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A sustentabilidade econômica pode ser entendida como uma nova forma de pensar a economia

A sustentabilidade econômica é abordada por importantes autores contemporâneos. Ela é conhecida por ser um dos tripés da sustentabilidade, que também inclui a sustentabilidade social e ambiental. Apesar de não haver uma definição específica para a sustentabilidade econômica, há pontos em comum nas diversas abordagens.

Na verdade, esse conceito traz consigo uma nova ética. Ela visa superar a crença de que a economia é um fim em si mesma. Com isso, o crescimento pregado é qualitativo e busca o bem-estar do ser humano. Esse passa a ser o centro do processo de desenvolvimento.

Na sustentabilidade econômica, o ser humano deixa de ter um preço para se dotar de dignidade. Da mesma forma, a capacidade de regeneração da natureza, e a manutenção dos recursos naturais, passa a ser um bem a ser preservado para a própria continuação da atividade econômica.

Alguns autores questionam a ideia do desenvolvimento baseado apenas no PIB (produto interno bruto). Apontando para a necessidade de incluir outros fatores nesse cálculo. Para eles, apostar no bem-estar social, no crescimento econômico e na preocupação com os ecossistemas como pilares do planejamento econômico seria uma das melhores formas de desenvolver a sustentabilidade econômica.

O conceito de sustentabilidade econômica é um universo a ser explorado por meio de teorias e práticas.

O que é sustentabilidade econômica?

Ignacy Sahcs

De acordo com o livro Estratégias de transição para o século XXI, de Ignacy Sachs, sustentabilidade econômica é ” a alocação e o gerenciamento eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados”.

Segundo o autor, uma condição importante da sustentabilidade econômica é ultrapassar os malefícios gerados pelas dívidas externas e pela perda de recursos financeiros do sul, pelos termos de troca (relação entre o valor das importações e o valor das exportações de um país em determinado período) desfavoráveis, pelas barreiras protecionistas ainda existentes no Norte e pelo acesso limitado à ciência e tecnologia.

Na visão de Sachs, a sustentabilidade econômica pressupõe que a eficiência econômica deve ser avaliada em termos macrossociais. Não apenas por meio do critério da rentabilidade empresarial de caráter microeconômico. Assim, ela deveria ser atingida com medidas de desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado, segurança alimentar e capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção.

Amartya Sen e Sudhir Anand

De acordo com Amartya Sen e Sudhir Anand, no artigo “Human development and economic sustainability“, a noção de sustentabilidade econômica, muitas vezes, é vista apenas como uma questão de equidade intergeracional. Segundo os autores a definição de sustentabilidade econômica deve incluir:

A demanda de sustentabilidade é uma universalização das reivindicações aplicada às futuras gerações. Entretanto, segundo os autores, esse universalismo também faz com que ignoremos cada vez mais os privilegiados do presente. Devido à ansiedade de proteger as gerações futuras.

Para eles, uma abordagem universalista não pode ignorar as pessoas desprivilegiadas de hoje na tentativa de evitar a privação no futuro. Mas deve tratar tanto das pessoas do presente quanto das do futuro. Além disso, é difícil medirmos e adivinharmos quais serão as necessidades das gerações futuras.

As políticas governamentais, como os impostos, os subsídios e a regulamentação, podem adaptar a estrutura de incentivos. De forma a manter o meio ambiente preservado e proteger a base de recursos globais para as pessoas que ainda não nasceram. Como observamos, há um amplo acordo de que o Estado deve proteger os interesses do futuro em algum grau. Sempre contra os efeitos de nosso desconto irracional e de nossa preferência por nós mesmos sobre nossos descendentes.

Ricardo Abramovay

Para o autor Ricardo Abramovay, no livro Muito além da economia verde, a sustentabilidade econômica deve se dar por meio de várias frentes. A economia não deve se orientar apenas por seu próprio crescimento. Mas, sim por resultados reais de bem-estar social e de capacidade de regeneração dos ecossistemas. A sustentabilidade econômica deve reconhecer um limite de exploração dos ecossistemas por parte da sociedade, para manter a sustentabilidade ambiental.

O autor conclui que a sustentabilidade econômica está intimamente ligada à ética. Esta última, definida como as questões referentes ao bem, à justiça e à virtude, deveria, portanto, ocupar um espaço central nas decisões econômicas. Essas que interferem nas decisões sobre como serão utilizados os recursos materiais, energéticos e a organização do próprio trabalho das pessoas. Abramovay afirma:

“A ideia de crescimento incessante da produção e do consumo choca-se contra os limites que os ecossistemas impõem à expansão do aparato produtivo.

O segundo problema é que a capacidade real de o funcionamento da economia criar coesão social e contribuir de forma positiva para erradicar a pobreza tem sido, até aqui, muito limitada.

Mesmo que a produção material tenha atingido uma escala impressionante, nunca houve tantas pessoas em situação de extrema miséria, ainda que proporcionalmente representem uma parcela da população menor que em qualquer momento da história moderna.”


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