Pesticidas são substâncias utilizadas no campo que podem ser tóxicas para saúde humana e meio ambiente
Pesticidas são substâncias desenvolvidas tecnologicamente para serem utilizadas no campo. Eles são classificados por diferentes tipos, tais como herbicidas, inseticidas e fungicidas de acordo com a praga. Além disso, apesar de serem amplamente utilizados, os pesticidas podem ser tóxicos e prejudiciais para a saúde humana e outros fatores relacionados ao meio ambiente.
Para que serve um pesticida?
Segundo o National Pesticide Information Center, um pesticida pode ser uma substância química ou um agente biológico (bactéria, vírus), que se destina a prevenir, destruir, repelir ou mitigar qualquer “praga”. Dessa forma, eles servem para matar organismos que se proliferam em um ambiente em desequilíbrio, como no caso de monoculturas — uma prática que se estabeleceu com a Revolução Verde.
Há diferentes tipos de pesticidas para cada situação específica. Conheça alguns deles:
Quais são os tipos de pesticidas?
Algicidas
Os algicidas agem matando e retardando o crescimento das algas. Portanto, são comumente utilizados para corpos d’água controlados (reservatórios, lagos e piscinas), mas também podem ser usados em terra para locais como gramados.
Antimicrobianos
Pesticidas antimicrobianos são substâncias ou misturas de substâncias usadas para destruir ou suprimir o crescimento de microrganismos nocivos, como bactérias, vírus ou fungos em objetos e superfícies inanimados. Produtos antimicrobianos contêm cerca de 275 ingredientes ativos diferentes e são comercializados em muitos tipos de formulações, incluindo: sprays, líquidos, pós concentrados e gases.
Biopesticidas
Incluem substâncias naturais que controlam pragas (pesticidas bioquímicos), microrganismos que controlam pragas (pesticidas microbianos) e substâncias pesticidas produzidas por plantas que contêm material genético adicionado (protetores incorporados em plantas). Ou seja, são feitos a partir de organismos vivos.
Fungicidas
São classificados como pesticidas que matam ou previnem o crescimento de fungos e seus esporos. Eles podem ser usados para controlar fungos que danificam plantas, incluindo ferrugem, míldio e pragas e também podem ser usados para controlar mofo e bolor em outros ambientes.
Herbicidas
Herbicidas são produtos químicos usados para manipular ou controlar vegetação indesejada, como ervas daninhas. A aplicação de herbicidas ocorre mais frequentemente em cultivos em linha, onde são aplicados antes ou durante o plantio para maximizar a produtividade da cultura minimizando outras vegetações. Adicionalmente, também podem ser aplicados às culturas no outono, para melhorar a colheita.
Inseticidas
Inseticidas são pesticidas formulados para matar, prejudicar, repelir ou mitigar uma ou mais espécies de insetos. Inseticidas funcionam de maneiras diferentes — alguns perturbam o sistema nervoso, enquanto outros podem danificar seus exoesqueletos, repeli-los ou controlá-los por outros meios. Assim como os antimicrobianos, também podem ser embalados em várias formas, incluindo sprays, pós, géis e iscas.
Moluscidas
Usados contra moluscos, são geralmente aplicados na agricultura ou jardinagem, a fim de controlar pragas gastrópodes. Especificamente, os moluscidas controlam a população de lesmas e caracóis que danificam plantações ou outras plantas valiosas ao se alimentarem delas.
Rodenticidas:
De acordo com o National Pesticide Information Center, os rodenticidas são pesticidas que matam roedores — incluindo ratos e camundongos, mas também esquilos, marmotas, esquilos, porcos-espinhos, nutrias e castores. Embora os roedores desempenhem papéis importantes na natureza, eles podem às vezes exigir controle – eles podem danificar plantações, violar códigos de habitação, transmitir doenças e, em alguns casos, causar danos ecológicos.
Outras classificações
Além disso, eles podem ser classificados de acordo com sua composição, sendo eles pesticidas botânicos, orgânicos de síntese ou inorgânicos:
- Botânicos: são a base de nicotina, sabadina, piretrina e retenona.
- Orgânicos de síntese: são a base de carbamatos (nitrogenados), clorados, fosforados e clorofosforados.
- Inorgânicos: são a base de Arsênio, Tálio, Bário, Nitrogênio, Fósforo, Cádmio, Ferro, Selênio, Chumbo, Mercúrio, Zinco, Cobre, entre outros.
Qual é a diferença entre pesticidas e agrotóxicos?
Os termos “pesticida” e “agrotóxico” representam a mesma coisa, isto é, os produtos desempenham a mesma função. No entanto, o Brasil foi o único país que adotou o termo “agrotóxico” no lugar de “pesticida”. Isso aconteceu em 1989, quando o Governo Federal estabeleceu a Lei dos Agrotóxicos. Apesar disso, algumas tentativas de mudança de termo de “agrotóxico” para “pesticida” já foram feitas.
O que os pesticidas causam?
Riscos para o meio ambiente
Todos os pesticidas possuem algum risco dependendo da toxicidade dos ingredientes e quantidade de exposição. Alguns deles são mais tóxicos que outros, e, dependendo da composição, um pesticida é capaz de contaminar o solo, a atmosfera e os lençóis freáticos; além de prejudicar organismos não alvo, como plantas, animais e pessoas.
Um estudo publicado na Nature Geoscience mapeou o risco de poluição por pesticidas e constatou que 64% das terras aráveis do mundo estão sob risco de poluição por pesticidas que causam impactos adversos na saúde humana. A pesquisa também mostrou que 34% das áreas de alto risco estão em regiões de alta biodiversidade, o que pode desequilibrar cada vez mais ecossistemas e degradar a qualidade das fontes de água.
Muitos inseticidas podem intoxicar abelhas e borboletas, importantes polinizadores que ajudam as plantas a se reproduzirem. Os pesticidas neonicotinoides ou neônicos, por exemplo, são comumente utilizados em plantações e têm sido apontados por pesquisadores como uns dos principais contribuintes para o declínio das populações de abelhas.
Outro estudo sugere que os impactos dos pesticidas podem se acumular ao longo de várias gerações, o que pode exacerbar a perda de espécies polinizadoras.
Riscos para a saúde humana
O uso desses pesticidas também pode trazer riscos para a saúde humana. Isso pode acontecer quando são usados dentro ou ao redor de casas e jardins, quando se trabalha diretamente com os produtos ou, ainda, quando são utilizados nos alimentos.
O glifosato, por exemplo, é um herbicida que pode causar intoxicação aguda humana. Ele está entre os dez agrotóxicos mais consumidos no Brasil e é atribuído principalmente às safras transgênicas, como soja, milho e canola. Estudos mostram que a substância tem contaminado alimentos, atmosfera, solo e lençol freático, e também está relacionada ao aparecimento de certos problemas de saúde, como câncer, diabetes e infertilidade.
Aumentar a ingestão de orgânicos ajuda a diminuir a exposição aos pesticidas. Mas, em alguns casos, higienizar os vegetais também pode reduzir a quantidade de agrotóxicos.
Em âmbito global, cientistas destacam a necessidade de uma estratégia de transição para um modelo agrícola que reduza o uso de pesticidas. Isso ajudará a proteger a biodiversidade, que mantém a saúde e as funções do solo, e também contribuirá para a segurança alimentar.
Como higienizar os alimentos e reduzir a exposição aos pesticidas
É possível remover resíduos de pesticidas de alimentos. Para começar a higienização dos alimentos, retire todos os fragmentos e restos de sujeira em água corrente. Em seguida, dissolva uma colher de bicarbonato de sódio em um litro de água e deixe as frutas e verduras na solução por cerca de 15 minutos.
Enxágue e prepare uma solução de 1/4 de copo de limão, 1/4 de vinagre branco e 1/4 de copo de água. Borrife nos alimentos, deixe por cinco minutos e enxágue novamente.
O bicarbonato de sódio, de acordo com um estudo feito nos Estados Unidos, degrada alguns tipos de agrotóxicos, facilitando a remoção física na lavagem.
Como ressalta o médico e nutricionista Eric Slywitch, apesar de serem muitos os tipos de agrotóxicos existentes e cada um possuir características químicas específicas, no Brasil, como a maioria dos alimentos está contaminada com organofosforados (agrotóxicos ácidos), as soluções alcalinas (como a solução de bicarbonato de sódio) são mais eficientes para a remoção desses contaminantes.
De acordo com o nutrólogo, o uso de ácidos como o vinagre é mais bem sucedido na remoção de outros tipos de agrotóxicos menos utilizados (os agrotóxicos alcalinos) do que quando colocados em solução de bicarbonato de sódio ou com água pura.
Por isso é melhor fazer a imersão em solução alcalina (a solução de bicarbonato de sódio) e depois em ácida (a solução de vinagre e limão), de maneira que tanto os agrotóxicos que se degradam com soluções alcalinas quanto os que se degradam com soluções ácidas possam ser eliminados da superfície dos alimentos.
Como se proteger dos danos causados pelos pesticidas
Segundo a Organização Mundial da Saúde, para que os seres humanos sejam protegidos dos danos causados por esses produtos, recomenda-se a diminuição e controle do uso de pesticidas.
“Procure maneiras de resolver o problema com o manejo não químico de pragas, sempre que possível.
Se pesticidas forem necessários, busque produtos com o menor risco à saúde humana e ao meio ambiente.
Ao usar pesticidas, siga as instruções do fabricante para aplicação e segurança pessoal. Em muitos casos, o equipamento de proteção individual (EPI) é apropriado para evitar o contato direto com o pesticida e minimizar a exposição durante o manuseio e a aplicação.”
Além disso, ressaltam que a população em geral é exposta a baixos níveis de pesticidas por meio de alimentos e água, o que normalmente não é motivo de preocupação. No entanto, pessoas com maior risco de efeitos adversos à saúde são aquelas que trabalham diretamente com pesticidas, como trabalhadores agrícolas, e aquelas que estão na área imediata quando os pesticidas são aplicados. Pessoas não envolvidas na aplicação do pesticida devem evitar a área durante e imediatamente após seu uso.
Alimentos orgânicos
Por fim, além de higienizar corretamente os alimentos, ainda é importante aumentar a ingestão de orgânicos (alimentos cultivados de forma livre de agrotóxicos), aumentar a ingestão de vegetais (mesmo que não sejam orgânicos) e reduzir os produtos de origem animal.
Os animais criados no modelo convencional de produção ingerem rações feitas a partir de grãos cultivados com grande quantidade de pesticidas, como a soja e o milho. A maior parte dos agrotóxicos é lipossolúvel, e por isso tem a capacidade de se bioacumular na carne e no leite do animal.
Uma análise mostrou, por exemplo, que a presença de agrotóxicos é maior no leite materno de mulheres onívoras do que no leite das vegetarianas. Assim, reduzir a ingestão de produtos de origem animal pode ser eficiente para diminuir a exposição aos agrotóxicos.