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A partir da captura de sons da floresta, pesquisadores descobriram o impacto negativo na avifauna

Por Sidney Rodrigues Coutinho em Conexão UFRJ Parece mais uma sequência da animação Rio, do brasileiro Carlos Saldanha, que ganhou as telas ao retratar as aves brasileiras sendo vítimas do ataque de pequenos miquinhos liderados por uma cacatua. Mas, pela primeira vez, cientistas podem ter encontrado indícios de que isso está se tornando realidade. As aves da Mata Atlântica estão sob ameaça e os responsáveis são os pequenos macaquinhos originários da Caatinga e do Cerrado. Artigo publicado este mês na revista Biological Invasions demonstrou o impacto negativo dos saguis invasores na vocalização dos pássaros, o que pode afetar a reprodução das espécies e está tornando as florestas silenciosas. O trabalho é de pesquisadores da UFRJ, da Universidade Estadual Paulista em Rio Claro (Unesp-Rio Claro) e da Universidade Autónoma de Madrid, na Espanha.

Com modernos métodos de monitoramento, os cientistas se valeram de gravação automatizada para capturar sons do cotidiano de aves na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Colocamos os gravadores programados no alto das árvores, de onde capturamos o som da floresta, em uma técnica que ainda é pouco usada no mundo e, principalmente, no Brasil. Mas é uma ferramenta que otimiza o esforço de campo e nos possibilita responder muitas perguntas sobre a biodiversidade de uma paisagem acústica”, afirmou a pesquisadora Marina Zaluar, do Programa de Ecologia do Instituto de Biologia (IB/UFRJ), que liderou o estudo.

Segundo a pesquisa, a presença de saguis está associada a uma menor complexidade acústica da avifauna da Mata Atlântica. “Observamos que as aves vocalizam menos nas áreas com mais saguis. No entanto, não sabemos se isso é o resultado direto da predação ou se elas estão vocalizando menos pelo medo causado pela presença desses macacos invasores. Os muitos avistamentos de saguis atacando ninhos de aves são preocupantes, mas, como esses primatas são predominantemente vegetarianos e não havia estudos detalhados sobre o assunto, começamos a saber agora o quanto podem afetar as aves”, afirma Marina.

De acordo com a professora do IB/UFRJ Mariana Vale, coautora do estudo, mesmo que as aves estejam apenas vocalizando menos, esse é um impacto negativo importante. “As aves dependem da vocalização para atividades vitais, como o canto dos machos para atrair as fêmeas – o que afeta a reprodução”, pondera.

Além da descoberta, o trabalho dos pesquisadores evidenciou o potencial de gravadores automatizados para avaliar os impactos de espécies invasoras sobre a biodiversidade de uma região.


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