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Pesquisadores concluíram que incêndios provocados pela ação humana colocam em risco até regiões úmidas como a Mata Atlântica

Por Sidney Rodrigues Coutinho, da Conexão UFRJ | Com as alterações climáticas, os cientistas estão intrigados sobre como os biomas terrestres na América do Sul vão reagir a um aumento persistente na temperatura ambiente, muitas vezes combinado com a redução de umidade e de mudanças em padrões de vento. A partir de uma inovadora combinação de técnicas, eles fizeram projeções sobre vulnerabilidades nas áreas, em 2050 e 2090, fazendo alerta para que sejam tomadas ações preventivas para aquelas mais suscetíveis ao fogo. O estudo foi publicado na revista científica PeerJ Life and Environment em outubro.

Segundo Mariana Vale, professora do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, uma das autoras do trabalho, para quantificar a persistência do fogo e os padrões de ocorrência ao longo do tempo, além de avaliar o risco climático considerando as principais características climáticas relacionadas ao fogo, os pesquisadores testaram quatro hipóteses principais, inclusive o risco climático enfrentado pelos biomas. “Nós adaptamos a modelagem de nicho ecológico, que é normalmente utilizada a fim de mapear a distribuição geográfica de espécies, para uma análise com fogo. Com isso, conseguimos estabelecer a relação entre o clima e a ocorrência de fogo e mapear as áreas susceptíveis a incêndios nas condições climáticas atuais e em um futuro de mudanças climáticas”, esclareceu a professora.

A partir de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pesquisadores da UFRJ, ao lado de outros cientistas de instituições brasileiras e estrangeiras (Portugal, Canadá e EUA), investigaram o padrão de ocorrências de incêndios em seis biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, de 2011 a 2020, para concluir que a maioria das queimadas são provocados pela ação humana e não pelas condições naturais do clima.

Os pesquisadores fizeram projeções sobre a ocorrência de incêndios nos biomas e sua vulnerabilidade e risco, em 2050 e 2090, a partir das projeções dos efeitos de mudanças do clima do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Há estimativas de que o mundo atinja um ponto de inflexão climático irreversível se a média global da temperatura exceder 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, devido à possibilidade de maior frequência de raios que provocam ignição natural do fogo em cenários de mudanças climáticas.

A Mata Atlântica é o bioma que apresenta maior risco de ocorrência de incêndios, de acordo com os cenários projetados. A explicação estaria na redução da capacidade da floresta de se adaptar ao fogo ao longo das décadas.  A perda vegetativa e menores áreas de proteção tornam alguns biomas mais vulneráreis. “O Pantanal e o Pampa, assim como o Cerrado, são biomas dependentes do fogo, ou seja, eles coevoluíram com as chamas provocadas por raios e se beneficiam de incêndios sazonais. Já as florestas topicais úmidas, como a Mata Atlântica e a Amazônia, são biomas não adaptados ao fogo e por isso são afetados negativamente por incêndios florestais. Assim, o aumento da incidência de fogo nesses biomas causa grande preocupação”, alertou Mariana Vale.

Os pesquisadores alertam que políticas públicas devem ser tomadas para frear a cultura de atear fogo para abertura de pasto e de áreas de plantio, uma vez que os incêndios ficarão cada vez mais fora de controle. A principal contribuição do trabalho é de levantar evidências de que o aumento das secas, da temperatura média e a diminuição das chuvas serão propícias para a propagação do fogo com mais intensidade, destacou a pesquisadora Luísa Maria Diele-Viegas, da Universidade Federal da Bahia, outra coautora do estudo.

A professora Mariana Vale destacou o trabalho que vem sendo realizado pelo Instituto de Biologia, que obteve destaque nas últimas avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do próprio Ministério da Educação (MEC). “Dois programas de pós atingiram o nível máximo de excelência: o Programa de Pós-graduação em Ecologia e o mestrado profissional em Formação Científica para Professores de Biologia − ProfBio. Além disso, a graduação em Ciências Biológicas atingiu o nível máximo de excelência no Enade, apesar de todos os ataques e cortes de verba para a ciência e o meio ambiente, sem contar os problemas decorrentes da pandemia”, concluiu a pesquisadora.


Este texto foi originalmente publicado por Conexão UFRJ de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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