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Afinal, o que são agrotóxicos e como eles podem afetar plantas, humanos e outros seres vivos? Confira

Os agrotóxicos surgiram na Segunda Guerra Mundial, com o propósito de funcionar como arma química. Com o pós-guerra, o produto passou a ser utilizado como defensivo agrícola. Assim, ficou conhecido também como pesticida, praguicida ou produto fitossanitário.

Campo
1 em cada 4 cidades brasileiras consome água contaminada por agrotóxicos

História dos agrotóxicos

Desde a década de 1950, com a chamada “Revolução Verde“, as práticas agrícolas sofreram muitas mudanças. Para potencializar a produtividade das lavouras, o processo foi modernizado por meio de pesquisas sobre sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo.

Grande parte dessa tecnologia também envolveu o amplo uso de agrotóxicos. O intuito era controlar pragas de forma a não ter perdas no processo agrícola.

Segundo a Lei n° 7.802/89, “agrotóxicos são os produtos químicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais”.

A lei dos agrotóxicos afirma que sua finalidade é “alterar a composição da fauna ou flora, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e inibidores de crescimento”.

De acordo com a Embrapa, “o termo agrotóxico (ou pesticida) é usado para designar, de maneira geral, qualquer composto manufaturado a ser empregado na agricultura com o objetivo de controlar pragas, doenças e impedir o desenvolvimento e crescimento de plantas daninhas”. O termo ainda engloba “inseticidas, fungicidas, herbicidas, acaricidas, fumigantes, reguladores de crescimento, dessecantes etc.”

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Pesticida no café: riscos à saúde e ao meio ambiente
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Cloreto de clormequat: agrotóxico nocivo à saúde

Qual é a diferença entre agrotóxicos e pesticidas?

Agrotóxico, conforme define o texto para discussão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são produtos químicos sintéticos usados para o controle de pragas, sendo “pesticida” e “agroquímico” termos equivalentes.

O Ipea também aponta que a literatura científica internacional utiliza o termo “agrotóxico” para produtos químicos comprovadamente tóxicos, enquanto que o termo “pesticida” é utilizado para produtos tóxicos ou não.

Já um artigo da Fiocruz defende que agrotóxicos e pesticidas são algumas das denominações utilizadas para um grupo de substâncias químicas que tem como objetivo o controle de pragas (tanto animais quanto vegetais) e doenças de plantas. Outros nomes citados são: defensivos agrícolas, produtos fitossanitários, praguicidas, remédios de planta e veneno.

O artigo também chama a atenção para a importância e o uso da ética na nomenclatura, já que nomes com características positivas, como “defensivo” agrícola ou “remédio” de planta, podem mascarar o caráter nocivo desses produtos. Isso porque eles são usados tanto na prevenção como na destruição de outras plantas e insetos, que possam prejudicar o desenvolvimento das lavouras. Além disso, podem comprometer a saúde humana e cada ecossistema envolvido.

Classificação dos agrotóxicos

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) classifica os pesticidas como:

  • inseticidas, para o controle de insetos;
  • fungicidas, para o controle de fungos;
  • herbicidas, para o controle de plantas invasoras;
  • desfolhantes, para o controle de folhas;
  • fumigantes, para o controle de bactérias do solo;
  • rodenticidas ou raticidas, para o controle de roedores/ratos;
  • nematicidas, para o controle de nematoides;
  • acaricidas, para o controle de ácaros.

Quais são os riscos do uso de agrotóxicos?

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Foto de Eric Brehm na Unsplash

A maior parte dos casos de intoxicação por agrotóxicos se dá pela falta de controle do uso desses compostos tóxicos. Mas também pela falta de conscientização da população com relação aos riscos provocados à saúde humana.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) da Organização das Nações Unidas (ONU), para cada caso notificado de intoxicação, outros 50 não são notificados.

Classificação toxicológica dos agrotóxicos

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2017 se iniciou o processo de reclassificação toxicológica dos agrotóxicos. Este processo ocorreu por meio do preenchimento de um formulário eletrônico por algumas empresas, com o intuito de coletar informações sobre estudos dos níveis de toxicidade de diferentes agrotóxicos.

A Anvisa classifica os agrotóxicos de acordo com seu grau de toxicidade. A escala vai da classe 1 a 5, sendo composta por produtos de:

  • Classe 1: altamente perigoso ao meio ambiente;
  • Classe 2: muito perigoso ao meio ambiente;
  • Classe 3: perigoso ao meio ambiente;
  • Classe 4: pouco perigoso ao meio ambiente;
  • Classe 5: de baixo risco ao meio ambiente.

Como os agrotóxicos chegam até os seres humanos?

A intoxicação pode ocorrer de forma direta, por meio de contato direto, manuseio, aplicação, entre outros. Mas também de forma indireta, pela ingestão de alimentos ou água contaminados. A ação dos agrotóxicos na saúde humana costuma ser nociva, até mesmo fatal.

De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, as intoxicações e o envenenamento são causados por ingestão, aspiração e introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas de naturezas diversas. Ambos podem resultar em doença grave ou morte em poucas horas se a vítima não for socorrida a tempo.

No Brasil

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) publicou notas em 2015, em 2018 e novamente em 2023, se posicionando em relação à flexibilização do uso de pesticidas no Brasil.

O Inca reforça que a exposição aos pesticidas causa uma série de efeitos deletérios à saúde humana, entre eles: infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, quadros de neuropatia e desregulação hormonal, além de efeitos imunotóxicos, levando a maior ocorrência de câncer.

Intoxicação

Aguda

Quando a vítima é exposta a altas doses de agrotóxicos. Os sintomas são quase imediatos, ou levam poucas horas pra aparecer, sendo eles: 

  • Dores de cabeça
  • Náusea
  • Sudorese
  • Cãibra
  • Vômitos
  • Diarreia
  • Irritação dos olhos e da pele
  • Dificuldade respiratória
  • Visão turva
  • Tremores
  • Arritmias cardíacas
  • Convulsões
  • Coma 
  • Morte

Crônica

Quando a vítima é exposta a doses menores de agrotóxicos por um longo período de tempo (meses ou anos). Esse tipo de intoxicação por agrotóxicos pode ter consequências graves, como: paralisia, esterilidade, abortos, câncer, danos ao desenvolvimento de fetos, entre outros.

É importante salientar que sintomas inespecíficos, como dores de cabeça, vertigens, falta de apetite, nervosismo e dificuldade para dormir, podem ser associados a diversas doenças. Muitas vezes, são as únicas manifestações da intoxicação por agrotóxicos. Essa é a  razão pela qual infelizmente se torna raro um diagnóstico preciso deste tipo de intoxicação.

Agrotóxicos nos alimentos

Frutas e vegetais que estão expostos e disponíveis nos mercados têm uma “cara” boa, atrativa. Mas não se engane: eles podem esconder em suas cascas uma película de resíduos de agrotóxicos usados na lavoura.

Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) constatou a presença de organofosforados em mais da metade das amostras de alimentos observadas.

Esses compostos, que compõem um dos tipos de agrotóxicos mais comuns, podem comprometer o sistema nervoso e provocar problemas cardiorrespiratórios.

O estudo destaca também que doenças crônicas não transmissíveis são um grande problema de saúde pública hoje em dia. Principalmente aquelas desencadeadas por contaminação por agrotóxicos.

Em 2008, 57 milhões de mortes foram declaradas no mundo e (pasme!) 63% delas foram decorrentes das ações dos agrotóxicos, segundo a OMS. O uso dessa substância também é responsável por 45,9% das doenças no mundo.

O ideal seria consumir apenas alimentos cultivados com adubos orgânicos, que utilizem um controle biológico de pragas e ervas daninhas.

É importante ressaltar que, por causa de seus riscos, o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) criou, em 2001, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Ele é coordenado pela Anvisa e tem como objetivo avaliar e monitorar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal. Dessa forma, é possível avaliar os riscos que a exposição de agrotóxicos causa à saúde e decidir se algum tipo deve ser banido.

Impactos no meio ambiente

Os pesticidas, independente da forma de uso, possuem grande potencial de atingir o solo e as águas subterrâneas. Ainda mais na presença de ventos e chuvas, que facilitam sua chegada. Seja qual for o seu percurso, atingindo a humanidade e outros seres vivos.

Grande parte desses produtos são bioacumulativos, ou seja, se um animal contaminado morrer e outro se alimentar deste, também será contaminado. Isso acontece porque o composto permanece no corpo do animal após sua morte, acarretando um maior alcance do problema.

Essas substâncias podem causar diversos danos ao meio ambiente, uma vez que passam por processos químicos, físicos e biológicos. Por isso, levam à modificação de suas propriedades e influenciam em seu comportamento.

Por que o Brasil é um grande consumidor de agrotóxicos?

O Brasil é considerado um dos maiores consumidores de produtos agrotóxicos no mundo. O uso dessas substâncias se dá por uma série de fatores:

  • O País ainda utiliza agrotóxicos que já foram proibidos em 1985 na União Europeia, Canadá e Estados Unidos;
  • Sementes melhoradas foram preparadas para receberem este tipo de produto, para o aumento da produtividade;
  • Falta de fiscalização rigorosa, com produtos sendo lançados por via aérea (aviões) próximo a nascentes de rios, animais e casas;
  • Falta de conscientização da população, que não pressiona os produtores para abandonar o uso de agrotóxicos;
  • Clima: como o Brasil é um país tropical, a incidência de pragas e doenças é maior que em outros países.

A Anvisa disponibiliza listas dos agrotóxicos liberados para uso no Brasil e dos proibidos. Em 2019, o número de agrotóxicos liberados para uso no Brasil cresceu de forma alarmante. Uma análise de dados do Ministério da Saúde indica que uma em cada quatro cidades brasileiras consomem água contaminada por agrotóxicos.

Alternativas

A alternativa mais efetiva para evitar os riscos dos agrotóxicos ao ser humano e ao meio ambiente é evitá-los. Não usá-los também é uma alternativa.

Isso pode se fazer possível com a adoção de práticas alternativas, como a policultura (que inibe a proliferação de pragas e doenças). Além da remoção de plantas daninhas, o uso de armadilhas e os controles biológicos (como inserção de predadores naturais das pragas).

A agricultura orgânica, que visa aproximar a produção agrícola com processos ecológicos naturais, não permite defensivos, a não ser os naturais.

Sendo assim, é o melhor para a saúde do agricultor e do consumidor, e para o meio ambiente de forma geral. Essa prática também promove a economia de água, combustível, recursos financeiros para o produtor, entre outros.


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