Segundo Fábio Marin, as condições climáticas extremas são agravantes de outros fatores que prejudicam o mercado interno; efeitos serão mais intensos em lavouras que demoram para se recuperar, como o café
A seca e o frio extremo que atingiram regiões brasileiras nas últimas semanas reduzem a produtividade no campo e pressionam o preço dos alimentos. Esses são alguns dos eventos climáticos extremos que prejudicam a agricultura. De acordo com Fábio Marin, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, 2021 tem sido um ano difícil para a produção agrícola. “O frio intenso teve um impacto que vai chegar à mesa do brasileiro, porque acabou pegando uma variedade de culturas bastante importantes”, afirma Marin ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.
O professor explica que há muito pouco que possa ser feito pelos produtores para evitar prejuízos na produtividade, principalmente em áreas de larga escala. Ele pontua que algumas lavouras, como o café, demoram mais para se recuperar, por isso as diferenciações de preço devem ser mais intensas e duradouras.
Os efeitos mais intensos atingiram a produção de cana-de-açúcar em São Paulo e Mato Grosso do Sul, de milho no Paraná e café no sul de Minas Gerais. Também deve ocorrer, de forma mais branda, uma elevação de preços em carnes de frango e suínos devido aos danos nas pastagens. Segundo Marin, regiões como o Rio Grande do Sul estão mais preparadas para o frio intenso, por isso não foram tão afetadas.
A alta do dólar e da demanda internacional já vinham pressionando o mercado interno. “A alta do dólar já estava mantendo o preço dos alimentos em níveis elevados e, para algumas commodities, em níveis recordes”, diz o professor ao citar a soja e a carne. As condições climáticas agravaram essa situação e atingiram produtos que até então estavam em relativa estabilidade.