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As larvas de Zophobas morio podem ser uma solução para a gestão de resíduos plásticos

Zophobas morio é o nome científico do besouro cuja larva é conhecida como tenébrio gigante, superverme ou zophobas. Os tenébrios gigantes são comumente utilizados para alimentar alguns animais de estimação, finalidade para qual também são usadas as chamadas larvas-da-farinha (larvas do besouro Tenebrio molitor). 

Apesar de possuírem uma aparência similar, os supervermes podem ser mais do que duas vezes maiores que as larvas-da-farinha, apresentando entre cinco e seis centímetros de comprimento. Além do tamanho, os zophobas podem ser identificados pela coloração escura nas extremidades de seu corpo.

Tenébrio gigante: para quê serve?

O tenébrio gigante serve de alimento para animais insetívoros, como pássaros, lagartos, jabutis, salamandras, sapos e alguns peixes. Quase metade (46,8%) de uma dessas larvas é constituída de proteínas, 43,64% são lipídeos e 8,17% de minerais e apenas 1,39% carboidratos.

Destacam-se nessa composição os ácidos palmítico, oleico e linoleico, assim como o magnésio, o cálcio, o ferro e o zinco (1). Tamanha concentração proteica e a presença de apêndices reduzidos tornam as larvas de tenébrio gigante uma opção para o consumo humano, em um cenário em que buscam-se alternativas às proteínas animais tradicionais (2).

Além disso, a espécie pode ser usada didaticamente em sala de aula para demonstrar as quatro fases da metamorfose em besouros (ovo, larva, pupa e adulto), sem demandar grandes espaços ou alimentação complexa para sua criação.

Biodegradação de plástico

Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que essas larvas possuem a capacidade de degradar resíduos plásticos a partir de enzimas bacterianas específicas do seu trato digestivo. No estudo publicado na revista Microbial Society, o microbioma dos supervermes foi analisado sob três dietas distintas por três semanas: alimentados com farelo, alimentados com espuma de poliestireno e um grupo sob jejum.

Os que ficaram em jejum ou foram alimentados com poliestireno apresentaram uma diversidade da microbiota menor e uma presença maior de patógenos oportunistas. Ainda que os que se alimentaram de poliestireno tenham obtido estes efeitos negativos, eles ainda foram capazes de ganhar peso como resultado da dieta plástica. Isso sugere que os os zophobas são capazes de obter energia do plástico consumido, mas eles não fazem isso sozinhos.

A partir de uma técnica chamada metagenômica, os pesquisadores conseguiram identificar um grupo de enzimas bacterianas responsável pela biodegradação do poliestireno. Esse é um início para a compreensão dos caminhos metabólicos que permitem que supervermes degradem o poliestireno.

Em entrevista para o New Atlas, o Dr. Chris Rinke chamou os supervermes de “mini usinas de reciclagem” por sua capacidade de triturar o poliestireno com suas bocas e alimentá-los às bactérias de seu trato digestivo, resultando em um produto que pode ser utilizado por outros microrganismos para criar compostos de alto valor (para a indústria e para o meio ambiente), como o bioplástico.

A ideia não seria utilizar o tenébrio gigante em usinas de reciclagem, mas sintetizar e aprimorar as enzimas capazes de degradar plástico. Estas enzimas poderiam ser uma ferramenta importante na gestão de resíduos em conjunto com sistemas mecânicos que triturariam os materiais plásticos.


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