale a 115 dias de consumo de água da cidade de São Paulo, que possui 12,11 milhões de habitantes. Em menos de dois anos foram coletadas 500 amostras de água obtidas de 500 a 2 mil metros de altitude.

Qual é a importância dos rios voadores?

Os estudos a respeito dos rios voadores mostraram que há uma clara colaboração da umidade que evapora da bacia amazônica para as chuvas do Sul e do Sudeste. Nos dias que o rio voador passa sobre a floresta amazônica — isso acontece apenas em cerca de 35 dias por ano — mais umidade chega ao Centro-Oeste, ao Sudeste e ao Sul, aumentando a probabilidade de chuvas.

Quando os rios voadores passam sobre a Amazônia, eles aumentam, em média, em 20% a 30% a umidade do ar em Ribeirão Preto, por exemplo, elevando o potencial de chuvas. Algumas vezes esse aumento de umidade pode chegar a 60%.

Como o desmatamento pode afetar os rios voadores?

Há uma grande preocupação por parte dos especialistas em rios voadores quanto às consequências do desmatamento na Amazônia.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) alertam que o abastecimento de água de várias regiões do País pode estar em risco pela falta de preservação da Floresta Amazônica.

Sem a floresta, os rios voadores vindos do oceano podem chegar mais rápido no continente, em dois ou três dias e aumentar o risco de tempestades severas no sul do país.

A retirada da floresta diminuiria em 15% a 30% as chuvas na Amazônia, reduziria o volume de chuvas no Sul e na bacia do Prata e aumentaria eventos climáticos extremos na mesma região. Dessa forma, também é destacada a importância dos rios voadores para a agricultura, já que essa atividade geoeconômica é frágil às mudanças climáticas e à falta de água. 


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