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Empresas do mundo todo não devem mais ser vistas apenas como culpadas por emissões de gases estufa, mas como parceiras indispensáveis para ação climática

Nova geração de turbinas eólicas foram expostas no pavilhão austríaco da COP 24, na Polônia, em dezembro de 2018. Foto: ONU/Yasmina Guerda

Empresas do mundo todo não devem mais ser vistas apenas como culpadas por emissões de gases causadores do efeito estufa, mas como parceiras indispensáveis para a ação climática. Esta foi uma das mensagens da conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP 24, realizada em dezembro na Polônia.

Durante anos, setores relacionados à construção, ao transporte, às atividades agrícolas e ao varejo foram apontados como os maiores contribuintes das emissões globais de gases causadores do efeito estufa e por colocarem lucros antes da proteção ambiental.

Porém, cada vez mais, novas tecnologias e modelos estão transformando o setor privado para que líderes empresariais não tenham mais que escolher entre lucrar e cuidar melhor do planeta.

Esta foi uma das principais questões discutidas na conferência COP 24, onde foram feitas negociações sobre a implementação do acordo de ação climática adotado em Paris em 2015, quando 197 partes se comprometeram a tentar limitar aquecimento global para 1,5°C acima de níveis pré-industriais.

“Convocamos todas as partes em todos os setores e regiões a estabelecerem suas metas com base na ciência para um novo nível de ambição, uma que se alinhe com a meta de 1,5°C”, afirmou Lise Kingo, que comanda o Pacto Global da ONU, uma rede de 9.500 pequenas e grandes companhias privadas que se comprometeram a investir mais em desenvolvimento sustentável.

Falando em entrevista à imprensa na COP 24, junto aos chefes da Maersk – companhia dinamarquesa de transporte global – assim como a gigante norte-americana da confeitaria Mars e o conglomerado sediado na França de gerenciamento de água e lixo, Suez, Kingo destacou que “esta é a única maneira para que possamos alcançar a ambição do Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030”.

De acordo com o Pacto Global, quase metade das corporações norte-americanas listadas na Fortune 500 estabeleceu metas de energia limpa ou objetivos para redução de gases causadores do efeito estufa. Além disso, em 2016, 190 destas companhias tiveram um total de 3,7 bilhões de dólares em poupanças graças às medidas de redução de emissões.

Para facilitar que o setor privado adote soluções ambientalmente amigáveis, enquanto também impulsiona lucros, uma organização não governamental – a Solar Impulse Foundation – se esforçou para juntar 1 mil soluções já em operação e examiná-las de acordo com impactos ambientais positivos e rentabilidade antes de apresentá-las a governos e ao setor privado.

“Isto é onde podemos fazer uma grande diferença para a proteção do meio ambiente… mostrando que isto é rentável, que pessoas podem criar empregos e ganhar dinheiro com isto”, disse o fundador da fundação, Bertrand Piccard, que também foi a primeira pessoa a completar um voo de volta ao mundo apenas com energia solar, em 2016.

Buscando “estreitar a distância entre ecologia e economia”, a iniciativa de 1 mil soluções eficazes foi lançada há mais de um ano e, até o momento, mais de 1.500 se juntaram, com mais de 600 projetos em andamento. Até agora, 58 soluções já receberam o Selo Solar Impulse de Eficácia em sustentabilidade e rentabilidade.

“Tento mostrar que a maior oportunidade do século no mercado industrial e financeiro é a transformação de aparatos, sistemas e infraestruturas velhos que são ineficazes e poluentes, em processos industriais, aparatos, sistemas, tecnologias e soluções eficazes e limpos e muito mais rentáveis”, disse Piccard ao UN News em entrevista na COP 24.

De soluções que tornam residências neutras em carbono, ao desenvolvimento de sistemas de refrigeração mais limpos, ou produção mais eficaz e econômica de aço inoxidável, Piccard disse esperar que a iniciativa ajude a comprovar que ação climática pode acontecer agora.

“Hoje vemos que as soluções mais rentáveis precisam de um pouco mais de investimentos iniciais e depois trazem muito mais dinheiro”, ressaltou Piccard. “Use ônibus elétricos como exemplo: um ônibus elétrico é um pouco mais caro para compra do que um ônibus a diesel, mas durante dez anos, que é o tempo médio de vida de um ônibus, ele traz cerca de 400 mil dólares em economia se for elétrico”.

Junto aos setores ligados à construção, assim como produtores de energias de combustíveis fosseis, a indústria da moda é frequentemente criticada por práticas poluentes, insustentáveis e que promovem o desperdício.

Para corrigir o curso, na COP 24, dezenas de companhias líderes na indústria da moda – incluindo Adidas, Burberry, Esprit, Guess, Gap, Hugo Boss, H&M, Levi Strauss, Puma, Inditex – dona de marcas como Zara e Bershka – e a varejista Target assinaram a Carta da Indústria da Moda para Ação Climática.

“A indústria da moda está sempre dois passos à frente no que diz respeito a definir a cultura do mundo, então estou satisfeita em ver que agora está liderando o caminho em termos de ação climática”, disse a chefe da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Patricia Espinosa.


Fonte: ONU Brasil

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