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Criado com apoio da USP, Modera SP já realizou mais de 23 mil assistências virtuais e promove a reflexão e a redução do consumo excessivo de álcool entre os moradores da cidade de São Paulo; ferramenta será apresentada no Web Summit Rio
Por Jornal da USP | O aplicativo de saúde digital Modera SP, desenvolvido para ajudar na identificação precoce de padrões de consumo abusivo de álcool e utilizado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo desde abril de 2024, será um dos destaques do evento Web Summit Rio, edição brasileira do maior evento de tecnologia do mundo, que ocorre de 27 a 30 de abril de 2025 no Riocentro, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi liderada pela Escola de Segurança Multidimensional (Esem), vinculada ao Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, e outras instituições, para criar uma solução alinhada às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o consumo de álcool. Hoje conta com mais de 45 mil usuários e a realização de mais de 23 mil assistências virtuais de triagem e intervenção.
Durante o evento, um painel no dia 29 de abril conta com a participação do professor Martino Martinelli, da Faculdade de Medicina (FM) da USP e do Incor do HC São Paulo, além de representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo e da Secretaria de Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
“Vamos ao Web Summit Rio para mostrar como uma ferramenta de saúde digital inovadora e uma parceria público-privada, que contou com o apoio da fundação global AB Inbev Foundation, foi capaz de promover o consumo consciente de bebidas alcoólicas, usando tecnologia e protocolos testados e validados por organismos globais da área de saúde pública, como a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, explica o professor Leandro Piquet Carneiro, professor do IRI, coordenador da Escola de Segurança Multidimensional e coordenador do Comitê Científico do Modera SP.
Intervenções personalizadas
O Modera SP é uma ferramenta digital que tem o objetivo de promover a reflexão e a redução do consumo excessivo de álcool entre os moradores da cidade. Integrada ao aplicativo e-saúdeSP, a plataforma permite que os usuários realizem uma autoavaliação por meio do questionário Audit (Alcohol Use Disorders Identification Test), validado pela OMS. Com base nos resultados, oferece intervenções breves e personalizadas, como orientação, acompanhamento e, quando necessário, encaminhamento para tratamento especializado. Essas ações estão diretamente alinhadas com as recomendações do Global Status Report on Alcohol and Health and Treatment of Substance Use Disorders (OMS, 2024), que enfatiza a importância das intervenções precoces e breves como estratégias essenciais para a prevenção do uso nocivo de álcool.
O sistema também disponibiliza uma série de conteúdos e ferramentas educativas: plano de mudança comportamental, vídeos informativos sobre os impactos do álcool na saúde e no orçamento familiar, práticas de respiração, sugestões de atividades substitutivas e mecanismos de monitoramento do consumo semanal. Além disso, há funcionalidades para profissionais da saúde, oferecendo recursos para o acompanhamento clínico, gestão de dados e encaminhamento de pacientes para a rede de atenção básica, quando necessário.
Comitê de especialistas
O consumo abusivo de álcool representa um enorme ônus para a saúde pública brasileira, constituindo-se um dos principais fatores de risco para problemas de saúde e morte prematura. A Organização Mundial da Saúde tem como meta reduzir o uso abusivo de álcool em 10% entre 2010 e 2025. Os custos desse consumo também representam um enorme peso para o sistema de saúde pública e para as famílias no Brasil. Um estudo recente patrocinado pela Vital Strategies, conduzido por uma equipe de pesquisadores da Fiocruz em parceria com a USP e a Universidade Autônoma do Chile, estimou o impacto do consumo de álcool no Brasil em R$ 18,8 bilhões (dados do ano de 2019), sendo R$ 1,1 bilhão em custos diretos ao sistema público de saúde, incluindo hospitalizações e tratamentos ambulatoriais no SUS.
Foi no contexto desse problema que o grupo de professores Arthur Guerra e Martino Martinelli, da FM, e Leandro Piquet Carneiro, do IRI, todos da USP, convidou outros especialistas para organizar um comitê científico internacional que orientou a implementação do Modera SP em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. Além do Modera SP, foi desenvolvido o programa de treinamento Prevenção ao Consumo de Álcool na Atenção Básica à Saúde, organizado pela Escola de Segurança Multidimensional da USP, iniciativa que já formou mais de 2.000 profissionais da rede de atenção primária de saúde pública de São Paulo nas quatro edições do curso já concluídas.
Saiba mais sobre o Modera SP neste link. Para acompanhar as atividades da Escola de Segurança Multidimensional da USP clique aqui.
Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP, de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
