Uso de plantas venenosas para ornamentação é comum e exige alguns cuidados, sobretudo para quem tem crianças ou animais
O conceito de plantas venenosas abrange todos os vegetais que, através do contato, inalação ou ingestão, causam danos à saúde de seres humanos e animais. Essas plantas apresentam substâncias que podem desencadear reações adversas, como irritação ou inchaço, seja por seus próprios componentes ou pela coleta e extração inadequada de seus constituintes.
Muitas dessas plantas venenosas são tidas como ornamentais, estando presentes em diversos ambientes ao nosso redor, o que facilita o risco de intoxicação.
Os vegetais contêm componentes químicos, denominados princípios ativos, que provocam efeitos semelhantes em animais e humanos. São eles: alcaloides, glicosídeos, cardioativos, glicosídeos cianogênicos, taninos, saponinas, oxalato de cálcio e toxialbuminas. A ação dos princípios ativos varia de planta para planta: existem as venenosas e também aquelas que atuam como remédios naturais.
Em 1998, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), em parceria com os centros de Belém, Salvador, Cuiabá, Campinas, São Paulo e Porto Alegre, criou o Programa Nacional de Informações sobre Plantas Tóxicas. Além de controlar e documentar a ocorrência de intoxicações por substância tóxica de plantas, o programa possui o objetivo de elaborar e distribuir materiais educativos de prevenção e tratamento para essas ocorrências.
Crianças são mais vulneráveis
Uma revisão de estudos sobre a toxicidade de espécies vegetais concluiu que a maneira como ocorre a intoxicação em seres humanos varia com a idade. Segundo a pesquisa, bebês e crianças de até 4 anos são mais vulneráveis às intoxicações por plantas, sendo essa a sexta maior causa de intoxicação nessa faixa etária. Elas acontecem por ingestão ou contato, principalmente nos domicílios, escolas e parques.
“Em jovens e adultos (de 20 a 59 anos), as intoxicações causadas por plantas são menos frequentes, ocupando a 14ª causa de intoxicação nesta faixa etária. Essas intoxicações ocorrem principalmente devido ao contato acidental, ao uso recreacional de algumas espécies, ao uso medicinal e na alimentação”, explica a pesquisa.
Ainda segundo este estudo, entre os idosos também se observa uma baixa incidência de intoxicações por plantas, ocupando o 12º lugar dentre as causas de intoxicação. No entanto, deve-se considerar que normalmente os idosos utilizam um número elevado de medicamentos de uso prolongado, favorecendo a ocorrência de interações entre os medicamentos e as plantas.
Por se tratar de uma fonte natural, muitas pessoas pensam que as plantas só trazem benefícios. Nessa perspectiva, a população as utiliza em conjunto com medicamentos industrializados, o que pode provocar efeitos sinérgicos e causar interações na saúde.
Quais são as plantas venenosas?
Conheça alguns tipos de plantas venenosas, que podem causar danos à saúde.
Copo-de-leite
- Família: Araceae
- Nome científico: Zantedeschia aethiopica
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio Ativo: Oxalato de Cálcio
Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia)
- Família: Araceae
- Nome científico: Dieffenbachia spp
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio Ativo: Oxalato de Cálcio
Tinhorão
- Família: Araceae
- Nome científico: Caladium bicolor
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio Ativo: Oxalato de Cálcio
A ingestão ou contato com alguma dessas três plantas é perigoso. Essas espécies possuem oxalato de cálcio, o que pode causar inchaço na boca, lábios e língua, sensação de queimação, vômitos, salivação abundante, dificuldade em engolir e asfixia. Se entrar em contato com os olhos, pode provocar irritação e lesão na córnea.
Bico-de-papagaio
- Família: Euphorbiaceae
- Nome científico: Euphorbia pulcherrima
- Parte tóxica: seiva da planta (líquido branco)
- Princípio ativo: Látex
Em contato com a pele, a seiva leitosa pode causar inchaço, queimação e coceira. Se entrar em contato com os olhos, pode provocar irritação, lacrimejamento, inchaço e dificuldade de visão. Caso seja ingerida pode causar náusea, vômitos e diarreia.
Coroa-de-cristo
- Família: Euphorbiaceae
- Nome científico: Euphorbia milii
- Parte tóxica: seiva da planta (líquido branco)
- Princípio ativo: Látex Irritante
Em contato com a pele, o látex pode causar irritação, vesículas e bolhas. Se entrar em contato com os olhos, provoca processos inflamatórios que desencadeiam a conjuntivite e lesões de córnea. Em caso de ingestão, náuseas e vômitos são os sintomas mais comuns.
Mamona
- Família: Euphorbiaceae
- Nome científico: Ricinus communis
- Parte tóxica: sementes
- Princípio Ativo: Toxalbumina (ricina)
Quando ingeridas, as sementes podem causar náusea, vômitos e cólicas abdominais. Em alguns casos, nos mais graves, pode levar à morte. Além disso, a planta possui espinhos pontiagudos que podem machucar crianças ou animais. Essa toxicidade não afeta o óleo de mamona, que é filtrado.
Saia-branca
- Família: Solanaceae
- Nome científico: Datura suaveolens
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio ativo: Alcalóides Beladonados (atropina, escopolamina e hioscina).
Quando ingerida, os sintomas podem incluir boca e pele secas, taquicardia, dilatação de pupilas, rubor da face, agitação, alucinação, hipertermia (aumento de temperatura) e, nos casos mais graves, levar à morte.
Espirradeira
- Família: Apocynaceae
- Nome científico: Nerium oleander
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio ativo: Glicosídeos
O látex de suas folhas ou ramos pode provocar inflamação na pele e irritação nos olhos. Ao ser ingerido causa sintomas como queimação na boca, língua e lábios, salivação excessiva, náusea e vômitos. Ela também pode provocar tontura, confusão mental e arritmia.
Hortênsia
- Família: Hydrangeaceae
- Nome científico: Hydrangea macrophylla
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio ativo: Glicosídeos Cianogênicos
A hortênsia faz parte de belos jardins, mas quando ingerida, provoca diarreias, vômitos, dores de cabeça e abdominais fortes, convulsões e flacidez muscular, podendo induzir o estado de coma e até morte.
Antúrio
- Família: Araceae
- Nome científico: Anthurium andraeanum
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio ativo: possui Oxalato de Cálcio
No início, a ingestão pode causar náuseas e vômitos. Além disso, outros sintomas como pele quente, seca e avermelhada, taquicardia, febre, alucinações e delírios são comuns. Nos casos graves, distúrbios cardiovasculares e respiratórios levam ao óbito.
Lírio
- Família: Meliaceae
- Nome científico: Lilium spp
- Parte tóxica: todas as partes da planta
- Princípio ativo: Saponinas e Alcaloides Neurotóxicos (azaridina).
No início, a ingestão pode causar náuseas e vômitos. Além disso, outros sintomas como pele quente, seca e avermelhada, taquicardia, febre, alucinações e delírios são comuns. Nos casos graves, distúrbios cardiovasculares e respiratórios levam ao óbito.
Espada-de-São-Jorge
- Família: Ruscaceae
- Nome científico: Sansevieria trifasciata
- Parte tóxica: todas as partes da planta.
- Princípio ativo: Saponinas e ácidos orgânicos.
Em contato com a pele, causa pequena irritação. Quando ingerida, salivação excessiva é um efeito comum.
Medidas preventivas com plantas venenosas
- Mantenha as plantas venenosas fora do alcance de crianças e animais de estimação;
- Conheça as plantas venenosas existentes em sua casa e arredores pelo nome e características;
- Ensine as crianças a não colocar plantas na boca e a não brincar com elas;
- Não prepare remédios ou chás caseiros com plantas sem consultar fontes confiáveis;
- Não coma folhas, caules, frutos e raízes de plantas desconhecidas. Lembre-se de que não há regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas;
- Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex. Use luvas e lave bem as mãos após manuseá-las;
- Em caso de acidente, procure imediatamente orientação médica e guarde a planta para identificação;
- Em caso de dúvida, ligue para o Centro de Intoxicação de sua região.