A expressão “mais humana”, como definida por Darwin, pode ser partilhada por outros animais — as galinhas
Uma pesquisa publicada na quarta-feira (24) descobriu que as galinhas compartilham uma reação em comum com os seres humanos — os animais ruborizam quando ficam emocionados. Os pesquisadores de vários institutos franceses e da Universidade de Tours comprovaram que as galinhas afofam as penas faciais e coram em resposta a estímulos variados.
Para comprovar esse fato, 18 galinhas de diferentes raças foram analisadas no Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola da França (INRAE). Os animais foram filmados para que suas expressões fossem monitoradas em três cenários diferentes: ao viverem o seu dia-a-dia na fazenda; quando eram capturados e detidos por uma pessoa; e quando receberam um alimento atraente.
Foi descoberto que, quando relaxadas e contentes, as galinhas exibiam penas fofas na cabeça. Quando eram perseguidas, capturadas e detidas, a cor da pele facial das galinhas ficou profundamente vermelha, indicando um estado de excitação negativa. E, quando consumiam o alimento, a pele facial corava menos profundamente.
Os pesquisadores acreditam que essa mudança sutil na cor da pele, de vermelho claro para vermelho profundo, pode ser interpretada como revelando uma gama de excitação positiva a negativa nas aves.
“Nossa pesquisa mostra que as galinhas domésticas são sensíveis e têm maneiras muito sutis de expressar suas emoções”, disse à CNN a colíder do estudo, Aline Bertin, pesquisadora do INRAE.
“Nos humanos, o rubor é frequentemente associado à vergonha ou constrangimento, mas também aparece na expressão de uma série de emoções, como raiva ou alegria. Embora as emoções de uma galinha não sejam diretamente comparáveis às experimentadas pelos humanos, mostramos que elas também ficam vermelhas em segundos durante emoções fortes”, completou a especialista.
O ato de ruborizar, ou corar, é uma reação do dilatamento dos vasos sanguíneos da pele do rosto. Anteriormente, acreditava-se que os seres humanos eram os únicos animais capazes de demonstrar emoções pela ruborização, com Charles Darwin definindo-a como “a mais peculiar e a mais humana de todas as expressões”.
No entanto, a recente descoberta publicada no jornal PLOS ONE, evidenciou que essa reação pode ser compartilhada por animais muito diferentes da raça humana — tão diferentes, de fato, que são comumente consumidos por boa parte da população mundial.
“Concluímos que as galinhas têm expressões faciais que revelam as suas emoções e que o rubor não é exclusivo dos humanos. Isso abre um caminho promissor para explorar a vida emocional das aves, o que é um passo crítico quando se tenta melhorar o bem-estar das aves”, escrevem os investigadores no artigo.