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Rodolitos são nódulos formados por algas calcarias que, quando em grande quantidade, formam um dos mais diversos hábitats marinhos da plataforma continental brasileira

Por Alexandre Milanetti em Unifesp | Um banco de rodolitos com mais de 5 mil metros quadrados acaba de ser revelado e confirmado por pesquisadores do Instituto do Mar (IMar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Rodolitos são nódulos formados por algas calcarias que, quando em grande quantidade, formam um dos mais diversos hábitats marinhos da plataforma continental brasileira.

Os primeiros indícios da ocorrência desse novo hábitat na Ilha das Couves, localizada em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, foram obtidos durante as atividades impostas à Petrobras e executadas pela empresa Guará Vermelho, no contexto do licenciamento do Pré-Sal, Etapa 3.

Durante a análise dos relatórios apresentados, técnicos da Fundação Florestal de São Paulo se surpreenderam com os indicativos da presença de um local tão importante e, até então, nunca registrado, em águas tão rasas (cerca de seis metros de profundidade), em um dos locais mais visitados daquela região. “No momento que nossos técnicos se depararam com tal informação, salientamos o quão importante é o nosso trabalho e a aplicação das condicionantes ambientais pois, quando bem aplicadas, constituem uma ferramenta de grande valor para a gestão da biodiversidade e, portanto, para a nossa sociedade”, explica o biólogo Diego Hernandes, diretor regional da Fundação Florestal.

Para corroborar os primeiros indícios da ocorrência desse banco de rodolitos, a Fundação Florestal entrou em contato com pesquisadores do IMar/Unifesp que, no início deste mês de março, realizaram uma visita técnica no local e atestaram a ocorrência desse novo e importante atributo ecológico do litoral paulista.

Os resultados desta visita acabam de ser publicados em uma nota técnica conjunta entre o IMar/Unifesp e a Fundação Florestal. “Sermos reconhecidos como uma instituição competente e sempre disposta a contribuir com outras instituições em prol da ciência e conservação marinha é a nossa missão, e esse é mais um exemplo que a recente criação do nosso instituto foi uma política acertada”, comenta Igor Dias Medeiros, diretor do IMar/Unifesp, criado há quase uma década.

Banco de rodolitos da Ilha das Couves, uma estrutura de milhares de metros quadrados a 6 metros de profundidade e até então desconhecida por pesquisadores e gestores

A visitação à Ilha das Couves, orientada pela Portaria Normativa FF/DE nº 350/2022, é coordenada por um grupo de trabalho de gestão compartilhada, que envolve representantes das comunidades de Picinguaba, da Almada, do Estaleiro e Ubatumirim, além do trade turístico da região central do município. O rodízio envolve três turnos: manhã, das 8h às 12h; almoço, das 12h às 15h; e tarde, das 15h às 18h.

“A descoberta do banco de rodolitos, além de valorizar atributos ecológicos do nosso litoral norte paulista, também revela mais um atrativo turístico para o local. A riqueza e biodiversidade desse banco abre uma perspectiva para atividades de sensibilização ambiental, divulgação e educação científica, bem como ciência cidadã, possibilitando a reflexão sobre a importância ecológica dos bancos de rodolitos, envolvendo prioritariamente a comunidade local e operadores de turismo que atuam na região, promovendo a capacitação de monitores e pequenos empreendedores, convergindo com as ações de turismo de base comunitária atualmente em desenvolvimento”, explica o gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha do Litoral Norte da Fundação Florestal, o biólogo Márcio José dos Santos.

A descoberta também levanta uma série de perguntas científicas que devem ser tema dos próximos trabalhos do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha (LabecMar) do IMar/Unifesp. “Até 2019, quando registramos um banco de rodolitos anexo ao recife de corais da Ilha da Queimada Grande, litoral sul paulista, não se tinha conhecimento desses hábitats no litoral de São Paulo. Percebê-lo, recobrindo mais 5 mil metros quadrados, na Ilha das Couves, em uma profundidade de apenas seis metros, evidencia ainda mais a nossa carência de informações acuradas sobre a diversidade marinha. O Estado de São Paulo, no contexto das suas Unidades de Conservação Marinha, tem a oportunidade ímpar de sair na frente e dar exemplo a outros estados brasileiros nessa que é, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a Década dos Oceanos”, comenta Guilherme Pereira-Filho, professor, um dos coordenadores do LabecMar-IMar/Unifesp e também um dos pesquisadores que assina a nota técnica sobre a descoberta.


Este texto foi originalmente publicado pela Unifesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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