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Paulo Sinisgalli chama a atenção para o fato de que a ideia central da economia ecológica é mostrar que há limites biofísicos para as atividades econômicas

Por Alessandra Ueno em Jornal da USP | O desenvolvimento econômico comumente é atrelado somente ao aumento de capital. Porém, para a economia ecológica, não é bem assim. Um dos principais economistas ecológicos é Nicholas Georgescu-Roegen, considerado o fundador dessa vertente econômica.

“Antes de responder ‘o que é economia ecológica’, precisamos pensar na situação atual do mundo e como os limites do crescimento econômico foram percebidos na década de 60, início da de 70. Um autor importante é o Georgescu-Roegen, escritor do livro A Entropia e o Processo Econômico, que mostra a relação importante entre a economia e os limites biofísicos ou termodinâmicos da atividade econômica no mundo”, explica Paulo Sinisgalli, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. 

Entropia é uma grandeza termodinâmica muito relacionada à física e à química e corresponde ao grau de desordem de um sistema. Por exemplo, o aumento de temperatura faz o gelo derreter até ele mudar de estado e isso pode ser considerado um aumento da entropia. Para Georgescu, as atividades humanas utilizam recursos de baixa entropia e liberam os de alta. Assim, existe muita energia dissipada e tudo isso ocorre de forma muito rápida, apenas dependendo da demanda econômica, sem o equilíbrio com o ambiente.

Conceito

Paulo Antônio de Almeida Sinisgalli – Foto: Arquivo Pessoal

“A ideia central da economia ecológica é mostrar que a gente tem limites biofísicos para as atividades econômicas. A dificuldade maior é mostrar essa inversão de valores, essa inversão de postura, com relação à atividade econômica. Para se ter uma sustentabilidade, é importante reverter essa visão de mundo”, coloca Sinisgalli. A economia ecológica busca mostrar a inter-relação entre o meio ambiente e a produção. Por exemplo, o desenvolvimento econômico não dependeria do quanto você explora, mas sim como e se há ou não respeito aos limites biológicos, físicos e químicos da natureza. “A ideia é que não há necessidade de ampliar a biblioteca, mas é possível melhorar os livros que nela são colocados”, acrescenta.

O conceito não para no quanto se pode explorar, mas também envolve o quanto se pode poluir: “Ele se preocupa com esses limites biofísicos tanto no uso dos recursos pela economia quanto no despejo de resíduos no meio ambiente”.

Importância

Quando se pensa em problemas ambientais, o tráfico ilegal de fauna e flora e o desmatamento são dois dos pontos importantes. A economia ecológica também pode influenciar de maneira positiva na redução da prática dessas atividades: “A economia ecológica vê muito claramente a necessidade de estabelecer as condições mínimas necessárias para manutenção da qualidade de vida: se a gente sabe que a floresta amazônica representa uma fonte importante de água para o Cerrado, para o abastecimento, para a produção agrícola, é esse reconhecimento, esse olhar sistêmico que faz com que a economia ecológica veja a importância desse meio. Sobre o tráfico da fauna e flora, para poder garantir o serviço ecossistêmico é importante que haja uma restrição desse mercado. Por exemplo, a escassez de um determinado bem acaba elevando o seu preço no mercado, fomenta esse comércio ilegal. Pensando nisso, a gente precisa de alertas, conscientização e mecanismos de controle”.

Mas, além do foco ambiental, essa vertente também se relaciona com políticas públicas voltadas ao social, como explica Sinisgalli. Ele complementa: “É importante estabelecer claramente os limites de uso dos recursos, da capacidade de suporte do meio, da capacidade de absorção dos resíduos e, a partir disso, estabelecer a atividade econômica e, principalmente, pensar numa distribuição equitativa e justa das riquezas geradas atualmente e para as gerações futuras”.

“Essa economia é um sistema que está envolvido pela questão social e ela está envolvida pelo ambiente. Ou seja, é como uma cebola: a parte central é a economia, no entorno tem a sociedade e por fora tem o ambiente”, analisa o professor.

Dificuldades

Porém, por mais que os objetivos da economia ecológica sejam bons, isto é, em prol da manutenção de um equilíbrio entre meio ambiente e crescimento econômico, ela ainda enfrenta dificuldades.

“A dificuldade principal da economia ecológica é você demonstrar esse aspecto, mudar um pouco a visão do mundo, que é, basicamente, pensar que o mercado pode solucionar as questões ambientais”, pontua o especialista. Ele ainda acrescenta: “Uma das dificuldades da economia ecológica é encontrar modelos que sejam bastante consistentes e que consigam mostrar como as interações ruins entre economia e ecologia podem levar a situações bastante críticas, caso não sejam revertidas”.

Este texto foi originalmente publicado pela Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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