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Ao chegar aos 200 anos, o Brasil precisa reconhecer suas verdadeiras riquezas

Por WWF-Brasil | O Brasil chega aos 200 anos de sua independência no contexto de eleições gerais para cargos executivos e legislativos em âmbito federal e estadual.  A junção de dois eventos tão significativos exige reflexão: quais lições do passado podemos tirar para o nosso futuro no curto, médio e longo prazo?

Olhar para a história do Brasil é olhar para as causas dos problemas que enfrentamos hoje:

  • Do maior tráfico de pessoas registrado na história da humanidade herdamos o racismo estrutural e uma desigualdade social abissal que clama por respostas efetivas, rápidas e contundentes;
  • Das capitanias hereditárias implantadas pelos portugueses para controlar o território brasileiro herdamos o modelo latifundiário que prevalece até hoje, o qual pressiona o Congresso Nacional a aprovar mais uma anistia a grileiros que roubam terras públicas e segue expulsando indígenas, quilombolas e camponeses de suas terras tradicionais;
  • Do modelo de exploração econômica baseado na exportação de commodities para a metrópole colonial herdamos o modelo predatório de ocupação do território, o qual segue  destruindo nossos ecossistemas nativos, dos mais ricos em vida em todo o Planeta, para dar lugar paisagens monótonas e empobrecidas dominadas por algumas poucas culturas agrícolas destinadas ao exterior;
  • Da concentração de poder nas mãos do rei e consequente fragilidade da representação da população brasileira, herdamos a tendência de regredir para arranjos políticos autoritários, que alijam a representatividade do povo.

Esses desafios começam a ser enfrentados, no curto prazo, em 2 de outubro. No médio prazo, cobrando as lideranças eleitas legitimamente pelo voto popular por soluções para cada um desses problemas estruturais.

Pois não há democracia com racismo.
 
Não há democracia sem respeito aos povos originários.
 
Não há democracia sem uma drástica redução das desigualdades sociais.

Não há democracia sem saúde e sem educação.
 
E não há democracia sem meio ambiente.

Aliás, sem preservação ambiental, talvez não haja Brasil. Pois é do meio ambiente que dependemos para nos alimentarmos, para termos água potável e para nossa energia.

Diante do momento histórico em que nos encontramos, precisamos afirmar que sem democracia não há chances de superarmos os imensos desafios sociais, econômicos e ambientais que se encontram à nossa frente. Se ainda temos muito o que conquistar, não podemos negligenciar aquilo que avançamos.

Sem democracia, que pressupõe imprensa livre e sociedade civil atuante, não teríamos conseguido aprovar leis e implementar políticas que evitaram uma destruição ainda mais acelerada da Amazônia, o que nos permite hoje ter ainda alguma chance de evitar um colapso climático nas próximas décadas.

Sem democracia, que pressupõe alternância no poder e sua submissão à Constituição Federal, não teríamos começado a pagar a dívida histórica com os povos originários, protegendo ¼ da Amazônia como Terra Indígena e permitindo a sobrevivência de centenas de milhares de espécies de plantas e animais. Sem democracia, que pressupõe voto livre e secreto, não teríamos conseguido, mesmo que apenas durante alguns anos, reduzir nossa absurda desigualdade social.

Ao chegar aos 200 anos, o Brasil precisa pensar o que fará nos próximos 20 e poucos anos, quando o mundo precisará zerar o balanço das emissões de gases de efeito estufa para garantir que o aquecimento global permaneça dentro de limites minimamente seguros.

Ao chegar aos 200 anos, o Brasil precisa reconhecer suas verdadeiras riquezas. Elas não estão debaixo da terra. Estão sobre ela: são os brasileiros e a rica e ainda pouco conhecida natureza deste país-continente.


Este texto foi originalmente publicado por WWF Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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