Brasileira JBS é líder de emissões globais na produção de carne e derivados
Três empresas produtoras de carne – JBS, Cargill e Tyson – emitiram mais gases de efeito estufa em 2016 do que toda a França e quase a mesma quantidade que algumas das maiores companhias de petróleo, como Exxon, BP e Shell. Poucas companhias de carne e laticínios calculam ou publicam suas emissões climáticas. Assim, pela primeira vez, foram estimadas emissões corporativas do gado, usando a metodologia mais abrangente criada até o momento pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O feito foi realizado pela ONG Grain e pelo Institute for Agriculture & Trade Policy (IATP).
As emissões dessas empresas podem levar a humanidade a um ponto sem retorno. Foi estimado que as 20 maiores empresas de carne e lácteos emitiram mais gases com efeito de estufa em 2016 do que toda a Alemanha, de longe o maior poluidor do clima da Europa. Se essas empresas fossem um país, elas seriam o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Agora está claro que o mundo não pode evitar uma catástrofe climática sem abordar as emissões surpreendentes dos maiores conglomerados de carne e laticínios.
Ao longo das últimas décadas, empresas de carnes e de produtos lácteos tornaram-se imensamente poderosas e emplacaram com sucesso as políticas para apoiar o rápido crescimento da produção e consumo de carne e produção industrial relacionada em todo o mundo. Uma conseqüência, entre outras, é que a produção de gado agora contribui com quase 15% das emissões globais de gases de efeito estufa, mais mesmo do que o setor de transporte. Se a produção continuar a crescer conforme previsto pela FAO, as emissões aumentarão até o ponto em que a produção industrial de carne e leite só prejudicará nossa capacidade de manter as temperaturas longe de um cenário apocalíptico.
Após criticar os subsídios e o modelo de exportação que prejudica pequenos agricultadores a Grain e a IATP afirmam: “Se somos sérios sobre alimentar o planeta enquanto lutamos contra as mudanças climáticas, o mundo precisa investir urgentemente em uma transição para sistemas alimentares que dependam de pequenos produtores, agroecologia e mercados locais. Esses sistemas preveem níveis moderados de produção de carne e produtos lácteos, mas fazem isso de forma a regenerar os solos, proporcionam meios de subsistência às comunidades rurais e urbanas e tornam as culturas e os animais resilientes aos caprichos de um clima imprevisível”.
“As soluções existem; elas só precisam ser implementados com urgência. O primeiro passo é redirecionar o dinheiro público da agricultura industrial e do agronegócio para as fazendas familiares agroecológicas em pequena escala. Os governos também devem usar seu poder de compra para apoiar pequenos produtores, ajudando-os a criar empregos e mercados para produtos locais. À medida que inúmeras cidades fazem escolhas energéticas para combater as mudanças climáticas, também os municípios devem investir em programas que levem o alimento da fazenda para hospital e da fazenda para escola, que ofereçam alimentos mais saudáveis e fortaleçam as comunidades rurais enquanto emitem menos gases de efeito de estufa”, completa o texto.
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