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Interações antagonistas podem acontecer entre organismos da mesma espécie ou entre espécies diferentes

Interações antagonistas são relações ecológicas que beneficiam um organismo em detrimento de um organismo geralmente de outra espécie. 

O antagonismo, na ecologia, é frequentemente expresso nas formas de alimentação e defesa entre organismos de espécies diferentes (conflitos interespecíficos). No entanto, as relações antagonistas também podem acontecer quando há conflito de interesses dentro de uma mesma espécie (conflitos intraespecíficos) por meio da competição e do canibalismo.

Antagonismo interespecífico

Parasitismo e parasitoidismo

O parasitismo é uma interação antagonista comum cujos danos podem variar entre dor, enfraquecimento e, de forma direta ou indireta, a morte do hospedeiro.

Os parasitas tendem a passar boa parte de seu ciclo de vida dentro de um mesmo hospedeiro, sem necessariamente matá-lo diretamente. A morte nesse caso pode ser uma consequência do enfraquecimento do hospedeiro, tornando difícil a busca por alimento e a fuga de predadores. Já os parasitoides interagem com o indivíduo que morrerá devido ao parasitoidismo.

Formas de parasitismo

Algumas estratégias que parasitas se utilizam para obter energia de seus hospedeiros são:

  • Castração: A partir disso, o parasita desvia a energia que o hospedeiro utilizaria para reprodução (como o inseto parasita Xenos vesparum que parasita vespas do gênero Polistes);
  • Mudanças comportamentais: Muito comum em hospedeiros intermediários, que se tornam mais suscetíveis aos seus predadores, que são os hospedeiros finais. O hospedeiro intermediário fornecerá o ambiente e os nutrientes necessários para o desenvolvimento e crescimento, enquanto o hospedeiro final será o local de reprodução dos parasitas sexualmente maduros;
    • Um exemplo disto é o verme Paragordius tricuspidatus, que é ingerido por uma larva de um inseto, e este, por sua vez, é ingerido por um gafanhoto ou grilo, o qual será o hospedeiro final. Neste caso, o gafanhoto sofre alterações em seu sistema nervoso central que o fazem saltar em qualquer corpo d’ água próximo, o que é necessário para recomeçar o ciclo do verme.
  • Hiperparasitismo: parasitas que se alimentam de outros parasitas (como os fungos Fusarium spp., que parasitam o fungo Austropuccinia psidii, sendo este o causador da doença ferrugem-amarela no jambeiro-do-pará);
  • Superparasitismo: grandes populações de parasitas com um único hospedeiro (larvas de vespa que parasitam lagartas, por exemplo).

O parasitismo pode ocorrer de forma interna no corpo do organismo (endoparasitismo) ou externa (ectoparasitismo). Além disso, os parasitas podem ser classificados conforme sua interação com seus hospedeiros, podendo ser específicos, quando apenas um grupo taxonômico é parasitado, ou generalistas.

Fitoparasitismo

Apesar do parasitismo ser mais lembrado quando se trata de animais e seres humanos, as plantas e fungos também podem possuir esse tipo de interação antagonista. O fitoparasitismo é quando uma planta angiosperma (que se reproduz a partir de flores) obtém parte ou todos os nutrientes para sua sobrevivência e reprodução parasitando plantas (1). O fitoparasitismo pode ser classificado de acordo com o grau de dependência da planta parasita em relação ao seu hospedeiro em:

  • Holoparasitismo: Todos os nutrientes são obtidos do parasitismo,  o que torna desnecessária a produção de clorofila para a realização da fotossíntese, assim como o desenvolvimento de folhas.
  • Hemiparasitismo: A fitoparasita possui a capacidade de fotossíntese, mas obtém água e elementos minerais de seu hospedeiro.

Veja alguns exemplos de parasitismo na matéria “Entenda o que é parasitismo e conheça exemplos”.

Predação e herbivoria

A predação é a interação antagonista na qual um organismo obtém energia capturando, matando e consumindo outro organismo ou consumindo um organismo recentemente morto. Um leão predando uma gazela ou um gavião predando uma serpente são imagens que comumente lembramos ao pensar em predação, mas são os invertebrados os animais mais predados, seja por vertebrados ou mesmo outros invertebrados.

Os predadores podem atuar de forma solitária ou em grupos a partir de diversificadas estratégias que podem consumir grandes quantidades de energia em um curto espaço de tempo ou longos períodos de espera do predador para obter uma presa. 

A herbivoria pode ser considerada a forma de predação na qual a presa é uma planta, de forma que uma vaca pode ser considerada uma predadora herbívora. Assim como as plantas podem ser consideradas presas, elas também podem ser predadoras, tendo como exemplo as plantas carnívoras (2).

Defesa

Mecanismos de defesa desestimulam a predação animal e a herbivoria por meio da dor física ou por dificultar o acesso à presa. Esses mecanismos podem ser:

  • Químicos: Animais e plantas que produzem compostos tóxicos para seus predadores;
  • Formato e coloração: São formas que as presas em potencial possuem para evitar a detecção por predadores (camuflagem) ou para afugentá-los. 
    • Neste caso, o aposematismo é uma característica de organismos que possuem outro tipo de defesa, como a química, além de uma coloração ou estrutura que comunica um sinal de perigo aos outros organismos, enquanto que o mimetismo batesiano é quando espécies inofensivas possuem características físicas similares às de espécies que predadores preferem evitar. Além destes, existe o mimetismo Mülleriano, quando espécies possuem uma mesma cor de advertência além de outro mecanismo de defesa.
  • Distrações: para ganhar tempo para fuga, alguns animais distraem seus predadores quando estes se aproximam demais. Assim fazem os lagartos que perdem seus rabos antes de fugir.

Co-evolução

interacoes-antagonistas-lagarta
Lagarta da mariposa Manduca sexta. Imagem por Daniel Schwen, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons.

No entanto, possuir tais defesas não torna esses organismos imunes à predação, ainda mais considerando a existência de constantes processos evolutivos e de adaptação. Um exemplo disto é a “sabotagem” da lagarta de Manduca sexta, uma espécie de mariposa, à defesa química da espécie de tabaco Nicotiana attenuata (3). 

Esta lagarta é capaz de separar os componentes de uma das substâncias de defesa da planta para se desintoxicar de outra. Por outro lado, as plantas de tabaco passaram a produzir as duas substâncias envolvidas nesse processo em quantidades diferentes, o que dificulta a conversão enzimática realizada pela lagarta.

Antagonismo intraespecífico

Por possuírem necessidades muito similares e pela oferta de recursos disponíveis na natureza ser finita, é comum que indivíduos da mesma espécie tenham conflitos de interesse, os quais chamamos de interações antagonistas intraespecíficas. Estas interações podem se dar por:

  • Territorialidade: Quando um indivíduo defende um território contra a invasão por outros, para restringir o acesso a recursos presentes nesse território, como alimento ou abrigo.
  • Acasalamento: Na maioria das espécies animais, o número de machos e fêmeas é aproximadamente o mesmo. Assim, em sistemas de acasalamento nos quais um único macho copula exclusivamente com múltiplas fêmeas (poliginia), há a competição entre os machos pelo acesso a estas.
  • Hierarquia social: Um status elevado em determinada população pode ser atrelada a melhores chances de acasalamento e mais acesso a recursos.
  • Canibalismo e infanticídio: O benefício obtido pelo canibal se dá tanto pelo fator nutricional, como o de eliminar um competidor. Sendo comum que o canibalismo seja praticado sobre filhotes descendentes de um rival. No entanto, quando há escassez de recursos, eliminar e consumir um indivíduo pode significar a sobrevivência de um grupo. Além disso, existe o canibalismo sexual. Muito comum em insetos, como o louva-deus, e em aranhas, este é o tipo de canibalismo no qual, geralmente, a fêmea mata e se alimenta de um macho da mesma espécie, durante ou logo após a cópula. Os nutrientes obtidos ao consumir o macho colaboram para um aumento da fecundidade.

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