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Evento organizado pelo Banco Mundial em Washington destacou iniciativa brasileira que se propôs a unir ambientalistas e entidades do agronegócio para promover maneiras de conservar e recuperar as matas mesmo na agricultura de larga escala

Imagem: Flickr/CIAT/ Neil Palmer (cc)

Em todo o mundo, entidades de conservação das florestas e representantes do agronegócio parecem dois grupos absolutamente separados e inconciliáveis. Nos últimos 25 anos, o planeta perdeu 1,3 milhão de km² de florestas, área superior à da África do Sul, grande parte transformada em campos de cultivo.

É possível aproveitar a riqueza das florestas e, ao mesmo tempo, promover a conservação diante da necessidade de cultivar alimentos para uma população que chegará a 9 bilhões em 2050?

Alguns passos já estão sendo dados nessa direção. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que já une cerca de 120 participantes (entre grandes empresas, academia e ONGs) é um deles. A iniciativa brasileira se propôs a juntar ambientalistas e entidades do agronegócio à mesa para promover maneiras de conservar e recuperar as matas mesmo na agricultura de larga escala.

O biólogo Roberto Waack, um dos fundadores da Coalizão e presidente da empresa Amata (de manejo sustentável de florestas) explica que técnicas e tecnologias modernas tornam possível aliar conservação e produção. Para ele, poucos países têm condições de fazer isso melhor do que o Brasil.

“Os países que conseguirem conciliar produção de alimentos, energia e outros bens com a atividade florestal terão uma vantagem comparativa muito grande neste novo cenário que está se descortinando, de produção de matérias-primas de baixo carbono”, comentou Waack.

A convivência entre bosques e cultivos pode ser feita de duas formas. “Uma delas é aliar a renda da produção de grãos ou pecuária com a renda vinda de uma floresta bem gerenciada. Adiciona-se ao que acontece dentro da fazenda um novo portfólio de produtos (madeira de manejo sustentável, por exemplo)”, explicou.

Existem também as agroflorestas, em que produtos como café, cacau e frutas são plantados à sombra das árvores. Isso permite obter produtos de melhor qualidade e com características mais desejáveis pelos consumidores, como sabor e concentração de princípios ativos.

Fundada em dezembro de 2014, a coalizão passou o primeiro ano se organizando para as discussões da COP 21, em Paris, e em 2016 partirá para ações mais práticas.

As entidades participantes se dividem em grupos de trabalho sobre temas como o Código Florestal Brasileiro, economia das florestas tropicais, agricultura com baixa emissão de carbono e mecanismos de valoração de carbono, entre outros. Quando cabível, os próprios integrantes se encarregarão de implementar as atividades decididas pelos grupos.

“Os países que conseguirem conciliar produção de alimentos, energia e outros bens com a atividade florestal terão uma vantagem comparativa muito grande neste novo cenário que está se descortinando, de produção de matérias-primas de baixo carbono.”

Comunidades indígenas

Durante evento “Pense nas Florestas: Por que Investir em Florestas é a Grande Tendência”, do Banco Mundial, também se destacou o papel das florestas para a superação da pobreza, já que 1,3 bilhão de pessoas dependem diretamente de seus recursos. Muitas são de comunidades indígenas, consideradas essenciais para a preservação e a gestão sustentável das florestas.

A líder indígena e médica nicaraguense Myrna Kay Cunningham lembrou durante o evento que, em todo o mundo, a pressão feita por ONGs e nações indígenas nas últimas décadas possibilitou aumentar em cerca de 50% a área florestal reconhecida como propriedade das comunidades.

“A América Latina e o Caribe, onde os indígenas controlam 40% das florestas, é a região com maiores avanços”, declarou, acrescentando que ainda há muitos obstáculos a superar. Entre eles, o fato de os povos indígenas não receberem a participação nos benefícios resultantes da exploração de recursos em seus territórios.

Para Myrna Kay, acordos (como o da COP 21) para conter o aquecimento global e programas de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (mais conhecidos como REDD+) ajudam o mundo a reconhecer que a segurança jurídica do território indígena é importante para evitar conflitos, reduzir o desmatamento e enfrentar as crises alimentares e climáticas.

“Esses acordos precisam ser feitos de forma participativa com todos os atores, garantindo os direitos e fortalecendo processos descentralizados de gestão florestal”, enfatizou.

Trabalhar com os povos indígenas e as pequenas comunidades, por sinal, é mais uma das inovações trazidas pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura a um país em que são frequentes os conflitos entre esses grupos e o agronegócio.

“Eles são uma parte muito importante do nosso sonho. A ideia de que é possível alguém fazer o que quiser na fazenda e ignorar o que está acontecendo no entorno não deveria mais existir”, disse Roberto Waack, também participante do evento em Washington.

Fonte: ONUBr

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