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Estudo apresenta contribuição da neurologia na educação musical e o uso da música para tratar doenças como depressão

Imagem editada e redimensionada de Elice Moore, está disponível no Unsplash

Diferentes tipos de música despertam diferentes emoções e evocam lembranças, provocando uma série de respostas no corpo humano. Assim, escutar música não é apenas lazer: a música pode ter efeitos terapêuticos e ser parte das estratégias de estímulo de áreas do cérebro que despertam os potenciais de aprendizagem. Em artigo da revista Literartes, o professor Mauro Muszkat traz as contribuições da neurologia para o desenvolvimento na educação musical e aborda a relação entre música e desenvolvimento neurológico.

O autor mostra que a música atua, inclusive, como fator de melhora em doenças como depressão ou Alzheimer. Deste modo, o autor convoca arte-educadores, músicos e educadores a observar a criança e/ou participar com ela do “processo de construção de linguagem, de maneira a encontrar respostas para as dificuldades e para a inclusão dessa criança, seja pedagógica ou social“.

De um lado está a neurociência, que trata da objetividade dos dados e dos sinais que mapeiam o funcionamento cerebral. De outro, está a música, “que não pode ser entendida sem levarmos em conta a subjetividade, o envolvimento lúdico e a transitividade que caracterizam a arte“, explica Muszkat. Quando escutamos música, nosso batimento cardíaco, nossa frequência respiratória e nossos ritmos elétricos cerebrais mudam conforme o ritmo e a melodia, em outras palavras, “dançam conforme a música“. Ela não apenas é processada no cérebro, mas afeta seu funcionamento. E os benefícios em potencial da mais emocional das artes não param aí: a música intensifica também as capacidades linguísticas.

O pesquisador da Unifesp explica que as crianças normalmente se expressam melhor pelo som e pela música do que pelas palavras, verificando-se que aquela pode ser uma ferramenta única para crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, depressão, esquizofrenia e outras disfunções cerebrais. Mas transtornos como a demência, por exemplo, não afetam os talentos musicais, e até contribuem para suavizar o problema. A música pode, também, “facilitar a intimidade e a aproximação física dos indivíduos com seus cuidadores, com maior engajamento em tarefas e melhor modulação positiva do humor“, comenta o neurologista. A proposta do autor é sugerir, para os cuidadores, um trabalho que apresente “sentimentos compartilhados e convergentes a partir de uma experiência emocional, estética e artística”.

Segundo Muszkat, os tratamentos realizados tendo como instrumento principal a música são conhecidos e utilizados já há séculos. O estímulo ao cérebro musical aumenta a flexibilidade mental e a coesão social, e, para isso, são utilizados recursos como a dança e jogos musicais, potencializando-se as técnicas de restabelecimento físico e cognitivo. A inteligência musical é um traço compartilhado e mutável que pode estar presente em grau até acentuado, mesmo em crianças com deficiência intelectual.

Não são só as crianças que se beneficiam com a música; os adolescentes também, atuando, essa arte, como fator de auxílio ao jovem na difícil fase de transição, em que ele se depara “com mudanças não apenas hormonais, mas neurobiológicas e mudanças na impulsividade, agilidade motora e períodos de humor oscilante e de tédio”. A música é ainda mais fundamental na era atual, em que os adolescentes tendem a se relacionar boa parte das vezes virtualmente, sem estabelecer contatos reais e relações que propiciem experiências de compartilhamento, de vivências com o outro para dividir questões que melhor se resolvem quando há vínculo afetivo.

Por fim, o pesquisador propõe um trabalho multidisciplinar em que músicos, neurologistas e professores possam levar em conta a importância da música no desenvolvimento cerebral e mental, trazendo para os alunos e pacientes atividades e possibilidades sensíveis, criativas e terapêuticas que a música nos oferece, buscando-se, nas palavras do autor, “uma poética musical inclusiva“.


Fonte: Margareth Artur/Portal de Revistas USP, via Jornal da USP

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