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Em “O Código da Biosfera”, pesquisadores apontam a necessidade de reflexão sobre os impactos dos algoritmos na biosfera para entender a responsabilidade explícita deles agora e no futuro

Você sabe o que é um algoritmo? Algoritmo é uma sequência de instruções definidas utilizada para realizar tarefas mecânica ou eletronicamente. É como se fosse uma receita culinária, só que bem mais complexa. No seu funcionamento, os algoritmos podem repetir passos predefinidos ou fazerem uso de decisões (levando em conta comparações ou lógica).

Os algoritmos são os códigos por trás de aplicativos, sites de busca, satélites, etc. É difícil que pessoas que não são da área de tecnologia da informação parem para pensar no poder dos algoritmos sobre nossas vidas. Atualmente, é difícil encontrar tarefas que não sejam mediadas por uma máquina. Da música ao sistema financeiro, todos os sistemas são impactados por essas sequências de instruções. Da pra imaginar que o meio ambiente não poderia ficar de fora dessa não é mesmo?

De acordo com os pesquisadores que escreveram o “O Código da Biosfera“, se não garantirmos o controle dos nossos algoritmos, eles podem resultar em uma destruição devastadora do meio ambiente.

Mas como isso pode acontecer?

Um dos exemplos citados no manifesto sobre “O Código da Biosfera” foi uma falha silenciosa em satélites de monitoramento. Segundo o texto, o buraco na camada de ozônio foi ignorado pelos satélites por quase uma década antes de ter sido descoberto em meados dos anos 1980. As concentrações extremamente baixas de ozônio registradas pelos satélites de monitoramento estavam sendo interpretadas como valores atípicos pelos algoritmos e, portanto, descartadas, o que atrasou a nossa resposta por uma década para uma das mais graves crises ambientais da história humana.

As ações humanas têm grande impacto no meio ambiente, e os algoritmos também estão moldando a biosfera. Como? Algoritmos apoiam a infraestrutura tecnológica global que extrai e desenvolve os recursos naturais, como minerais, alimentos, combustíveis fósseis e recursos marinhos vivos. Eles facilitam os fluxos do comércio global de commodities e, com eles, forma-se a base de tecnologias de monitoramento ambiental, como satélites que medem os níveis de desmatamento e de degradação ambiental.

“Temos algoritmos para praticamente tudo: desde os que servem para monitorar nosso meio ambiente até os que geram modelos financeiros de risco; existem até algoritmos que avaliam a quantidade de peixes e determinam onde iremos pescar”, afirma Victor Galaz, um dos autores do manifesto sobre “O Código da Biosfera” e pesquisador do Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suécia.

Além disso, algoritmos incorporados em dispositivos e serviços afetam nosso comportamento – o que compramos e consumimos e como viajamos, com efeitos indiretos, mas potencialmente fortes sobre o meio ambiente.

“O Código da Biosfera”

codigo da biosfera

Por isso, a proposta dos cientistas que estão envolvidos com o manifesto é explorar e criticamente discutir as maneiras pelas quais a revolução algorítmica – impulsionada por aplicativos como inteligência artificial, aprendizado de máquina, logística, sensoriamento remoto e modelagem de risco – está transformando a biosfera, e, a longo prazo, a capacidade da Terra de suportar o desenvolvimento humano.

Os pesquisadores definiram, no manifesto “Código da Biosfera”, sete princípios éticos e metodológicos, para que os algoritmos passem por exames mais cuidadosos antes de sua implementação. O manifesto foi desenvolvido por um grupo de acadêmicos, artistas, hackers, empreendedores, desenvolvedores de games, ativistas, filósofos e ecologistas. De acordo com o documento, há a necessidade de que mais desenvolvedores de software analisem os possíveis impactos dos algoritmos que criam.

Alguns impactos podem ser indiretos e tornam-se visíveis somente após um tempo considerável. Isso leva à previsibilidade limitada nos estágios iniciais e ainda posteriores de desenvolvimento algorítmico. Por esse motivo, principalmente com relação a algoritmos que manejam os recursos naturais, eles devem ser abertos, maleáveis e fáceis de manter. Eles devem permitir a implementação de novas soluções criativas para desafios urgentes. Segundo os pesquisadores, os algoritmos devem ser projetados para serem transparentes com relação a funcionamento e resultados, a fim de fazer erros e anomalias evidentes o mais cedo possível e torná-las “corrigíveis”. Isto aplica-se tanto a acessibilidade dos seres humanos de alterarem o algoritmo em caso de emergência quanto à capacidade do algoritmo de alterar seu próprio comportamento, se necessário.

Além disso, o ecossistema está em constante mudança, e se o algoritmo permanecer fixo, erros graves podem acontecer. Para evitar isso, eles devem ser projetados para observarem e se adaptarem a mudanças nos recursos que afetam e ao contexto em que atuam para minimizar o risco de danos.

Há a necessidade de atenção, principalmente no desenvolvimento de algoritmos de autoaprendizagem que podem aprender e fazer previsões sobre os dados. Esses algoritmos não só devem ser projetados para melhorar a eficiência (por exemplo, maximizando a produção de biomassa em florestas, agricultura e pescas). Eles também devem incentivar a capacidade de resistência a eventos inesperados e garantir um fornecimento sustentável dos serviços essenciais dos ecossistemas dos quais a humanidade depende.

“Usando algoritmos do jeito certo, podemos aperfeiçoar as coisas para que sejam mais resilientes”, explica Anders Sanberg, pesquisador do Instituto do Futuro da Humanidade da Universidade Oxford. “Você pode aperfeiçoar as coisas para usarem menos recursos ou para descobrir quando algo está dando errado para que as pessoas possam ter ciência do problema com maior agilidade”.

Os algoritmos podem nos ajudar a melhor monitorar e responder às mudanças ambientais. Em suma, os algoritmos devem encorajar o que chamamos de inovação ecologicamente responsável. O objetivo é melhorar a vida humana com a minimização da degradação dos ecossistemas que sustentam a vida.

Saiba mais sobre o manifesto no vídeo do Stockholm Resilience Centre TV (em inglês).



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