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Sistema de produção agrícola combina monoculturas latifundiárias, exportação e utilização de mão de obra escrava

Plantation é um sistema de produção agrícola que visa a geração de altos lucros pela combinação de três estratégias de mercado: monoculturas latifundiárias, exportação e utilização de mão de obra escrava. Esse método teve seu auge durante o período do século XVI ao século XIX nas Américas, devido ao pacto colonial firmado entre colônia e metrópole e à influência do mercado escravista sobre a economia mundial. Entretanto, o modelo não foi completamente abandonado, e hoje é comum em países com taxas elevadas de pobreza (chamados países subdesenvolvidos), exceto pelo uso de mão de obra assalariada.

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Alguns dos mais importantes produtos cultivados ao longo da história da agricultura na América foram implantados pelas vias do sistema plantation, como o algodão nos Estados Unidos, o milho nas haciendas espanholas, e a cana-de-açúcar e o café no Brasil. Em todos os casos, a metrópole investia na produção com objetivos especulativos, totalmente voltados para a satisfação do mercado consumidor europeu. Tais atributos constituíam o comércio triangular do plantation: a matéria-prima produzida no território colonial era exportada para a Europa em troca de produtos manufaturados, que bancavam a compra de escravos africanos para trabalhar nos latifúndios.

A economia do plantation no Brasil, por exemplo, teve início com o ciclo da cana-de-açúcar no nordeste, no período colonial, permanecendo no país até os dias atuais sob o rótulo de “agronegócio”. Durante o período, o cultivo de cana era realizado em larga escala, tomando o lugar de grandes áreas florestadas. O pacto colonial estabelecia que toda a produção deveria ser escoada para Portugal, o que implicava na inexistência de uma balança comercial brasileira e de um mercado interno e, portanto, justificava a preponderância das exportações. 

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A mão de obra utilizada nesse sistema, em um primeiro momento, foram os povos originários com os quais os portugueses travaram embates violentos para exercerem seu domínio. É a partir da década de 1540 que a escravização se torna um negócio extremamente lucrativo para a coroa portuguesa, inaugurando um mercado de escravos oriundos do continente africano sustentado pelos latifundiários assentados no território brasileiro.

Os latifúndios e a escravização africana são aspectos do sistema plantation que marcaram fortemente a constituição da sociedade brasileira. O sociólogo Florestan Fernandes e a historiadora Lilia Schwarcz argumentam que a concentração de grandes lotes de terra nas mãos da aristocracia brasileira produziu fenômenos como o coronelismo, o clientelismo e fomentou o atraso político e econômico nacional fazendo o uso de discursos conservadores. A historiadora afirma ainda que a utilização sistêmica e intensiva da mão de obra escrava africana ou afro-brasileira, em um longo período de tempo, corresponde às raízes do racismo estrutural no Brasil, sobretudo por conta dos processos de desumanização e mercantilização aos quais os negros foram submetidos.

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O agronegócio herda muitas características do plantation, uma vez que é necessidade comum aos dois sistemas a monopolização de recursos, minimizando ou impossibilitando o desenvolvimento de alternativas econômicas. 

No Brasil, o agro corresponde a quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e quase metade das exportações do país, destacando seu caráter produtivista. No entanto, a versão moderna do sistema colonial é igualmente predatória no sentido ambiental, o que se expressa por meio da expansão da fronteira agrícola sobre a Floresta Amazônica. Além disso, o agronegócio também promove a exclusão social e a expropriação do campesinato de pequena escala (agricultura familiar), pois concentra a maior parte das terras cultiváveis sob o controle de grandes empresas exportadoras de commodities.


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