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Comfort food é um conceito que se aplica aos alimentos consumidos com a finalidade de melhorar o bem-estar físico ou emocional

Comfort food, ou, em português, comida afetiva, é um termo que se aplica a todo alimento que é consumido com a finalidade de proporcionar alívio emocional ou sensação de prazer em situações de fragilidade.

Normalmente, os alimentos categorizados como comfort food são associados a períodos significativos da vida da pessoa ou à grupos considerados importantes para ela, sendo divididos em quatro classificações: alimentos nostálgicos, alimentos de indulgência, alimentos de conveniência e alimentos de conforto físico.

Entendendo o conceito

comfort food
Imagem de Jade Aucamp no Unsplash

Os hábitos alimentares constituem o conjunto de escolhas relacionadas à alimentação que estão essencialmente ligadas a aspectos culturais, questões religiosas, etnia, classe social e gênero.

Nesse sentido, a escolha por determinados alimentos transcende a necessidade fisiológica do ato de se alimentar – havendo, portanto, de acordo com alguns autores, uma fusão do biológico com o cultural.

Um indivíduo só pode consumir um porco-da-índia, por exemplo, se todo o grupo ao qual ele pertence aceitar esse tipo de prática. Dessa forma, o “gosto pessoal” está submetido ao “gosto coletivo”. Como afirmam alguns estudiosos do comfort food, o que parece ser uma escolha individual, na verdade, está profundamente embasado no contexto social.

As experiências da infância são determinantes na formação das preferências e hábitos alimentares que se mantém ao londo da vida. Apesar desses hábitos poderem mudar completamente durante a vida adulta, a lembrança, o peso do primeiro aprendizado alimentar e os rituais sociais permanecem, muito provavelmente, para o resto da vida no inconsciente e consciente do sujeito – tendo um papel importante na estruturação dos vínculos sociais.

Origem

Apesar das pessoas procurarem na comida um conforto emocional há bastante tempo, o conceito de “comfort food” só começou a aparecer de modo significativo em revistas, jornais e televisão por volta dos anos 2000 – sendo comumente abordado pela indústria alimentícia sob os termos de “caseirinho”, “comida da vovó”, “feito com amor”, etc.

Comidas nostálgicas

Essa categoria de alimentos do comfort food representa aquele grupo de alimentos que são consumidos por pessoas que estão temporariamente afastadas de suas famílias ou terra natal. É como o exemplo do imigrante brasileiro que mora nos EUA e tem vontade de consumir arroz e feijão para consciente, ou inconscientemente, sentir um pouco como se estivesse se reconectando com a sua cultura de origem. Esse ato ajuda o sujeito a reparar sua desconexão, o que contribui para manter a sanidade em um contexto não familiar. Esse cenário traz a lembrança de ser cuidado por alguém que se ama, ou de estar com pessoas queridas, tanto no que diz respeito ao usufruto da iguaria quanto de sua preparação.

Ainda a respeito dessa categoria, vale mencionar que a última característica cultural a ser perdida é o paladar, o que reafirma a experiência cultural como definidora da identidade pessoal.

Comidas de indulgência

Essa categoria do comfort food está associada a alimentação despreocupada em relação aos valores nutricionais ou outros aspectos de saúde de alimentos e bebidas. Nesse caso, privilegia-se o prazer, e, mais tarde, vem a culpa – principalmente se a ingestão for em grandes quantidades. Entretanto, apesar da culpa, o prazer obtido com ingestão do alimento é interpretado como uma forma de recompensa diante de uma situação triste, angustiante ou simplesmente desagradável. Exemplos nesse sentido são os alimentos junk food.

Comidas de conveniência

As comidas de conveniência são aquelas cujo principal critério de escolha é a possibilidade do acesso e consumo imediato. Nessa categoria, a associação entre conforto emocional e a praticidade é essencial, e é possível perceber uma série de substituições (como a substituição de biscoitos caseiros pelos industrializados) incentivadas pela indústria alimentar. Alguns estudiosos do comfort food afirmam que isso se dá por duas razões: ou porque o sujeito em questão foi criado em um contexto de industrialização alimentar e teve acesso a esse tipo de comida, ou porque o contexto socioeconômico levou a pessoa a substituir um produto caseiro por um similar industrializado.

Comidas de conforto físico

As comidas de conforto físico são aquelas cujas composição, temperatura e textura proporcionam, além do bem-estar emocional, uma melhora no estado físico. Exemplos desse tipo de alimento podem ser os gordurosos, ricos em açúcar e até mesmo o chá, o café e bebidas alcoólicas, que têm comprovada ação química no cérebro.

Outras características

Os alimentos do comfort food normalmente são preparados e degustados de modo individual, justamente porque a pessoa está passando por uma experiência de isolamento e solidão e precisa se reconectar, mesmo que no plano simbólico, a momentos e pessoas significativos de um período que, para ela, era mais feliz.

Quando as pessoas estão se sentindo socialmente isoladas, consumir alimentos associados às relações que consideram importantes ajuda a combater a sensação de solidão. Isso se reforça em uma sociedade em que as pessoas são, cada vez mais, definidas pelo que consomem; de modo que, ingerir determinados alimentos funciona como um mecanismo de reforço identitário, que é acionado para fortalecer o vínculo a determinado grupo.

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Apesar da definição do que é comfort food depender de qualidades individuais, o conceito pode ser observado em práticas de grupos sociais, nas os integrantes fazem parte de contextos socioeconômicos e culturais semelhantes.

Isso não tem passado despercebido pela indústria alimentar, que incorpora expressões como “da vovó”, “caseiro” e “tradicional” em vários de seus produtos e em seus discursos de marketing. Nesse sentido, o conceito de comfort food contribui para a reflexão sobre a complexa relação da humanidade com o alimento, principalmente na contemporaneidade.


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