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Você já ouviu falar de uma cidade de 15 minutos? Entenda mais sobre esse conceito

A cidade de 15 minutos é um conceito de planejamento urbano que visa construir cidades de forma que a maioria das necessidades e serviços diários estejam localizados a 15 minutos a pé ou de bicicleta. Essa ideia existe desde 1920, porém, o termo foi criado em 2016 por Carlos Moreno, professor da Panthéon-Sorbonne e urbanista. 

Moreno defendeu a sua ideia a partir da visão de um ambiente em que a maioria das pessoas em áreas urbanas tenha fácil acesso a lojas, escolas, hospitais, academias, parques, restaurantes e instituições culturais. Seu conceito, chamado de “la ville du quart d’heure”, ganhou tração em 2020, quando a então candidata à prefeitura de Paris, Anne Hidalgo, adotou o plano da cidade de 15 minutos em sua campanha de reeleição. 

O plano foi implementado durante a pandemia de COVID-19 e recebeu o apoio de organizações como a ONU Habitat, o Fórum Econômico Mundial e o C40. No conceito de Hidalgo, as cidades seriam planejadas ao redor de escolas, que seriam consideradas as “capitais” dos centros urbanos. 

Desde então, outras capitais e cidades ao redor do mundo começaram a implementar planos similares à cidade de 15 minutos. Em Portland, Oregon, por exemplo, os “bairros de 20 minutos” foram impulsionados em 2022.

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Características de uma cidade de 15 minutos

Em geral, uma cidade de 15 minutos é baseada na acessibilidade dos habitantes às suas necessidades diárias. Porém, ela possui outras características, como: 

  • Acessibilidade de pedestres: visa fornecer infraestrutura completa e acessível para pedestres, facilitando a mobilidade e, consequentemente, promovendo uma melhor qualidade de vida; 
  • Ambiente urbano projetado para pessoas: as cidades de 15 minutos são planejadas para incentivar o deslocamento de pessoas e não de carros;
  • Transporte de curta distância: prioriza o transporte ativo e a micromobilidade, tornando o espaço urbano mais acessível para pedestres e ciclistas; 
  • Redefinição do espaço urbano: os espaços públicos já existentes precisam ser reorganizados, e não reconstruídos. Ou seja, espaços verdes, lugares para praticar esportes, cinemas e lojas precisam ser transferidos para onde as pessoas moram, e não o contrário.

Benefícios 

Todo o conceito da cidade de 15 minutos é baseado no bem-estar das pessoas através da redução do trânsito. Com uma área urbana reorganizada para providenciar os serviços essenciais, menos pessoas usam carros, dando preferência à micromobilidade. Em consequência disso, as pessoas possuem mais tempo para aproveitar o que gostam de fazer. 

Além disso, as cidades de 15 minutos podem beneficiar a saúde humana. De acordo com um estudo de 2022, a cada 2 mil passos de uma pessoa, o risco de morte prematura pode cair de 8% para 11%. Similarmente, o risco de diabetes ou doenças cardíacas diminui e os níveis de estresse baixam, criando uma comunidade mais feliz e com uma maior qualidade da vida urbana.

Porém, o plano também possui benefícios ao meio ambiente. O desenvolvimento de cidades de 15 minutos pode se tornar uma arma na mitigação das mudanças climáticas através da diminuição do trânsito.

Desse modo, a pegada de carbono de centros urbanos diminuiria, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para o meio ambiente. 

As teorias da conspiração ao redor das cidades de 15 minutos 

Desde a popularização das cidades de 15 minutos e cada vez mais, o conceito é abraçado ou rejeitado por parte da população. Um dos maiores movimentos em oposição ao sistema no Reino Unido resultou de uma fala de Nick Fletcher, político conservador, que afirmou que as cidades são um “conceito socialista internacional” que “tiraria suas liberdades pessoais”.

De acordo com alguns conspiradores, o planejamento é uma forma de controle do governo para impedir o deslocamento da população para outras cidades e bairros. A oposição criou um cenário distópico, em que a acessibilidade torna-se inviabilizada. 

No entanto, essa é a ideia contrária das cidades de 15 minutos. O objetivo desse tipo de planejamento urbano tem o objetivo de facilitar o acesso às comodidades diárias.

Ainda assim, mesmo sem as teorias da conspiração, muitas pessoas se opõem às mudanças na infraestrutura sugeridas pelo plano. Esse foi o caso, por exemplo, em Berkeley, Califórnia, em que o planejamento de uma ciclovia gerou resistência dos moradores que temem perder vagas de estacionamento.

Por outro lado, muitos empreendedores justificam sua rejeição baseando-se na ideia de que, com a diminuição do trânsito, seus estabelecimentos seriam prejudicados. Porém, na cidade de Portland, onde o conceito de bairro de 20 minutos foi implementado, a queda de 20% no tráfego de carros levou a um adicional de US$1,2 bilhão permanecendo na economia local.

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Como implementar uma cidade de 15 minutos?

Para que o maior número possível de pessoas se beneficie com a mudança das cidades sem o aumento da gentrificação, especialistas acreditam que a implementação das cidades de 15 minutos devem desenvolver o conceito em diferentes distritos e garantir que os participantes tenham uma “boa mistura social”. Similarmente, também é preciso adotar novos regulamentos e planejamentos tradicionais. 

De acordo com Benjamin Büttner, especialista em mobilidade da Universidade Técnica de Munique, “a vontade política e a coragem dos políticos e das administrações são vitais, assim como o diálogo com os cidadãos e todas as partes envolvidas”. (1)

“Cada lugar e cada estrutura social, econômica e ecológica de uma cidade é diferente. Portanto, decidir quais medidas são as melhores depende do contexto”, disse o especialista. 


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