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OC alerta estatal contra risco de concentrar investimentos no pré-sal e desinvestir em biocombustíveis e diz que empresa precisa começar a preparar saída do petróleo

A Petrobras está criando problemas para o próprio futuro ao focar seu plano de negócios na exploração do petróleo do pré-sal e ao se desfazer de ativos em energias renováveis e biocombustíveis. O risco foi apontado pelo Observatório do Clima em carta enviada nesta quarta-feira ao presidente e ao Conselho Diretor da estatal, que se reuniram em 28 de abril para reformular o estatuto da empresa.

Na visão do OC, a maneira como a Petrobras está buscando resolver seu problema de endividamento ao dobrar a aposta nos combustíveis fósseis equivale ao suicídio comercial, já que a economia e a política internacional começam a indicar que a era do óleo está com os dias contados. A empresa precisa, com urgência, planejar o futuro além do petróleo, e não há no momento sinais de que isso esteja acontecendo.

“O sino da morte para o petróleo tocou com a adoção do Acordo de Paris, que recebeu adesão recorde dos países e caminha para entrar em vigor antes mesmo do prazo oficial”, diz Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Se a Petrobras não planejar desde já como deixará de ser uma empresa de óleo e gás para tornar-se uma empresa predominantemente de energia renovável, ela não sobreviverá no médio e no longo prazos.”

As empresas de petróleo enfrentam desafios múltiplos. Primeiro, a queda no preço da commodity, que se soma a uma gradual desaceleração da demanda. O preço mais baixo, que não deve se alterar em muito tempo, tende a tornar economicamente inviáveis os chamados projetos “não-convencionais”, como as areias betuminosas do Canadá, o Ártico e o pré-sal, regiões cujo custo de extração varia entre US$ 40 e US$ 50 o barril. Embora a Petrobras diga que tem campos no cujos investimentos já foram amortizados, o que torna a extração viável, esse “colchão” deve durar cerca de três anos apenas – tempo insuficiente para acelerar a produção até os níveis de produção esperados pelo governo na década passada, quando o óleo na camada pré-sal foi descoberto.

Em cima disso há as restrições climáticas. Para evitar que o planeta sofra mudanças climáticas perigosas, o Acordo de Paris estabeleceu a meta de limitar o aquecimento global a “bem menos de 2°C”. E o único jeito de fazer isso é descarbonizar a economia global, em especial o setor de energia, antes do meio do século – deixando a maior parte dos combustíveis fósseis no subsolo. Esta não é uma recomendação de ambientalistas, e sim uma constatação da Agência Internacional de Energia.

O risco de que as reservas de combustíveis fósseis se tornem “ativos encalhados” tem feito fundos soberanos, de pensão e outros desinvestirem de empresas de carvão, óleo e gás. Os investimentos tendem a se concentrar nas energias renováveis, que não estão sujeitas a restrições governamentais e ainda podem remunerar os investidores com inovação tecnológica.

“O crescimento vertiginoso das renováveis, as restrições impostas pela necessidade de descarbonização e os preços em queda criam uma tempestade perfeita para o setor de óleo e gás”, afirma Rittl. “Empresas responsáveis precisam diversificar seu portfólio para reduzir a dependência de um ativo cada vez mais problemático e evitar prejuízos a seus acionistas. A Petrobras tem de fazer o mesmo com urgência, já que sua saúde financeira não interessa apenas a seus acionistas, mas a todo o povo brasileiro.”


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