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A restauração ambiental evita a erosão dos rios e aumenta a qualidade da água

O estado do Espírito Santo enfrentou uma severa crise hídrica entre os anos de 2014 e 2020. Nos primeiros anos dessa estiagem, a média de chuvas foi 65% inferior à média histórica, e no pior ano da crise, 2015, choveu menos da metade do esperado.

Para tentar reduzir os impactos da seca e aumentar a segurança para o abastecimento de água, o governo do estado lançou um programa para a construção de barragens e reservatórios de água em todo o estado. Recursos para infraestrutura convencional, ou “cinza”, como barragens e estações de tratamento, são importantes, mas insuficientes diante das mudanças climáticas. O estado pode ter investimentos mais promissores se vierem acompanhados da implementação da infraestrutura natural, ou “verde”.

Nesse contexto, a recuperação de áreas degradadas através da restauração de paisagens florestais é uma grande aliada dos reservatórios e estações de tratamento. Um novo estudo publicado pelo WRI Brasil e parceiros mostra que a restauração de paisagens e florestas nas áreas de mananciais – aqui chamada de infraestrutura natural – pode gerar 50% mais benefícios econômicos para as empresas de abastecimento, estado e população em geral quando executada junto com a infraestrutura convencional.

Os benefícios econômicos da restauração no Espírito Santo

O estudo “Infraestrutura Natural para Água na Região Metropolitana da Grande Vitória” é o terceiro relatório publicado pelo WRI Brasil e parceiros sobre os resultados econômicos da restauração florestal no abastecimento de água. Os dois anteriores, referentes às regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, já mostravam evidências desses benefícios econômicos.

Em uma paisagem degradada ou com solo enfrentando processos severos de erosão, uma grande carga de sedimentos – terra e sujeira, por exemplo – acaba indo para os rios e reservatórios. Isso aumenta os custos de dragagem e acarreta maior uso de produtos químicos no tratamento da água, além de diminuir a vida útil dos reservatórios. Ao restaurar florestas nessas paisagens degradadas, as árvores evitam que grande parte dos sedimentos chegue aos cursos d’água, funcionando como barreiras naturais, e economizando o uso de produtos químicos e energia nas estações de tratamento.

O estudo mostrou que, no Espírito Santo, a restauração de 2,5 mil hectares de pastagens degradadas nas bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que atendem a Grande Vitória, reduziria uma quantidade suficiente de sedimentos para gerar economia de R$ 93 milhões ao longo de 20 anos para a companhia de abastecimento, a Cesan.

Essa restauração exigiria um investimento de R$ 34,1 milhões, deixando um saldo positivo de R$ 58,8 milhões com uma taxa interna de retorno de 13,9%, o que é compatível com as operações de infraestrutura convencional. Investir nas florestas começaria a dar retorno em cerca de 11 anos, quando as árvores plantadas estão maduras o suficiente para reter o sedimento.

Para além do retorno econômico, os benefícios em redução de poluição e de energia também são relevantes. Por exemplo, olhando apenas uma das bacias analisadas, a do rio Jucu, a restauração reduziria a descarga de 1,8 mil toneladas de sedimento por ano nos rios. É o equivalente a deixar de jogar a carga de 40 caminhões-caçamba nos rios todos os anos.

Com menos sedimentos a serem tratados em reservatórios e corpos d’água nas duas bacias, a Cesan poderia evitar o uso de 35 mil toneladas de produtos químicos e economizar 19,5 Gwh de energia elétrica ao longo dos 20 anos, o equivalente à média de consumo de energia domiciliar de 130 mil famílias em um mês.

Espírito Santo na vanguarda da restauração

O Espírito Santo é um estado que já está na vanguarda da restauração. O estado se comprometeu na Iniciativa 20×20 com uma meta de restaurar 80 mil hectares de florestas até 2030. Há recursos para cumprir essa meta. O estado já tem reservado cerca de R$ 21 milhões para investir em conservação e restauração de florestas por meio de uma série de programas, incluindo o Programa Reflorestar, o maior programa subnacional de restauração, que direciona recursos para proprietários rurais fazerem a restauração e conservarem florestas. O estudo recomenda que parte desse recurso seja investido nas áreas prioritárias das bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, por potencializar os resultados positivos da restauração florestal na melhoria da qualidade da água.

O destaque se dá também em outras medidas, como na aplicação da metodologia ROAM para identificar oportunidades de restauração, nos ajustes do marco legal da restauração para reduzir barreiras e na criação de um plano estadual de silvicultura de espécies nativas da Mata Atlântica. As ações vão além da atuação do governo do Estado, como é o caso no Norte Capixaba, onde comitês de bacias vinculados à Agência Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo elaboraram seus planos de ação para implementação da restauração juntamente com atores locais e estão mobilizados para atrair e aplicar os recursos, para capacitar pessoas, e assim beneficiar as famílias rurais.

A Cesan, companhia de abastecimento do estado, e outras instituições e pessoas podem unir esforços com suas próprias iniciativas e serem envolvidas nesses programas, dada a importância que a restauração de paisagens florestais tem para a qualidade da água, como mostra o estudo.

Soluções baseadas na natureza

Reservatórios e Estações de Tratamento são muito importantes para assegurar a quantidade e qualidade de água à conveniência da população. No entanto, a melhoria da qualidade da água na sua fonte só se pode ser alcançada com a reabilitação da paisagem através da restauração das florestas. O estudo mostra que a infraestrutura convencional pode ser mais efetiva se vier acompanhada de investimentos em infraestrutura natural – como a restauração de paisagens e florestas.

Essa é uma importante tendência rumo a uma economia de baixo carbono: apostar em Soluções baseadas na Natureza pode ajudar a combater as mudanças climáticas, proteger as bacias hidrográficas e a biodiversidade, e melhorar o bem-estar humano. O WRI Brasil, por meio de iniciativas como a Aliança Bioconexão Urbana e o Cities4Forests, vem trabalhando para mostrar que essas soluções verdes são fundamentais para a retomada da economia com resiliência e sustentabilidade. O estado do Espírito Santo e os municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória têm muito a ganhar ao embarcar numa economia da restauração.


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