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Emissões de gases do efeito estufa geradas pela pecuária rivalizam com a pegada de carbono dos setores de transporte rodoviário, aéreo e espacial

Parece um hambúrguer bovino, mas não é. O prato foi feito com a carne de origem vegetal fabricada pela Beyond Meat. Foto: Beyond Meat

Emissões de gases do efeito estufa geradas pela pecuária rivalizam com a pegada de carbono dos setores de transporte rodoviário, aéreo e espacial juntos. O alerta é da dupla de empreendedores norte-americanos Ethan Brown e Patrick O’Reilly, que encontraram alternativas suculentas para o consumo de carne animal. Seus negócios foram reconhecidos neste mês com a condecoração Campeões da Terra, o prêmio ambiental mais importante das Nações Unidas, concedido pela ONU Meio Ambiente.

Embora seja uma fonte diária de nutrição e prazer culinário para bilhões de pessoas, a carne animal é pouco sustentável. Segundo Brown e O’Reilly, não será possível cumprir as metas do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas sem uma redução em massa na escala da pecuária.

Carne de vegetais

Pensando em soluções para o problema, Brown fundou em 2009 a Beyond Meat, uma companhia que identificou os principais componentes da carne de origem animal para extrai-los de plantas. A empresa usa ingredientes como ervilhas, beterrabas, óleo de coco e amido de batata para produzir uma “carne” mais sustentável – e igualmente saborosa.

“A carne é composta por aminoácidos (a base das proteínas), lipídeos (gorduras), minerais e água. Os animais usam os seus sistemas digestivo e muscular para transformar a vegetação e a água em carne. Nós estamos indo direto na planta, dispensando o animal e fabricando carne diretamente”,
explica Brown.

O atual CEO da Beyond Meat conta que sempre se questionou se não existiria um jeito melhor de produzir proteína para o consumo humano. Afinal, cerca de 80% das terras sob atividade agrícola são usadas para a produção de ração para o gado ou para a pastagem. Outras preocupações o atormentavam — a pecuária não é uma das maiores fontes de emissões dos gases do efeito estufa? Certas quantidades e tipos de proteína animal não são prejudiciais para nossa saúde?

“Essas quatro coisas continuavam voltando à minha cabeça: saúde humana, mudanças climáticas, recursos naturais e implicações para o bem-estar animal (provocadas) pelo uso de animais para (fazer) carne. E o que me fascinava era que você podia enfrentar todas essas preocupações simultaneamente, apenas mudando a fonte de proteína para a carne, de animais para plantas”,
afirma Brown.

Para o especialista, é necessário mudar o foco — da origem da carne para a sua composição.

“Milho, soja e trigo dominam a agricultura nos Estados Unidos. Podemos trocar isso. Se você pegar o mesmo pedaço de terra para cultivar proteína direto das plantas, podemos cortar os recursos naturais necessários, usando a terra mais eficientemente.”

Segundo uma pesquisa da Universidade de Michigan, na comparação com seu correlato de origem animal, o hambúrguer da Beyond Meat usa 99% menos água e 93% menos espaço de plantio em seu processo de produção, além de gerar 90% menos emissões de gases do efeito estufa e consumir 46% menos energia.

Brown defende a transição de áreas atualmente dedicadas à plantação de ração animal para safras de proteína que podem ser usadas diretamente para o consumo humano, sob a forma de carne feita de vegetais. Com isso, acredita o empreendedor, é possível promover o crescimento econômico sustentável em zonas rurais dos EUA e de outros países.

Em busca da melhor carne do mundo

O professor de bioquímica e membro da Academia Nacional de Medicina, Patrick O’Reilly, quer acabar com o uso de animais na produção de alimentos — uma prática que ele descreve como a “tecnologia mais destrutiva” do mundo. O problema, avalia o pesquisador, vai levar a humanidade a um “desastre ecológico”. Segundo o especialista, atualmente 45% da superfície do planeta Terra é utilizada para pastagem ou para o cultivo de vegetais transformados em ração para a pecuária.

À procura de um substituto para a carne animal, a equipe de O’Reilly descobriu um ingrediente mágico — o heme, uma molécula que tem ferro e é encontrada em todas as células de animais e plantas. Ela é a responsável pelos sabores e aromas da carne “tradicional”. O time do pesquisador viu ainda que, adicionando um gene de vegetal a células de levedura, era possível produzir a substância em quantidades ilimitadas, com uma fração minúscula do impacto ambiental.

As descobertas levaram à criação da Impossible Foods, que produz carne sem animais. A companhia fixou uma meta ambiciosa — promover a eliminação do uso de animais na fabricação de comida até 2035.
Em relação ao hambúrguer bovino, o Impossible Burger utiliza 75% menos água e 95% menos terras aráveis em sua fabricação, gerando 87% menos emissões de gases do efeito estufa.

“Se tem algo que aprendi é que os grandes problemas globais não são responsabilidades de outra pessoa. Esse problema não ia ser resolvido implorando aos consumidores para que comessem leguminosas e tofu, em vez de carne e peixe. E não seria suficiente encontrar apenas um jeito melhor de fazer carne. Para ter sucesso, precisaríamos fazer a melhor carne do mundo”,
afirma O’Reilly.

Para o acadêmico e empreendedor, o uso de animais nos sistemas alimentares será em pouco tempo “uma tecnologia obsoleta”. Fazer carne diretamente das plantas permitirá diversificar e baratear a produção, além de tornar o alimento mais saudável, aposta o criador da Impossible Foods.

Fonte: ONU Brasil

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