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O desmatamento em julho foi o pior mês da série histórica do Deter-B, apresentando alta de 278% em relação a julho do ano passado

Imagem editada e redimensionada de Dan Smedley, está disponível no Unsplash

O desmatamento na Amazônia cresceu 49,5% em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Os dados são do Deter, o sistema rápido de alertas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A série anual do Deter de 2019 foi encerrada ontem (5) pelo Inpe, que postou os dados na internet, no portal TerraBrasilis, como faz desde 2017. O desmatamento em julho foi o pior mês da série histórica do Deter-B, com 2.254 quilômetros quadrados de alertas – alta de 278% em relação a julho do ano passado. É mais do que o dobro do observado no pior mês do Deter até então, agosto de 2016, que havia registrado 1.025 km2 de alertas.

De agosto de 2018 a julho de 2019 (o desmatamento sempre é medido nos 12 meses de agosto de um ano a julho do ano seguinte), o Deter viu 6.833 quilômetros quadrados desmatados, contra 4.532 quilômetros quadrados no ano passado (agosto de 2017 a julho de 2018).

A taxa oficial da destruição será dada no fim do ano pelo sistema Prodes, também do Inpe. E mostrará um quadro ainda mais grave. Isso porque o Deter é um sistema “míope”, que não é feito para calcular a área desmatada, mas sim para orientar a fiscalização do Ibama. Para isso, ele faz detecções de desmatamento em tempo quase real, só que com resolução bem mais baixa que a do Prodes. Portanto, parte do desmatamento o sistema simplesmente não pega.

É muito difícil extrapolar dados do Prodes a partir do Deter, devido às diferenças de resolução. Mas, apenas como experimento mental, se o Prodes mostrar uma alta percentual equivalente à do Deter, o país verá um desmatamento de 11.200 km2 em 2019. Será a primeira vez desde 2008 que o número fica em cinco dígitos.

A explosão do desmatamento neste ano fez o ministro Salles repreender o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, e acelerar planos que nutria desde o começo do governo de contratar um novo sistema de sensoriamento remoto que ele possa controlar. A senha para a exoneração de Galvão aconteceu no último dia 19, quando Bolsonaro disse que os dados do Inpe eram mentirosos e que o diretor, um físico de 71 anos com doutorado no MIT, estaria “a serviço de alguma ONG”.

Na quinta-feira passada, Salles fez uma tentativa de descredenciar o Inpe, mostrando numa coletiva no Palácio do Planalto um PowerPoint que supostamente mostrava erros em 50% das detecções do Deter de junho. O Inpe jamais recebeu o estudo no qual a apresentação se baseava, para compará-lo ao Deter.

Galvão foi demitido no dia seguinte. Ontem (5) o governo anunciou seu substituto interino, o militar da Aeronáutica Darcton Policarpo Damião.

O sistema Deter foi criado em 2004 é considerado um dos responsáveis pela redução da velocidade do desmatamento da Amazônia – que caiu em 83% entre 2004 e 2012. Ele fornece alertas diários que são usados pelo Ibama para mandar equipes de fiscais a campo autuar desmatadores e impedir o crime ambiental. Segundo dados do MapBiomas Alerta, que usa imagens do Deter e de outros sistemas de detecção rápida, 95% do desmatamento da Amazônia é ilegal.

No governo Bolsonaro, porém, essa ação de fiscalização foi arrefecida, seguindo a ordem presidencial de “meter a foice no Ibama” e “tirar o Estado do cangote de quem produz” (sic). O número de operações do órgão na Amazônia caiu 70% entre janeiro e abril. O número de multas aplicadas pelo Ibama por desmatamento na Amazônia de janeiro a julho deste ano caiu 14% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pelo OC na base de dados do órgão.

O ataque do governo Bolsonaro não é o primeiro sofrido pelo Deter. Em 2008, quando os alertas de desmatamento também dispararam, o então governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, questionou publicamente o dado a partir de uma interpretação das imagens de satélite paga por ele. A checagem dos alertas in loco mostrou que o Inpe estava certo.



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