Quanto mais quente fica, maiores as emissões urbanas provenientes do asfalto, segundo um novo estudo de Yale
Quanto mais trabalharmos para reduzir as emissões dos veículos motorizados e da geração de energia, mais teremos que começar a olhar para fontes de emissões que não têm origem na combustão. Um novo estudo de Yale analisou uma dessas fontes, o asfalto, tão onipresente nas cidades modernas, e sugere que ele continua a liberar uma grande variedade de produtos químicos no ar muito depois de ter sido depositado - fenômeno que é três vezes pior em dias quentes.
Estima-se que o mundo como um todo use cerca de 122,5 milhões de toneladas métricas de asfalto por ano - essa forma pegajosa, preta e semissólida de petróleo, também conhecida como betume, é um componente-chave em estradas, pavimentos e na vedação de telhados. Existem emissões significativas e bem compreendidas em cada estágio dos processos de produção e assentamento do material, e uma equipe de Yale descobriu que o asfalto continua a liberar "misturas complexas de compostos orgânicos, incluindo poluentes perigosos", mesmo depois de aplicado.
A indústria de asfalto afirma que "as emissões em temperatura ambiente são insignificantes", de acordo com a equipe de Yale, "porque o processo de fabricação remove todas as emissões potenciais." Mas a equipe descobriu que o que realmente está acontecendo é que esses compostos simplesmente se difundem lentamente através do asfalto altamente viscoso.
Como qualquer motociclista sabe, um dia quente pode amolecer o betume a ponto de viabilizar até a penetração de objetos no pavimento. O mesmo amolecimento, diz a equipe de Yale, pode acelerar esses vazamentos de emissões em até 300 por cento, conforme evidenciado por um estudo de laboratório analisando uma gama de temperaturas e condições diferentes.
O resultado: mais uma fonte ainda ignorada de emissões e que pode liberar uma quantidade significativa de material particulado fino (como poeira e cinzas) no ar. A poluição causada pelo material particulado é reconhecida como um problema significativo para a saúde pública. Segundo as estimativas da pesquisa, em Los Angeles, a emissão de partículas finas proveniente do asfalto na região é comparável à liberada pelos veículos.
Os pesquisadores observam que isso não é um problema de CO2 ou ozônio, e que o asfalto é "apenas uma peça do quebra-cabeça". Mas, como há uma grande quantidade de asfalto por aí, encontrar maneiras de tornar ruas e estradas mais ecológicas, assim como os veículos que passam por elas, é mais um desafio importante para o futuro. O estudo está disponível na revista Science Advances.