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A maioria do salmão consumido no mundo está contaminada com substâncias prejudiciais à saúde humana

O salmão é um peixe cuja carne é considerada nutritiva e saborosa, sendo visto por muitos especialistas como saudável, o que faz com que seu consumo venha aumentando nas últimas décadas. No entanto, relatórios apontam uma possibilidade da carne branca não ser tão saudável assim, além de ser nociva ao ecossistema marinho mundial. Isso quer dizer que o salmão faz mal à saúde?

Em algumas situações, ele pode causar danos à saúde humana por conta de substâncias tóxicas presentes nas águas em que o animal procria — e que acabam contaminando a carne do salmão. Entre elas, destacam-se os PCBs, poluentes muito comuns na água do mar e que se concentram ainda mais no salmão de cativeiro.

Independente da receita de salmão que você escolha fazer, cru, cozido, frito ou salmão assado, você estará consumindo essas substâncias tóxicas.

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O que é preciso saber sobre contaminação cruzada

O que são PCBs?

Bifenilos policlorados, conhecidos por PCBs (do inglês polychlorinated biphenyls), são misturas de até 209 compostos clorados. Não existem fontes naturais dos PCBs. Por serem praticamente incombustíveis e apresentarem alta estabilidade e resistência, eles vêm sendo empregados em diversos produtos, como fluidos dielétricos, óleos de corte, lubrificantes hidráulicos, tintas e adesivos.

Entre os danos à saúde humana, o mais comum é a cloracne: uma escamação dolorosa que desfigura a pele e que se assemelha à acne. Os PCBs também causam danos nos fígados, problemas oculares, dores abdominais, alterações nas funções reprodutivas, fadiga e dores de cabeça, além de serem potenciais cancerígenos. A criação de medicamentos hormonais que envolvem PCBs em sua produção também podem causar a disrupção hormonal, como no caso dos xenoestrogênios em mulheres.

Devido ao grande impacto na saúde, os Estados Unidos baniram a produção de PCBs em 1979. No Brasil, não existem registros da produção de PCBs, sendo todo o produto normalmente importado. Uma portaria interministerial de janeiro de 1981 proíbe a fabricação e comercialização em todo o território nacional, porém, permite que os equipamentos instalados continuem em funcionamento até sua substituição integral ou a troca do fluído dielétrico por produto isento de PCBs.

O que é contaminação por PCB?

As principais rotas de contaminação por PCBs no meio ambiente são:

  • Acidente ou perda no manuseio de PCBs e/ou fluídos contendo PCBs;
  • Vaporização de componentes contaminados com PCBs;
  • Vazamentos em transformadores, capacitores ou trocadores de calor;
  • Vazamento de fluídos hidráulicos contendo PCBs;
  • Armazenamento irregular de resíduo contendo PCBs ou resíduo contaminado;
  • Fumaça decorrente da incineração de produtos contendo PCBs;
  • Efluentes industriais e/ou esgotos despejados nos rios e lagos.

Devido à sua grande estabilidade química e à ampla disseminação de produtos contendo PCBs, é comum encontrá-los no meio ambiente devido à descarga dessas substâncias por atividades humanas contaminantes do solo. Além disso, a contaminação atinge os lençóis freáticos que acabam indo parar nos lagos, rios e oceanos, prejudicando peixes e outros seres vivos aquáticos. Os PCBs também são poluentes orgânicos persistentes (POPs), que se caracterizam por serem altamente tóxicos, por permanecerem no ambiente por muito tempo e por serem bioacumulativos e biomagnificados.

Qual a diferença do salmão selvagem e de cativeiro?

A aquicultura do salmão é considerada o sistema de produção mais prejudicial ao meio ambiente. A criação de salmão, normalmente, utiliza a prática de gaiolas ancoradas, que entram em contato direto com a água do mar, permitindo que componentes químicos, doenças, vacinas, antibióticos e pesticidas usados na manutenção da saúde do salmão sejam liberados e possam entrar em contato com a vida marinha.

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Uma análise genética do vírus Piscine orthoreovirus mostrou que ele foi repetidamente transportado de fazendas de salmão norueguesas para fazendas de aquicultura em todo o mundo — e depois para o salmão selvagem do Pacífico. Isso é problemático, já que cerca de 80% de todo o salmão presente no mercado é proveniente da aquicultura. 

Com a contaminação dos PCBs na água, tanto o salmão criado, quanto o selvagem estão expostos a essas substâncias, porém, devido à alimentação gordurosa à base de farinha e azeite de peixe, o acúmulo é maior nos animais criados. Um estudo publicado na revista Science demonstrou que peixes de criação possuem entre cinco e dez vezes mais concentração de PCBs em seu organismo quando comparados aos selvagens.

O estudo realizado pela Indiana University analisou filetes de 700 salmões de viveiros e salmões selvagens procedentes de oito das maiores regiões produtoras e comprados em comércios de várias cidades pela Europa e América do Norte. Ao se alimentar desses peixes contaminados, essas substâncias químicas vão se acumulando no corpo humano por meio do processo de bioacumulação e podem trazer sérios danos à saúde humana.

Diferenças nutricionais

Outra diferença importante entre os dois tipos de salmão é a quantidade de ômega 3 – os peixes selvagens, devido ao fato de se terem uma alimentação à base de pequenos peixes e invertebrados, possuem uma quantidade maior dessa substância quando comparados aos de aquicultura (que apresentam quantidades mais elevadas de outras gorduras, como o ômega 6).

Recomendações

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Foto de Kostiantyn Li na Unsplash

Para reduzir a contaminação de PCBs na carne do salmão de aquicultura, é recomendável remover a pele e a gordura visível do peixe, uma vez que os PCBs se acumulam na gordura. Além disso, opte por métodos de preparo que diminuam consideravelmente a quantidade de gordura na carne, como grelhar ou levar o salmão ao forno com papel alumínio.

Apesar de ser considerado uma carne bem nutritiva, órgãos como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) não recomendam a ingestão de salmão mais de duas vezes por semana devido a diversos tipos de contaminantes presentes no peixe (se for salmão proveniente de aquicultura, esse número passa a uma vez por mês).

Comparado aos de aquicultura, o salmão selvagem possui menores níveis de PCBs e melhores nutrientes, porém, seu preço chega a custar quase o dobro, além de ser mais difícil de achar esse produto no mercado. Consumir o salmão enlatado também é uma boa dica – isso porque, em sua grande maioria, ele é de origem selvagem (aparentemente, o salmão de aquicultura não se conserva bem quando enlatado).

Consequências da pesca de salmão

O mercado do salmão enfrenta outras questões além das contaminações. A pesca desse peixe está acabando com a biodiversidade do Oceano Pacífico, segundo o Dr. Atlas, cientista do Wild Salmon Center. Com isso, a pesca também tem enfrentado o declínio das populações de peixes, a variabilidade climática e a falta de oportunidades de pescas sustentáveis.

Em contrapartida, em um artigo publicado na BioScience, o Dr. Atlas documenta como as comunidades indígenas ao redor do Pacífico Norte mantiveram pescas sustentáveis de salmão por milhares de anos. Para isso, utilizaram ferramentos como açudes, armadilhas, rodas, redes de recife e de imersão. Algumas comunidades baseiam-se em valores como respeito, reciprocidade e bem-estar, valorizando o salmão como fonte primária de alimento.

Os autores da pesquisa defendem que, ao revigorar essas práticas indígenas, podem trazer lições comprovadas para a pesca de salmão. Segundo eles, restaurar a co-governança indígena é fundamental para colaborar na mitigação dos impactos aos rios e oceanos.


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