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Conheça os impactos da criação de gado na floresta amazônica

A criação de gado na floresta amazônica contabiliza 40% de toda a concentração de rebanhos bovinos do Brasil — que, ao todo, possui cerca de 230 milhões de cabeças de gado.

Um relatório do Greenpeace de 2009, responsável pela denúncia dos impactos ambientais da expansão da pecuária brasileira, impulsionou mudanças na conservação da área. Após a divulgação do documento, os três maiores produtores de carne do país assinaram um acordo de compromisso com o meio ambiente, prometendo não adquirir gado de fornecedores ligados ao desmatamento e violações de direitos humanos.

No entanto, diversas imagens de satélite e estudos da área comprovaram que o desmatamento continuou em ascensão mesmo após a mudança. Dados do projeto PRODES, por exemplo, mostraram que a floresta amazônica perdeu mais de 34.000 quilômetros quadrados entre agosto de 2018 a julho de 2021. 

Frente a essas evidências, especialistas descobriram um fenômeno presente na criação de gado na floresta amazônica que pode ser responsável pelo desmatamento — a chamada “lavagem de gado”.

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“O desmatamento pode estar no seu prato” diz Google em sua plataforma: “Eu sou Amazônia”

Lavagem de gado

Na lavagem de gado, pecuaristas movem gados de florestas “sujas”, ou seja, derivadas do desmatamento, para áreas “limpas”. Desse modo, conseguem omitir a maior parte do processo que resultou no desmatamento de áreas protegidas — tornando-se quase imperceptível para a indústria de carne.

Entretanto, alguns estudos, como o publicado em 2022 no jornal Society for Conservation Biology evidenciam esse fenômeno. Os dados do estudo comprovaram que milhões de bovinos comprados por frigoríficos foram, pelo menos parcialmente, criados em áreas protegidas na Amazônia — e, principalmente, em terras indígenas.

Outra pesquisa de 2020 exemplificou outro meio por onde a lavagem de gado é acobertada: fazendeiros editam os limites de seus territórios para que pareçam livres do desmatamento. 

Cadeia de fornecimento

A cadeia de fornecimento de carne bovina possibilita grande parte da lavagem de gado decorrente da criação de gado na floresta amazônica. Ela marca a movimentação desses animais em diversas fazendas e matadouros até serem compradas por grandes empresas. 

O portal The Vox exemplificou esse caminho: “Uma única vaca pode viajar por até 10 fazendas antes de ser morta; pode nascer em uma, ser criada em outro e engordada em uma terceira, tudo antes de chegar ao matadouro.”

O desmatamento pode ocorrer em cada um desses passos. Porém, matadouros apenas avaliam fornecedores diretos, que representam o último passo da cadeia de fornecimento. 

Um estudo de julho de 2022 comprovou esse fenômeno. Em apenas um estado da Amazônia brasileira, mais de 90 mil cabeças de gado foram criadas em terras adquiridas ilegalmente entre 2018 e 2021. De acordo com o relatório, a maior parte desse gado foi enviada para fazendas legais antes de chegar aos matadouros, sugerindo que eles podem ter sido lavados durante o processo. 

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Agora é oficial: desmatamento da Amazônia é o maior desde 2006

Estado da amazônia 

Em teoria, a floresta amazônica é um dos ecossistemas mais protegidos do mundo — contando com milhares de áreas protegidas. Contudo, a criação de gado na floresta amazônica em conjunto com a lavagem dessa produção borram esses números. 

De acordo com o relatório “Amazônia Contra o Relógio: uma avaliação regional sobre onde e como proteger 80% até 2025”, por exemplo, cerca de 26% da Amazônia já possui danos quase irreversíveis, chegando em um ponto de não retorno

Imagens de satélites e dados do INPE também demarcam essa perda, que contabilizou, apenas em setembro de 2022, 1.455 quilômetros quadrados. 

Assim, embora teoricamente “protegida”, a área ainda sofre com as consequências da criação de gado na floresta amazônica

Dentre as soluções desses problemas, especialistas defendem o reconhecimento de cerca de 100 milhões de hectares de Terras Indígenas como passo fundamental na redução dos riscos consequentes às mudanças climáticas. Além disso, reforçam que a responsabilidade não é do consumidor.

Chris Moye, investigador florestal da Global Witness, disse em entrevista ao The Vox: “A responsabilidade final recai sobre os atores da cadeia de suprimentos e os governos que os regulam”. (1)


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