Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Objetivo é angariar recursos para as ações das agendas climáticas de países em desenvolvimento. No Hub, pesquisadores alertam para a urgência de reverter a curva de crescimento das emissões brasileiras

Por Sharm El-Sheikh, Egito, em IPam Amazônia | No dia em que as principais negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) estiveram dedicadas às finanças, abordando diferentes aspectos do ecossistema de financiamento climático, o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, anunciou um novo plano para angariar recursos para as ações das agendas climáticas dos países em desenvolvimento.

De acordo com o americano, o novo plano de compensação de carbono ajudaria os países em desenvolvimento a acelerar sua transição para longe dos combustíveis fósseis. Kerry anunciou o lançamento de um instrumento destinado a agir como um catalisador para o capital privado acelerar a transição de energia limpa nos países em desenvolvimento, o Acelerador de Transição de Energia.

‘Novo plano energético poderia gerar 12 milhões de empregos no Brasil’

Também durante o chamado Dia das Finanças, foram lançados, pela OPEC Fund, Islamic Development Bank, SEforAll e IRENA, pacotes multimilionários relacionados à transição energética, especialmente para financiamento e aceleração, que somados passam de 500 bilhões de dólares. “O Brasil tem uma oportunidade de ouro agora com o novo governo eleito. Uma vez que há riscos se mantivermos um modelo energético refém dos combustíveis fósseis, como gás e petróleo. O Brasil deve buscar intensivamente uma guinada, com uma nova política energética, e ser um super produtor de energia renovável, especialmente hidrogênio verde que o mundo e o próprio país necessitam”, afirmou Luiz Ormay Júnior, coordenador jurídico do Instituto Internacional Arayara, especialista em energia.

Durante os eventos do Brazil Climate Action Hub desta quarta-feira (9/11), a transição energética foi o tema do painel “Transição (realmente) justa: a transformação energética nas cidades” e “Racismo Energético e Ambiental – Soluções a partir da Transição Energética Justa, Popular e Inclusiva”. Mais detalhes dos eventos do HUB abaixo.

Financiamento e Implementação foram temas principais 

O Brazil Climate Action Hub, espaço da sociedade civil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), dedicou a quarta-feira (9) à temática de “Financiamento e Implementação”, discutindo maneiras de colocar em prática as metas definidas no Acordo de Paris, em 2015. O que inclui a importante decisão sobre como será paga a conta da transição para uma sociedade de baixo carbono. No decorrer do dia foi apresentado o balanço das emissões nacionais de gases de efeito estufa na última década, a classificação dos tipos de atividades econômicas e projetos sustentáveis conforme seus riscos e impactos, o papel da filantropia no financiamento da ação climática e a justiça social como forma de enfrentamento do racismo energético .

Os eventos

Brasil está se distanciando das metas da Política Nacional sobre Mudança do Clima e do Acordo de Paris

As emissões de gases do efeito estufa no Brasil cresceram 43%, em vez de diminuírem, desde a implantação da política nacional de mudanças climáticas, em 2010. O balanço da plataforma SEEG, primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais de emissão para toda a economia, foi debatida no painel que abriu a sequência de eventos no Brazil Hub nesta quarta-feira. Especialistas do Observatório do Clima apresentaram os dados de como o Brasil foi no sentido contrário do prometido quando se trata de suas emissões de gases de efeito estufa.

“O Brasil precisa reverter essa curva rapidamente”, disse Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, base de dados que cobre cinco setores: Agropecuária, Energia, Mudança de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos. “Se atingirmos as metas de redução de desmatamento e implementação da agricultura de baixo carbono, é possível chegar não apenas à meta de emissões líquidas abaixo de 1,28 GigaTonelada, como podemos chegar à meta que o próprio Observatório do Clima propôs em 2015, de 1 GigaTonelada, no máximo, em 2030. É plenamente factível”, afirma Azevedo.

A transmissão está disponível online aqui.

Taxonomia verde: lições internacionais e caminhos para o Brasil

Classificar atividades econômicas, tecnologias e projetos com impacto ambiental e social positivo e identificar aqueles com riscos e impactos inaceitáveis no curto, médio e longo prazo são ações fundamentais para dar segurança a investidores e instituições concedentes de crédito. Assim, é possível assegurar que as atividades serão capazes de produzir impacto efetivo à luz de indicadores objetivos.
O painel apresentou o relatório Taxonomia Verde, um projeto de monitoramento do setor financeiro com recomendações e lições a partir das experiências da União Europeia, Colômbia, Indonésia e China, e de iniciativas globais de instituições que elaboram indicadores sobre o capital natural. Os dados sinalizam aos setores econômicos ou grandes empresas presentes nas carteiras de investimentos ou de crédito quais projetos devem deixar de ser financiados, quais seriam os prioritários e aqueles que estão a caminho da transição para um modelo de negócios sustentável.

#PhilanthropyForClimate: Um movimento global da filantropia para enfrentar a crise climática

Entendida como destinação de recursos privados para a produção do bem comum, a filantropia sempre foi fundamental para a efetivação de transformações sociais, ambientais e culturais na sociedade. No momento de emergência climática e necessidade de descarbonização da economia, a filantropia tem papel importante a cumprir. “Do dinheiro da filantropia que vai para o clima, só 2% dos recursos vão para ações de mitigação climática. E apenas 5% dessa fatia são destinados à agricultura e a sistemas alimentares. Ou seja, é quase nada”, diz Alice Amorim, coordenadora Global do Philanthropy for Climate Movement e moderadora do painel ocorrido no Brazil Hub nesta quarta-feira (9).
Há muito espaço para crescer, diz Alice. Sobretudo a filantropia de base comunitária, que entende os territórios nos quais ocorrem as ações de descarbonização na agricultura e sistemas alimentares, e onde há falta de clareza sobre as políticas públicas e o investimento dos países.

Estratégias dos Estados Latino-Americanos para alcançar os compromissos de Paris pela perspectiva das alianças climáticas

A cada dia a atuação regional se mostra mais estratégica para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a adaptação às mudanças do clima. Os compromissos são um importante passo para avançar nas metas climáticas, mas como os estados podem de fato atuar para a implementação de ações conjuntas e paralelas? Esta foi a pergunta central debatida no painel que contou com a participação de lideranças para discutir as estratégias desenvolvidas para o avanço dos estados, e o que ainda precisa ser impulsionado para implementação desta agenda. Clique aqui para acessar a transmissão do painel.

Transição (realmente) justa: a transformação energética acontece nas cidades

As parcerias entre todos os níveis de governo e setores pode ser o caminho para superar desafios na implementação de uma transição energética inclusiva, equitativa e que promova a justiça climática. Ao fortalecer a segurança energética, os territórios têm a oportunidade de combater a pobreza energética, aumentar a resiliência, incentivar a inovação, criar empregos verdes e gerar renda, entre outros benefícios.

A visão foi compartilhada por prefeitos, secretários municipais e de Estado do Brasil, representantes da sociedade civil e de empresas privadas que participaram do debate “Transição (realmente) justa: a transformação energética acontece nas cidades”. A iniciativa do ICLEI América do Sul no Brazil Hub também jogou luz sobre ações adotadas no país e pela Comissão Europeia. A transição energética justa é a chave para atingir as metas do Acordo de Paris. Confira a integra do debate.

Racismo Energético e Ambiental – Soluções a partir da Transição Energética Justa, Popular Ambiental e Inclusiva

A transição energética justa vai muito além de assegurar direitos dos trabalhadores. Começa com a promoção da economia regenerativa, o incentivo à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a descentralização e a geração de energia barata e diversa. E trata ainda de direitos humanos, do racismo ambiental e energético, uma vez que os projetos de exploração, transporte e geração de energia normalmente expõem as minorias étnicas à degradação ambiental, aumentando a exclusão energética.
Outros temas debatidos durante o último painel do dia, sobre transição energética justa, popular e inclusiva, foram os impactos territoriais de projetos de energias fósseis e o aumento tarifário da eletricidade, além do papel da energia solar distribuída como solução para a inclusão energética em comunidades remotas e isoladas na Amazônia. A transição energética, quando realizada de uma forma estrutural, é uma oportunidade de atacar o racismo ambiental e energético.

Sobre o Brazil Climate Action Hub

O Brazil Climate Action Hub foi criado para a COP25, em Madri, 2019, a fim de garantir a presença da sociedade civil brasileira no debate climático internacional. Naquele ano, por decisão do governo Bolsonaro, o Brasil ficou sem estande oficial. O Hub se tornou uma referência do país na Conferência, com apresentação de estudos, iniciativas, soluções e experiências de políticas públicas que já estavam sendo desenvolvidas pela sociedade civil brasileira para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.
Em 2021, em Glasgow, o Brazil Hub se consolidou como espaço da sociedade brasileira. Foi palco de mais de 50 eventos, além de reuniões bilaterais, evidenciando causas e abordagens macro, para além dos temas e agendas específicas das organizações que participaram das iniciativas. A pluralidade e a diversidade foram a marca do Hub, que reuniu representantes de organizações ambientalistas e participantes dos movimentos negros, quilombolas, indígenas, das juventudes e de famílias, além de políticos, empresários, cientistas, artistas e jornalistas

👁️De olho na programação do Hub (10/11/2022)

Ambição climática dos países BRICS | 10h às 11h (Egito) / 5h às 6h (horário de Brasília)

Acordo UE-Mercosul e Regulamento de importação livre de desmatamento: desafios para o Cerrado e para a discussão de salvaguardas | 11h30 às 12h30 (Egito) / 6h30 às 7h30 (horário de Brasília)

Aliança Brasil-RD do Congo-Indonésia (BICS) para uma governança florestal justa e sustentável | 13h às 14h (Egito) / 8h às 9h (horário de Brasília)

Aproveitando o poder da lei para garantir o alinhamento dos compromissos climáticos, corporativos e financeiros com o Acordo de Paris: Desenvolvimentos e Oportunidades no Brasil e no Exterior | 14h15 às 15h15 (Egito) / 10h15 às 11h15 (horário de Brasília)

A Justiça Climática e os Tribunais: A Proteção dos Direitos Humanos no Contexto da Crise Climática | 15h20 às 17h (Egito) / 10h20 às 12h (horário de Brasília)

A NDC que temos, que queremos e que podemos | 17h15 às 18h15 (Egito) / 12h15 às 13h15 (horário de Brasília)

“O Território”: Cinema e Ativismo pela Proteção Indígena | 18h30 às 20h30 (Egito) / 13h às 15h30 (horário de Brasília)

Este texto foi originalmente publicado por IPam Amazônia de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais