Pedro Côrtes propõe, além do IPTU Verde, uma política para atenuar os problemas de impermeabilização e diminuir a questão das enchentes
Por Jornal da USP — De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, haverá uma redução no regime de chuvas durante este verão. Porém, isso não significa que os problemas com enchentes na cidade de São Paulo deixarão de ocorrer.
Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), ambos da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição destacou a questão da impermeabilização do solo. “A urbanização foi impermeabilizando a superfície da cidade. Então, antigamente, há 30, 40, 50 anos, muitas ruas ainda eram calçadas com paralelepípedos e isso facilitava a penetração de água no subsolo e com que o solo absorvesse a água.” Hoje em dia, há maior pavimentação de ruas e calçadas.
O professor prossegue, explicando sobre como foi pensado o planejamento da cidade e porque há essa impermeabilização. “Muita da nossa rede de águas pluviais foi baseada em padrões próprios para clima subtropical.” Nesse tipo de clima, as chuvas têm um volume menor e são mais bem distribuídas ao longo do tempo, diferentemente do que ocorre na capital paulista. “Isso favoreceu o maior número de enchentes à medida que a cidade foi crescendo.”
“Há uma mudança no padrão de chuvas que é um aumento do seu volume anual. […] hoje nós temos esse volume ocorrendo em poucos dias. Então, existem períodos de chuvas muito intensas, intercalados com períodos de estiagem por vezes significativos”, complementa Côrtes.
O professor destaca também uma política para atenuar os problemas de impermeabilização e diminuir a questão das enchentes. “Um instrumento de grande potencial de utilização é o chamado IPTU Verde, no qual a Prefeitura concede desconto no IPTU” para aqueles imóveis que adotarem calçadas permeáveis, tiverem árvores e jardins lineares.
Côrtes ressalta que, apesar de os piscinões serem uma solução, geram algumas consequências como acúmulo de dejetos, além de precisarem de manutenção constante. “A solução tem que ser pensada de maneira integrada. Não é apenas uma única solução que vai conseguir resolver o problema de enchentes e alagamentos na cidade.”